Economia

Após dois meses de queda, faturamento da indústria avança 4,3% em Minas Gerais

Política fiscal expansionista, desempenho do mercado de trabalho e elevação dos investimentos por parte dos empreendedores seguem impulsionando o setor
Após dois meses de queda, faturamento da indústria avança 4,3% em Minas Gerais
Indústria de transformação em Minas Gerais retoma ritmo de crescimento, impulsionada pela maior demanda e aumento na produção | Crédito: Reprodução Agência de Notícias da Indústria

Após dois meses de queda, o faturamento da indústria voltou a crescer em Minas Gerais. Em fevereiro, o setor avançou 4,3% frente a janeiro, impulsionado pelo desempenho da indústria de transformação, que registrou maior volume de pedidos no período, conforme aponta a mais recente pesquisa Indicadores Industriais, realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Nos últimos 12 meses, o setor industrial mineiro segue em crescimento de 4,4%, sustentado pela demanda interna aquecida. O contexto favorável é resultado de uma conjunção de fatores, que englobam a política fiscal expansionista, um maior vigor do mercado de trabalho, além da elevação dos investimentos por parte dos empreendedores.

A economista da Fiemg, Daniela Muniz, destaca que, tradicionalmente, dezembro e janeiro são meses muito fracos para a indústria, que tem um pico de vendas concentrado até outubro. “Com a retomada já no segundo mês do ano, e com todos os índices no campo positivo, mesmo em um cenário complexo, o setor demonstra fôlego e resgata o otimismo para os próximos meses”.

Em fevereiro, as horas trabalhadas na produção cresceram 2,4%, impactadas pelo aumento na empregabilidade e pelo retorno ao trabalho de funcionários que estavam em período de férias. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrados no mês, o setor gerou 110,8 mil formalizações de trabalho em Minas Gerais pelas contratações na indústria de transformação, surpreendendo o mercado pelo ritmo da criação de vagas.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


O emprego apresentou uma pequena alta de 0,3% frente a janeiro em virtude do aumento de produção. A massa salarial cresceu 3,5% no período, impulsionado pela concessão de reajustes salariais, além de pagamentos de participação de lucros e resultados no mês.

Entre os principais desafios, a economista destaca a inflação significativamente pressionada, especialmente no setor de alimentos. Além disso, os sucessivos aumentos na taxa de juros, promovidos pelo Banco Central, tendem a reduzir o consumo das famílias e a adiar investimentos por parte das empresas. “Os indicadores mais recentes de confiança do empresário e do consumidor reforçam essa perspectiva de cautela”, acrescenta a economista.

Entretanto, novas medidas de estímulo da economia promovidas pelo governo federal, aliado a uma recente valorização cambial, podem indicar um cenário mais discreto de desaceleração. Além disso, a deflação de alguns produtos agrícolas, com safras mais robustas de grãos, deve contribuir com uma redução da pressão sobre preços e atenuar processo inflacionário.

Com “tarifaço”, maior oferta chinesa no Brasil pode impactar indústria

Apesar das incertezas provocadas pelas constantes mudanças nas taxas comerciais impostas pelos Estados Unidos, uma nova dinâmica nas relações internacionais é vista como inevitável.

Com a decisão do presidente norte-americano Donald Trump, de elevar para 145% as tarifas sobre produtos chineses, a China tende não apenas a retaliar, mas também a se readequar. Como consequência, o docente dos cursos de gestão do Centro Universitário de Belo Horizonte (Unibh), Fernando Sette Jr, aponta que é esperado que o país asiático redirecione parte de sua produção para outros mercados ao redor do mundo, incluindo o Brasil.

Segundo ele, os produtos, comercializados a preços competitivos em alguns segmentos, devem abalar a indústria nacional. “Uma maior oferta de produtos chineses no País ampliará a competição com indústria local, resultando em uma possível queda de preços para a manutenção da competitividade”, avalia.

Por outro lado, como exportador, o atual cenário caminha para prováveis oportunidades, especialmente para acordos de comércio com outros países. “É uma oportunidade do Brasil diversificar as exportações, o que beneficiará a indústria mineira, bem como poderá acelerar um acordo de cooperação entre o Brasil e a União Europeia”, conclui.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas