Economia

Fechamento de minas representa oportunidade para mineradoras; entenda

As empresas que encaram o encerramento das operações como uma etapa de transição, e não como um ponto final, podem se destacar no mercado
Fechamento de minas representa oportunidade para mineradoras; entenda
Crédito: Alexandre Guzanshe/Diário do Comércio

O fechamento de minas se apresenta como uma oportunidade para as mineradoras que buscam se posicionar em destaque no mercado ou manter o protagonismo que já conquistaram. A avaliação é de Paul Mitchell, líder global de mineração e metais da EY, empresa britânica de auditoria e consultoria, que atua no Brasil, incluindo Minas Gerais.

Segundo o executivo, a indústria de mineração passa por um momento decisivo, enquanto enfrenta as complexidades que envolvem o fechamento de minas. O aumento dos custos, somado à crescente pressão regulatória, torna mais urgente do que nunca a necessidade de planejamento robusto e do desenvolvimento de soluções inovadoras por parte das empresas.

Nesse contexto, ganha força uma nova abordagem sobre como lidar com o encerramento das operações. Para o líder global de mineração e metais da EY, o fechamento de minas não deve mais ser visto como um ponto final, mas sim como uma etapa de transição. Essa mudança de visão abre caminho para transformar áreas mineradas em espaços capazes de gerar benefícios tanto para as comunidades locais quanto para o meio ambiente.Parque das Mangabeiras já abrigou mineração; entenda

Outra frente promissora para as mineradoras que visam se posicionar como protagonistas ou manter a relevância no mercado está na maior integração da cadeia de valor, conforme Mitchell. Ele afirma que empresas e clientes estão estreitando relações, criando novos modelos de negócios para financiar, abastecer e gerar valor para ambos os lados.

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Produtividade segue como o maior desafio para as empresas

Se por um lado existem oportunidades para as mineradoras, por outro, há desafios e, na opinião de Mitchell, a produtividade ainda é o maior deles. De acordo com ele, essa dificuldade que as empresas enfrentam é intensificada por custos mais altos para diversos insumos e, em alguns casos, pela diminuição do teor dos minérios ou pela exaustão mineral.

Conforme o líder global da EY, em uma recente pesquisa realizada pela empresa, um terço dos entrevistados concordaram que o foco em ESG está desviando a produtividade, destacando a necessidade de melhor vincular as duas questões. Para o executivo, integrar ESG na agenda de produtividade e custos poderia trazer benefícios para os mineradores.

Além da produtividade, Mitchell aponta que questões macroeconômicas estão impactando os preços das commodities, assim como a capacidade de as empresas tomarem decisões de alocação de capital a longo prazo. Adicionalmente, ele alerta que a alta de tarifas comerciais impede o fluxo livre de capital de risco, talento e inovação necessários para preencher a lacuna de suprimentos necessários para a transição energética e urbanização contínua.

“As tarifas também devem impactar setores de clientes downstream, como a manufatura global, bem como a atividade industrial mais ampla, potencialmente pressionando a demanda por minerais e metais no curto prazo”, diz. “Entretanto, também existem oportunidades para novos relacionamentos com clientes e crescimento”, conclui.

De acordo com o executivo, as empresas do setor mineral ainda enfrentam, atualmente, desafios relacionados à constante pressão para cumprir metas/prioridades de ESG; à alocação de capital, uma vez que as grandes fusões e aquisições estão se mostrando complexas; e ao fato de serem cada vez mais incentivadas a investir em projetos/ativos de boa qualidade, em vez do foco anterior em retornar capital aos acionistas.

“No entanto, não há necessariamente projetos greenfield ou brownfield de qualidade para investir, e mesmo uma vez identificados, o ritmo de permissões e aprovações é lento, atrasando o retorno sobre o investimento ou até mesmo reduzindo-o à medida que os custos aumentam”, pondera. “Em outros casos, os projetos podem não estar avançando enquanto aguardam a recuperação do mercado, como ocorre nos casos de lítio e níquel”, analisa.

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