Fed deve traçar caminho de altas dos juros

São Paulo – O Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), em batalha contra uma inflação persistentemente alta e encorajado pelo desemprego menor do que o esperado, deve traçar amanhã um caminho de taxas de juros mais altas no próximo ano, conforme membros da instituição revelarem quando acham que os custos dos empréstimos precisarão aumentar para manter a economia estável.
O chair do Fed, Jerome Powell, já sinalizou que o comitê que define os juros provavelmente anunciará em sua reunião desta semana a antecipação do fim de seu programa de compra de títulos para março – em vez de junho -, a fim de abrir caminho para o banco central elevar as taxas de juros, que estão em quase zero desde março de 2020 – quando a pandemia de coronavírus desencadeou uma curta, mas profunda recessão.
A reviravolta na retórica, à medida que o banco central traça seu curso fora das medidas da era de emergência, reflete a profundidade do desconforto sobre como a pandemia de Covid-19 aumentou a demanda, afetou as cadeias de abastecimento e levou a uma inflação mais ampla e persistente que corre o risco de se incorporar às expectativas de empresários e consumidores.
Isso fará com que os formuladores de política monetária antecipem suas projeções para aumentos das taxas de juros, no chamado “gráfico de pontos”, como parte de suas previsões, divulgadas trimestralmente, para crescimento econômico, emprego e inflação, bem como o cronograma de aumentos das taxas de juros.
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“O Fed precisa ser um pouco mais agressivo na remoção de acomodação monetária do que tem sido”, disse Tim Duy, economista-chefe da SGH Macro Advisors, que espera que as autoridades revisem sua previsão mediana para dois aumentos nas taxas de juros no próximo ano para controlar os níveis de inflação.
A maioria dos analistas espera que o Fed mantenha a previsão de três aumentos de juros em 2023 e 2024, já que as autoridades ainda esperam uma rápida redução das pressões sobre os preços na segunda metade do ano que vem, à medida que a pandemia passa.
O impacto da variante Ômicron também pode manter as pressões inflacionárias elevadas, prolongando os problemas da cadeia de suprimentos e exacerbando a escassez de mão de obra, mas causando menos danos ao crescimento econômico do que as ondas anteriores.
Quão cedo o Fed realmente começará a subir juros é menos certo. Economistas ouvidos pela Reuters esperam que o banco central aumente as taxas no terceiro trimestre do ano que vem, mas, assim como outros analistas, também observam o risco de uma alta chegar mais cedo.
A inflação não deve atingir o pico até março do próximo ano, exatamente quando o Fed provavelmente terá encerrado a redução das compras de títulos, tornando mais difícil para as autoridades comunicarem um curso mais paciente.
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