Economia

FDC aponta queda de confiança nas médias empresas

Redução foi impulsionada principalmente pela redução de 2,3 pontos nas expectativas futuras dos negócios
Atualizado em 21 de maio de 2024 • 23:06
FDC aponta queda de confiança nas médias empresas
Crédito: FDC / Divulgação

Recuperação econômica lenta e a persistente pressão inflacionária corroboram para o cenário desafiador que as médias empresas vão enfrentar no decorrer dos próximos meses. Diante disso, o Índice de Confiança de Médias Empresas (ICME), da Fundação Dom Cabral (FDC), registrou uma leve queda de 1,3 ponto no primeiro semestre de 2024, chegando a 43,7 pontos, permanecendo abaixo da marca de referência de 50 pontos, indicando moderada confiança empresarial para o segundo semestre de 2024.

A redução foi impulsionada principalmente por uma queda de 2,3 pontos nas expectativas futuras. Porém, muitas das empresas ainda estão resilientes, sendo capazes de encontrar oportunidades de crescimento. Isso porque, em 2023, as médias empresas demonstraram crescimento sólido em relação a 2022, tanto em faturamento quanto no incremento no número de funcionários, segundo apontou o ICME.

No geral, 53% das médias empresas apresentaram crescimento, com aumento médio de 5,27% em faturamento. No que diz respeito ao número de funcionários, as médias empresas tiveram saldo positivo de 1,51% nas novas contratações, sendo que 33% aumentaram o número de trabalhadores.

De acordo com o professor da FDC Médias, Plínio Monteiro, os empresários guiam bem pouco os investimentos baseados em questões macroeconômicas. “Mesmo com as transformações políticas, sociais e econômicas impactando, os empresários conseguem caminhar em um contexto de turbulência, apesar de perceberem um cenário não muito favorável”, avaliou.

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ICME segue tendência de redução de confiança nos setores, tanto na avaliação das condições atuais quanto em relação às expectativas futuras, exceto no segmento de comércio, que apresentou ligeira tendência de alta nas condições atuais, passando de 39,9 pontos para 39,8 pontos quando comparado ao último semestre de 2023. “Os empresários das médias empresas esperam, em relação aos próximos seis meses, mais turbulências políticas, sociais e o retorno da pressão inflacionária e, com isso, uma certa piora na economia”, disse.

De acordo com a FDC, o Índice de Confiança das Médias Empresas do setor da indústria recuou de 44,2 no segundo semestre de 2023 para 42,6 no primeiro semestre de 2024. O índice do comércio passou de 42,6 pontos nos últimos seis meses de 2023 para 42,2 nos primeiros seis meses de 2024 e o setor de serviços caiu de 47,5 pontos no segundo semestre de 2023 para 45,8 nos seis primeiros meses de 2024.

Por outro lado, a percepção das condições atuais manteve-se estável, com uma redução não significativa, da ordem de 0,2 ponto. Esse resultado sugere que os executivos de empresas de médio porte estão observando uma continuidade nas condições atuais do cenário econômico, político e social, porém, atentos aos sinais de risco que continuam impactando nas suas expectativas futuras.

Cenário negativo

Já o Índice das Expectativas Futuras recuou 2,3 pontos, chegando a 45,9 pontos, revertendo uma tendência de melhoria que se mostrou persistente desde o segundo semestre de 2022 até o segundo semestre de 2023. Este resultado negativo se deve especialmente a uma piora nas expectativas em relação à economia brasileira, perspectiva de piora em fatores do “ambiente político e social” e a avaliação de que a pressão inflacionária continuará nos próximos seis meses.

“A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou para a possibilidade de redução da taxa de juros, mesmo sem a inflação estar bem controlada. E existem fatores como o aumento nos gastos públicos que podem gerar incertezas, ainda mais aliados à variação cambial e conflitos pelo mundo”, ponderou o professor.

O ICME é um determinante da intenção de investimentos e da expectativa de crescimento das empresas de médio porte, com os executivos utilizando-o como um termômetro sobre o ambiente atual de negócios e expectativas futuras. Com isso é possível inferir sobre o nível de investimentos que as empresas estão projetando para os próximos meses.

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