Fechamento de MPEs cresce 33% em Minas

A retomada gradual dos empregos e o cenário econômico ainda instável têm estimulado o fechamento de empresas de pequeno porte em Minas Gerais. Conforme o levantamento do Sebrae Minas, em 2021, houve um aumento de 33% no fechamento de pequenos negócios, contra uma elevação de 17% na abertura. O maior fechamento vem sendo registrado no segmento dos microempreendedores individuais (MEI), que apresentou um aumento de 50% em 2021 se comparado com o ano anterior.
Em 2021, segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), foram mais de 422 mil pequenos negócios criados, contra cerca de 358 mil no ano anterior. Em relação ao encerramento das empresas, foram quase 165 mil no ano passado e em torno de 123 mil em 2020.
No primeiro mês de 2022, a abertura de pequenos negócios, em Minas Gerais, apresentou alta de 45% frente a dezembro, mas queda de 10% se comparado com o mesmo mês do ano anterior. Foram cerca de 36 mil empresas criadas em janeiro deste ano, contra 25 mil no mês anterior.
Em relação ao fechamento, foi verificada alta de 23% quando comparado janeiro de 2022 com dezembro e de 25% frente a janeiro de 2021. Enquanto em janeiro, 16 mil pequenos negócios encerraram as atividades, em dezembro foram em torno de 13 mil.
Segundo o Sebrae Minas, desde meados do ano passado vem sendo verificado um movimento maior de encerramento das empresas. Para a analista da Unidade de Inteligência Empresarial, Bárbara Castro, alguns fatores como a economia ainda enfraquecida pelos impactos da pandemia e o aumento, ainda que lento, dos empregos podem explicar o aumento do fechamento dos pequenos negócios.
“As empresas ainda estão enfrentando os impactos negativos da pandemia na economia. Além disso, a economia não tem apresentado sinais de crescimento vigoroso, pelo contrário, a estimativa do Banco Central, no Boletim Focus, prevê crescimento do PIB de 2022 inferior a 1%. Então, as incertezas são muito grandes em relação à estabilidade econômica e também políticas, já que estamos em ano de eleição. São fatores que impactam de forma negativa nas empresas ”, explicou.
Ainda segundo Bárbara Castro, é importante lembrar que, em 2021, houve certa recuperação no mercado de trabalho, o que pode estar atraindo empreendedores individuais para o emprego formal.
“Quando analisado o fechamento de empresas por porte, é possível observar que o microempreendedor individual (MEI) lidera na questão de fechamento de empresas. Para ter ideia, comparando janeiro de 2022 com janeiro de 2021 o MEI apresentou uma alta no fechamento de quase 28%. O MEI tem demonstrado o maior índice de encerramento tanto considerando a comparação com janeiro de 2021 como com dezembro. Isso pode estar relacionado à questão do mercado de trabalho, que vem tendo retomada e pode ter acontecido de parte dos empresários terem encerrado o MEI para retomar ao mercado formal, como tentativa de maior estabilidade de renda”.
O maior fechamento também pode ter ocorrido por problemas relacionados à gestão.
“Com a pandemia e a crise acentuada no ambiente econômico, muitas pessoas perderam os empregos, empresas fecharam e, com isso, uma parcela dessa população recorreu ao empreendedorismo de necessidade para ter fluxo de renda e se manter. O empresário abriu na urgência para ter renda e não se preparou para manter o negócios. Ele pode não ter tido condições de gerenciar de forma efetiva os negócios e acaba fechando”, disse Bárbara.
Cautela
Para 2022, as estimativas são cautelosas e a mudança do cenário vai depender do comportamento dos empresários em relação aos próximos meses e também do consumidor, que precisa estar mais confiante para demandar mais produtos e serviços.
“Se o consumidor estiver mais pessimista, ele consome menos e a empresa e a indústria vende menos. Um cenário mais positivo em relação às aberturas e fechamento, depende de como será o comportamento daqui para frente, de uma retomada da economia. Esperamos que a vacinação avance e os número de casos de Covid reduzam para que o empresário tenha mais condições para lidar com os aspectos econômicos. Tem ainda a questão do ambiente político, ano eleitoral tem muitas incertezas.
Porte das empresas
De acordo com os dados divulgados pelo Sebrae Minas, o segmento de Empresas de Pequeno Porte (EPP) foi o que apresentou melhor desempenho na abertura de negócios em 2021, encerrando o ano com alta de 28%. Em janeiro deste ano, o segmento também manteve a liderança, com um crescimento de 6% em relação ao mesmo mês de 2020. As EPP também foram o único segmento a apresentar uma variação positiva no primeiro mês do ano, já que a abertura de microempresas (ME) caiu 9% e o microempreendedor individual (MEI) reduziu 10% no período.
As microempresas ficaram em segundo lugar no número de novos negócios criados em 2021, com alta de 26%, seguidas pelo segmento microempreendedor individual , que registrou um crescimento de 17% em relação a 2020. Os dois segmentos começaram 2022 com um saldo negativo na abertura de negócios. Nas ME a queda foi de 9,5% e no MEI de 10,5%, quando comparado com igual mês de 2021.
O MEI foi o segmento que mais encerrou atividades no ano passado, um aumento de 50% em relação ao ano anterior. Já o fechamento de EPP e de ME aumentou 7% e 4%, respectivamente, em comparação a 2020. A tendência se manteve em janeiro, com o MEI liderando o fechamento de negócios: 28%, contra 17% das EPP e 15% das ME, se comparado com janeiro de 2021.
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