Faturamento do setor em MG fica estável em 2022

O setor de locação de máquinas, equipamentos e ferramentas de Minas Gerais enfrentou desafios em 2022. A polaridade política com a disputa presidencial, Copa do Mundo e as chuvas impactaram a demanda e o desempenho das empresas. A estimativa é que o faturamento das empresas do setor tenha encerrado o ano entre uma estabilidade frente a 2021 e uma reposição da inflação.
Para 2023, as estimativas ainda são cautelosas e o resultado do setor de locação dependerá dos rumos da economia nacional e de investimentos estratégicos, como por exemplo, em obras de infraestrutura por parte dos governos.
De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas Locadoras de Equipamentos, Máquinas, Ferramentas e Serviços Afins do Estado de Minas Gerais (Sindileq), Eugênio Porto Gazzinelli, 2022 foi um ano atípico para o setor.
“Em 2022, tivemos adventos importantes que atrapalharam o setor. Um deles foi a polaridade na disputa do governo federal, que foi iniciada muito antes de outubro. A Copa do Mundo também comprometeu o setor de locação, que ficou bem morno na reta final do ano. O período de chuvas também impactou, uma vez que o nosso setor está ligado à construção civil, que também é impactada pelas chuvas. São muitas as atividades onde estamos presente e que é necessário um clima bom para a execução dos serviços como terraplenagem, compactação, entre outros”.
Dos três fatores que impactaram de forma negativa o desempenho, o mais grave foram as eleições. “O processo eleitoral e a polarização deixaram todo mundo à espera, na expectativa do que seria o ano de 2023. Então, 2022 começou razoavelmente bem e terminou mal”.
O levantamento feito pela entidade aponta que o faturamento do setor de locação se manteve entre uma estabilidade frente a 2021 ou apenas repôs a inflação. Em termos de crescimento, não foi um ano bom para a atividade”.
Em relação à 2023, Gazzinelli explica que o setor inicia o ano confiante e otimista, mas atento aos rumos econômicos.
“A gente sempre começa confiante, faz projeções otimistas para o ano, prevendo um bom crescimento. Mas o que estamos assistindo nos deixa em alerta. A previsão para a economia é de desaceleração e, isso, não é uma boa visão para que se façam investimentos”.
Ainda segundo Gazzinelli, o setor de locação vê com preocupação a estimativa de crescimento da economia brasileira em apenas 1%, segundo previsões otimistas. “É um crescimento aquém do esperado. O novo governo tem colocado como prioridades os investimentos em infraestrutura, saneamento básico e tem ainda o Minha Casa, Minha Vida. Tirando o marco do saneamento, todos os investimentos demandam dinheiro do governo. Hoje, temos o discurso, mas será preciso ir para a prática. Nossa atividade age muito rápido logo que somos solicitados. Os pátios estão cheios, estamos com estoque e conseguimos atender”, reitera.
Uma ação que pode favorecer o setor é o pedido de prorrogação, por dois anos, da transição da vigência do Plano Diretor de Belo Horizonte. A proposta, feita pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e pela a presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), segundo Gazzinelli, é importante para a construção civil na Capital. Aprovado em 2019, o Plano, que entrará em vigor em fevereiro, pode inviabilizar a construção civil na Capital.
“Caso entre em vigor, o Plano Diretor vai trazer uma desaceleração do segmento da construção civil e do nosso também. Acho importante retomar a conversa. Da forma que ele foi elaborado, Belo Horizonte vai perder um número bem elevado de obras”.
Em relação a reposição de estoques e compras de máquinas e equipamentos, Gazzinelli explica que as empresas estão sempre investindo, principalmente na busca por produtos de maior tecnologia.
Diferentemente do cenário enfrentado em 2020, quando o setor de locação encontrou dificuldades em comprar máquinas e equipamentos, em função da pandemia, a oferta já está regularizada.
Um dos desafios enfrentados pelo setor é o roubo de máquinas e equipamentos e o aumento de golpes contra as empresas, anteriormente feitos por pessoas físicas e, agora, por jurídicas também. A falta de uma delegacia especializada, segundo o presidente do Sindileq, prejudica o setor, já que não há punição e os golpes são crescentes.
“Como o roubo das máquinas e equipamentos e o estelionato não são considerados crimes violentos, não há um combate efetivo, o que causa muitos prejuízos e desestimula as empresas”, acredita.
O gerente executivo do Sindileq-MG, Allan Rodrigues, explica que as empresas do setor atuam fornecendo equipamentos, máquinas, ferramentas e serviços para diversos setores, sendo os mais fortes o da construção civil, representando 60% das locações; agronegócio, com 30%, e indústria, com 10%.
“Em Minas Gerais, temos 4.692 empresas. É um número muito maior que em anos anteriores, que girava em torno de 1.700. A alta se deu por conta dos anos de 2020, 2021 e até mesmo 2022. A demanda gerada durante a pandemia, já que a construção civil não parou, cresceu muito e o negócio de locação se tornou muito rentável”.
O setor, em Minas Gerais, é responsável por cerca de 50 mil vagas de empregos e um faturamento estimado em torno de R$ 5 bilhões anuais.
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