Faturamento do setor de máquinas e equipamentos sobe no Estado

Um balanço divulgado ontem pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos – regional Minas Gerais (Abimaq-MG) mostra a expansão do setor, embora ainda de maneira tímida. O segmento no Estado teve alta de 2,9% no faturamento em julho em relação ao mês anterior, mas em comparação ao mesmo período de 2018 teve uma queda de 4,7%.
De acordo com o membro do conselho administrativo da Abimaq, Marcelo Veneroso, em julho do ano passado, o setor ainda estava se recuperando da greve dos caminhoneiros, que paralisou o País em maio, contribuindo para a alta do faturamento após o término do movimento e, consequentemente, da base de comparação.
Já as exportações apresentaram um crescimento de 12% em julho no confronto com junho. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o incremento foi de 9%. Quando se trata do nível de empregos, o crescimento foi de 1,2% em julho em relação a junho e de 2,8% em comparação ao mesmo mês de 2018.
O nível de utilização da capacidade instalada, por sua vez, apresentou crescimento de 0,6% tanto na comparação entre julho e junho deste ano quanto em relação ao mesmo período do ano passado.
Evolução gradual – Veneroso frisa que esse cenário mostra que os investimentos estão retornando aos poucos, mas que a economia “continua seguindo a tendência de andar de lado. Os números positivos que tivemos neste mês ainda não dizem que é a recuperação definitiva do setor”, ressalta.
O membro do conselho administrativo da Abimaq, porém, destaca que há otimismo entre os empresários, sobretudo tendo em vista as reformas no País, como a da Previdência e a tributária, que deverão contribuir positivamente para o segmento.
“Elas vão deslanchar os investimentos e, com isso, o setor volta a crescer”, acrescenta.
Outro motivo para otimismo, de acordo com Veneroso, está relacionado à expectativa de privatizações de empresas, o que contribuirá para um impulso nas vendas do setor.
“As organizações tendem a fazer investimentos para a melhoria do que elas adquiriram”, destaca.
Futuro – O membro do conselho administrativo da Abimaq diz que as coisas estão no caminho da melhora e que as expectativas são boas para os próximos meses.
“Porém, não precisa esperar nada de muito relevante para este ano. O ‘boom’ deverá vir a partir do ano que vem”, pondera ele, que frisa que o País tem, sim, potencial para crescer.
Os números em Minas Gerais, conforme destaca Veneroso, seguem mais ou menos a mesma tendência do País. Ainda de acordo com os dados da entidade, a receita líquida da indústria do segmento no Brasil apresentou um incremento de 2,4% em julho em relação a junho e queda de 5,2% comparado a julho de 2018.
País também registra crescimento em julho
São Paulo – A indústria brasileira de máquinas e equipamentos recuou 5,2% em julho em relação ao mesmo mês do ano anterior, mas teve crescimento de 2,4% na comparação com junho deste ano, totalizando R$ 6,953 milhões de receita líquida total. A informação foi divulgada ontem pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Segundo a Abimaq, o crescimento acumulado neste ano encolheu mais um pouco, caindo de 3,9%, observado no encerramento do semestre, para 2,4% até o mês de julho. De acordo com a instituição, o baixo crescimento em julho é influenciado principalmente pelo mercado doméstico, que encolheu tanto em relação ao mês anterior (9,8%) quanto sobre o mesmo mês de 2018 (-17,2%). No acumulado entre janeiro e julho, porém, o setor cresceu 5,8%.
A balança comercial do setor teve saldo negativo de US$ 828,69 milhões em julho, o que representou recuo de 15,9% em comparação ao mesmo mês do ano passado, mas as exportações cresceram, atingindo US$ 846,24 milhões, incremento de 24,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Por coincidência, também houve aumento de 24,1% em relação a junho. As importações também cresceram em julho, 11,1% em relação a junho e 19,9% frente ao mesmo mês do ano passado.
Para a Abimaq, o crescimento das exportações foi reflexo das vendas de máquinas e equipamentos para o Paraguai e para a Holanda, que juntos contribuíram para reduzir a queda acumulada em 2019, de -7,1% no semestre para -3,2% até o mês de julho.
Argentina – As vendas para a América Latina, que, no passado, chegaram a superar a marca de 50% do total exportado pelo setor, vêm apresentando retração contínua e, em 2019, chegaram a 31,9%.
Esse cenário reflete, principalmente nos últimos dois anos, a crise no mercado argentino, que levou as aquisições de máquinas a recuar de 15% das vendas externas nacionais, em 2017, para 6% neste ano. “Em 2017, exportávamos US$1,4 bilhão e hoje exportamos R$ 600 milhões, 50% abaixo do que exportávamos. E a expectativa não é boa: provavelmente vamos fechar o ano com esse nível baixo”, disse a gerente de Competitividade, Economia e Estatística, Maria Cristina Zanella.
Previsão de crescimento – Maria Cristina disse esperar para este ano expectativa de crescimento entre 3% e 4%. “Nós iniciamos o ano com uma expectativa melhor, com crescimento da ordem de 5%, mas os números mostraram que vamos fechar o ano em 3% ou 4%”.
A Abimaq atribui a queda na expectativa a uma série de fatores.
“Uma combinação de mercado doméstico com mercado internacional desaquecido, o que comprometeu as nossas vendas. No mercado doméstico, temos visto maior dificuldade de novos investimentos. É com base neste cenário, que prevemos crescimento um pouco abaixo do que se esperava”, acrescentou Maria Cristina.
O balanço divulgado ontem demonstra ligeiro crescimento do emprego, com 0,6% em julho e crescimento de 3,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. Até o mês passado, foram criados 8 mil postos de trabalho. Atualmente, o setor emprega 309 mil colaboradores.
Segundo o presidente da entidade, João Carlos Marchesan, os números divulgados não são bons, mas o País tem capacidade para ser bem melhor.
“Precisamos fazer com que a indústria volte a crescer, principalmente a indústria de bens de capital – hoje, o salário de um empregado da indústria de bens de capital está 86% maior do que a média nacional, o que gera renda, e precisamos de emprego no País para destravar o crescimento”, afirmou. (ABr)
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