Economia

Faturamento da indústria recua 0,9% em Minas

Faturamento da indústria recua 0,9% em Minas
O faturamento da indústria extrativa acumula uma expansão de 36,3% de janeiro a abril no Estado | Crédito: Daniel Mansur

O faturamento da indústria geral recuou 0,9% em abril, ante março, em razão da queda de 2,6% na indústria de transformação. Em contrapartida, o indicador registrou avanço de 41,4% frente a abril de 2020, reflexo da expansão nos dois segmentos da indústria: extrativo (39,5%) e de transformação (41,9%). Os dados são da Pesquisa Indicadores Industriais (Index), da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

A analista de Estudos Econômicos da Fiemg, Julia Silper, explica que o que motivou a queda no faturamento na indústria de transformação foi a dificuldade de venda e a aquisição de insumos. “A geração de empregos, a carga horária elevada ajudaram na produção, porém alguns setores tiveram dificuldades de aquisição de matéria-prima e escoamento dessa produção. Em Minas, o comércio fechado devido à onda roxa também prejudicou muito a venda desses produtos”, avaliou.

Conforme dados da pesquisa, no primeiro quadrimestre, o índice geral no faturamento aumentou 21,1%, em virtude das elevações nas indústrias extrativas (36,3%) e de transformação (18,8%). Nos últimos 12 meses, o faturamento mostrou crescimento de 8,4%.

“A indústria extrativista, do aço e do minério de ferro também tem mostrado bons resultados. Há uma percepção de continuidade de crescimento, principalmente com esse ciclo ligado às commodities”, opina.

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De janeiro a abril, os indicadores de atividade – horas trabalhadas na produção e utilização da capacidade instalada – cresceram em relação a igual período de 2020. As horas trabalhadas da indústria geral aumentaram 1,4% em abril, frente a março, reflexo do avanço de 1,3% na indústria extrativa.

O índice geral cresceu 32,2% ante abril de 2020, em razão das expansões nos segmentos extrativos (14,1%) e de transformação (34,4%). De janeiro a abril, as horas trabalhadas da indústria geral cresceram 10,4%, em decorrência das elevações de 9,1% na indústria extrativa e de 10,5% na indústria de transformação. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador geral aumentou 0,9%.

“Vale ressaltar que as medidas de distanciamento social impostas para conter o avanço da Covid-19 em meados de março e em abril do ano passado tiveram mais adesão que neste ano, causando redução ou mesmo suspensão das atividades em diversos setores da indústria no ano passado”, relembra a economista.

Ainda de acordo com a pesquisa, o emprego da indústria geral mostrou elevação de 1% em abril, ante março, reflexo dos aumentos nas indústrias extrativa (0,9%) e de transformação (1%). O índice geral cresceu 6,2% frente a abril de 2020, em razão dos avanços de 11% na indústria extrativa e de 5,7% na indústria de transformação. O índice aumentou 1,1% no primeiro quadrimestre, puxado pelas expansões nos segmentos extrativo (7,9%) e de transformação (0,5%). Nos últimos 12 meses, o índice recuou 1,5%.

“Nos próximos meses, a superação da pandemia de Covid-19, por meio da vacinação em massa, será o fator primordial à retomada da economia. Para a indústria, a perspectiva é de crescimento, ainda que de forma desigual entre os setores”, reforça a economista Julia Silper.

Para a economista, atividades relacionadas ao ciclo de commodities, como a extrativa e a metalúrgica, devem registrar melhor desempenho, “enquanto as atividades mais dependentes do emprego e da renda, como a produção de bens de consumo duráveis, devem apresentar resultados mais modestos até o fim deste ano”, complementa a economista.

Governo discute redução voluntária em uso de energia

São Paulo – O Ministério de Minas e Energia teve reunião com representantes de segmentos da indústria na sexta-feira (4) para discutir possíveis ações que poderiam ser adotadas para redução voluntária da demanda por parte de empresas com grande consumo de eletricidade.

As conversas ocorrem em meio a uma crise hídrica histórica que tem pressionado o sistema de geração do Brasil, fortemente dependente de hidrelétricas.

A pasta disse em nota que vai liderar esforços visando a “soluções emergenciais e estruturais” para essas medidas, conhecidas como “resposta da demanda” entre técnicos do setor.

No encontro, a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) propôs “elaboração de um plano de ação com propostas que possam contribuir para a capacidade de resposta da indústria e para aumentar as ações de eficiência energética”, segundo o ministério.

Já a Abrace, que representa indústrias com grande consumo elétrico, “destacou a importância de se buscar mecanismos voluntários” para que o setor reduza sua demanda, “sem afetar a competitividade”.

O Brasil tem tentado desde 2018 emplacar um programa piloto de resposta da demanda, pelo qual indústrias poderiam receber pagamentos em dinheiro em troca de uma redução do consumo em determinados momentos do dia, com o desligamento de máquinas, por exemplo.

A iniciativa piloto, lançada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no entanto, teve pouca adesão de empresas até o momento devido a problemas no mercado de curto prazo de energia, por meio do qual ocorreriam os pagamentos.

O governo chegou a tentar ampliar a adesão da indústria ao programa no final de 2020, já em meio a chuvas fracas na região das hidrelétricas, mas a ideia agora deverá ser retomada.

Alerta ligado – A consultoria especializada em energia PSR disse em relatório nesta semana que “a situação de suprimento energético em 2021 é preocupante, mas ainda não alarmante”.

Diante do quadro crítico de falta de chuvas, a PSR projetou que as hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, que possuem os maiores reservatórios, devem chegar ao final de novembro, início da época de chuvas, com 21% da capacidade em um cenário conservador e 10% em um cenário de “estresse”.

A empresa disse que suas simulações não resultaram em déficits de energia ou potência, mas sugeriu que o governo acelere a implementação de um programa de resposta da demanda para ajudar na gestão da oferta.

A PSR também disse que o governo deveria realizar “campanhas de esclarecimento à população, informando sobre a crise hídrica, e induzir o consumo de energia de forma consciente”.

Outra medida apontada pela PSR para gestão pelo lado da demanda seria o acionamento permanente por algum período da chamada bandeira tarifária vermelha nível 2 nas contas de luz, o mais elevado patamar de um mecanismo que aumenta os custos para os consumidores.

A bandeira vermelha nível 2 está em vigor para este mês de junho, em meio ao baixo nível dos reservatórios. Ela gera custo extra na conta de luz de R$ 6,243 para cada 100KWh consumidos, segundo a Aneel. A agência ainda discute elevar essa cobrança para R$ 7,571 a cada 100KWh. (Reuters)


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