Faturamento dos pequenos negócios cai no Estado

O agravamento da pandemia de Covid-19 no início deste ano já mostrou seus reflexos nos pequenos negócios de Minas Gerais. Os números revelam que a queda no faturamento chegou a 79% das empresas do Estado.
O dado compõe a 10ª edição da pesquisa “Impactos do Coronavírus nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). O levantamento também aponta, por outro lado, que aumentou o percentual de empreendedores que conseguiram acesso ao crédito.
De acordo com o estudo, que foi feito entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março, o número de pequenos negócios que registraram queda no faturamento é 5% maior do que o verificado em novembro do ano passado, data da última pesquisa. Com isso, 11% dos entrevistados tiveram de fazer demissões nos últimos 30 dias, o que representa um aumento de 3% em relação ao fim de 2020.
Assistente do Sebrae Minas, Gabriela Martinez destaca que os pequenos negócios já vinham sofrendo no ano anterior, inclusive por conta das medidas restritivas, e que muitas ações que tomaram no ano passado já não conseguem repetir agora.
“As micro e pequenas empresas (MPEs) estão tendo impactos mais duros em 2021. Esses negócios, muitas vezes, não tinham uma boa reserva de emergência e o que conseguiram fazer para se manter pode não ser mais o suficiente”, diz ela.
Nesse cenário, nem mesmo as datas comemorativas ajudaram os pequenos negócios a darem a volta por cima. De acordo com o levantamento do Sebrae, 68% dos entrevistados afirmam que a Black Friday, o Réveillon e o Natal não conseguiram reverter o quadro de perdas, principalmente no que diz respeito às vendas de fim de ano. Para 66% dos empreendimentos, os níveis comercializados foram piores do que em 2019.
No começo deste ano, esse quadro se repetiu com outra data: o Carnaval. Em meio às festividades suspensas por conta da pandemia de Covid-19, 74% dos entrevistados disseram que as vendas em 2021 foram piores do que as registradas em 2020. “Muitos estavam esperando um fôlego no Carnaval que não veio”, diz Gabriela Martinez.
Crédito
Diante do cenário desafiador, entretanto, aumentou o percentual de pequenos negócios que conseguiram acesso ao crédito. Os dados da 10ª edição da pesquisa do Sebrae mostram que dos 42% que buscaram o recurso, 42% o receberam, ao contrário dos 34% verificados no fim do ano passado. Já o percentual de empresas que procuraram o recurso diminuiu, uma vez que no fim de 2020 elas somavam 48%.
“Pode ser que esse número tenha diminuído porque as MPEs já conseguiram ou por terem desistido”, diz Gabriela Martinez. “O fato de estarem conseguindo crédito é bastante positivo. As micro e pequenas empresas são mais sensíveis ao cenário econômico e não conseguem se segurar em situações críticas por tanto tempo. Ter acesso ao crédito é essencial até a situação melhorar”, destaca a assistente do Sebrae Minas.
No entanto, a situação ainda deve demorar a se reverter, na visão dos pequenos negócios. O levantamento aponta que eles acreditam que vai demorar cerca de um ano e sete meses para a economia voltar ao normal.
Além disso, Gabriela Martinez alerta que a tendência é que na próxima edição da pesquisa os números sejam ainda piores. Isso porque as medidas restritivas se intensificaram no Estado, por causa da maior disseminação da Covid-19.
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