Faturamento da indústria de Minas Gerais recua em maio

O faturamento da indústria de Minas Gerais diminuiu 4,8% em maio na comparação com abril. O resultado foi puxado pelo segmento de transformação, que registrou decréscimo de 6,5%. Por outro lado, a indústria extrativa mineral apresentou um crescimento de 10%.
Os dados constam na pesquisa Indicadores Industriais (Index), da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O levantamento aponta que houve uma redução nos pedidos em carteira e um adiamento de vendas em empresas da indústria de transformação.
“O adiamento de vendas é comum, principalmente, para empresas exportadoras. Por questões alfandegárias, às vezes o desembaraço posterga a venda para o próximo mês”, explica o analista de pesquisas econômicas da entidade, Arthur Augusto. Ele ressalta que não houve um motivo específico para a postergação de vendas nem para a redução nos pedidos.
O setor industrial mineiro vive um cenário de oscilação em 2025, conforme indica a série histórica da pesquisa. O faturamento da atividade caiu em janeiro e, desde então, há uma alternância entre resultados positivos e negativos na passagem de um mês para o outro.
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Apesar das flutuações e da retração em maio, a atividade mantém um desempenho favorável no acumulado do ano, com alta de 2,5% em relação a igual período de 2024. Segundo Augusto, esse cenário é sustentado por uma demanda interna ainda aquecida, associada a uma taxa de desemprego próxima das mínimas históricas.
Ambiente desafiador para o setor no restante do ano
Mesmo com a resiliência demonstrada pela indústria de Minas Gerais neste ano, o setor tende a enfrentar um ambiente mais desafiador ao longo dos próximos meses. Isso porque, tanto internamente quanto externamente, há fatores que podem impactar a atividade.
De acordo com a pesquisa da Fiemg, a política monetária permanece em terreno contracionista, com a taxa de juros (Selic) alcançando o maior patamar dos últimos 19 anos – desde junho, está em 15% ao ano. Enquanto isso, o espaço para novos estímulos fiscais segue limitado pelas crescentes preocupações com a sustentabilidade das contas públicas. Nesse contexto, as projeções apontam um crescimento econômico moderado em 2025.
O levantamento também ressalta que, no mercado externo, há incertezas. Os efeitos do pacote tarifário anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda são incipientes, no entanto, podem impactar diretamente setores nos quais Minas Gerais possui forte inserção internacional, como mineração e metalurgia.
“Fora isso, há as tensões geopolíticas persistentes e a desaceleração da economia chinesa”, pontua o analista de pesquisas econômicas da Fiemg. “São fatores que podem limitar a atividade industrial mineira”, afirma Augusto.
Indicadores operacionais e do mercado de trabalho
Além do faturamento, o Index traz indicadores operacionais e do mercado de trabalho da indústria mineira. De abril para maio, as horas trabalhadas na produção subiram 0,1% e a utilização de capacidade instalada recuou 1,4 ponto percentual, chegando a 79,4%. Já o nível de emprego caiu 0,2% e a massa salarial recuou 1,1%, refletindo em uma baixa de 1,2% no rendimento real dos trabalhadores do setor no Estado.
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