Economia

Faturamento das indústrias de Minas Gerais sobe 8,6%

Desempenho apurado pela Fiemg em março é o melhor para o mês em nove anos
Faturamento das indústrias de Minas Gerais sobe 8,6%
Em março, as horas trabalhadas nas indústrias mineiras registraram crescimento de 4%, a maior alta em 12 anos | Foto: José Paulo Lacerda

Em março, o faturamento da indústria em Minas Gerais aumentou 8,6% sobre fevereiro, resultado vindo das indústrias extrativa (3,5%) e de transformação (9%). O incremento geral foi a maior expansão para o mês em nove anos. 

Por outro lado, no primeiro trimestre, o setor ainda acumula queda de 3,3%, em decorrência das retrações nas indústrias extrativa (-9,9%) e de transformação (-2,3%). Os dados são da Pesquisa Indicadores Industriais (Index), divulgada, ontem, pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg)

No mês, na comparação com o mesmo intervalo do ano passado, o faturamento do setor industrial no Estado aumentou 1,4%. O resultado elevou para 7,8% o crescimento no acumulado dos últimos 12 meses, com expansões na indústria extrativa (21,3%) e na indústria de transformação (5,7%).

A analista de estudos econômicos da Fiemg, Júlia Silper, explica que em março foi registrada elevação em praticamente todas as variáveis analisadas na pesquisa, ante fevereiro.

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Além do faturamento da indústria geral ter crescido 8,6%, registrando a maior expansão para o mês em nove anos, as horas trabalhadas na produção apresentaram a elevação mais intensa para o mês em 12 anos, 4%. Frente a março de 2021, a expansão no índice ficou em 6%. Com o resultado, no ano, as horas trabalhadas na produção estão 2,6% maiores frente ao primeiro trimestre de 2021. No acumulado do ano, o resultado ficou 7,6% maior. 

“O resultado positivo visto no faturamento é resultado da maior atividade nas indústrias extrativas e de transformação. É interessante destacar que no caso das horas trabalhadas na produção, a elevação veio, principalmente, em ocorrência de horas extras. O que mostra que as empresas estão trabalhando com horas a mais”.

Outro índice que apresentou resultado positivo foi a utilização da capacidade instalada. Em março, houve uma alta frente a fevereiro. O índice subiu de 84% para atuais 84,9%, em decorrência dos incrementos nos dois segmentos da indústria. No acumulado do ano, o índice está em 83% e nos últimos 12 meses em 82,3%.

Mercado de trabalho

Levando em conta os índices do mercado de trabalho, o emprego praticamente não variou frente ao mês anterior. Em março, frente a fevereiro, o avanço foi de apenas 0,1%. Frente a igual mês do ano passado, a alta foi de 1%. Nos últimos 12 meses o aumento está em 5,5%.

No que se refere ao rendimento médio real foi verificado incremento de 1,2%. Porém, nos acumulados o resultado é negativo, com queda de 0,7% no trimestre e de 4,3% nos últimos 12 meses. A massa salarial avançou 1,8% em março frente a fevereiro e 4,9% frente a março de 2021. No ano, o resultado ficou positivo em 1,7% e em 0,9% nos últimos 12 meses.

Tendência é de desaceleração 

De acordo com Júlia Silper, apesar do resultado positivo em março, a tendência é de desaceleração da indústria, movimento que não fica restrito a Minas Gerais e envolve a economia global.

“A gente tem um cenário prospectivo mais desafiador porque desde o início da pandemia a indústria tem lidado com escassez de insumos. A política de tolerância zero contra a Covid-19 adotada na China motivou novos lockdowns no país, o que contribui para a manutenção dos gargalos nas cadeias produtivas e também impacta nos transportes e na elevação dos preços na economia mundial”. 

Ainda segundo Júlia, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia também gera pressões nos preços internacionais, especialmente de commodities agrícolas e energéticas.

“Os preços dos alimentos e da energia continuam subindo muito e, isso, pressiona os custos, encarece a matéria-prima e dificulta acesso a insumos.  É um grande desafio e pode vir a impactar as indústrias. Já temos, no Brasil, empresas adotando férias coletivas, por falta de insumos”.

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