Fiemg aponta redução na produção industrial pelo quarto mês

Com o número de dias úteis menor, a produção industrial caiu em fevereiro no Estado. Os dados são da pesquisa Sondagem Industrial, divulgada na sexta-feira (22) pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Esta é a quarta redução consecutiva do indicador e o menor patamar para o mês em seis anos.
O índice de evolução da produção industrial em fevereiro ficou em 46,3 ponto, ficando abaixo dos 50 pontos (fronteira entre recuo e elevação). O indicador sofreu redução de 1 ponto ante janeiro (47,3 pontos) e 1,5 ponto frente ao observado em fevereiro de 2023 (47,8 pontos).
Fevereiro é um mês considerado mais fraco para a indústria, pois, normalmente comercializa seus produtos até outubro/novembro para as vendas de final de ano, avaliou a economista da Fiemg, Daniela Muniz. “Após o período de festas de final de ano, as indústrias começam se reorganizar para o ano seguinte. E em fevereiro ainda houve uma queda significativa, pois, além de um mês menor, ainda teve o Carnaval, que é uma festa que muda a dinâmica da cidade e do próprio País. Com isso, a indústria costuma ter um desempenho mais fraco”, explicou.
A utilização da capacidade instalada seguiu abaixo da usual para o mês, sinalizando que a indústria operou com ociosidade.
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A pesquisa indicou que, mesmo com a redução na produção industrial, o índice de evolução do número de empregos marcou 51 pontos em fevereiro, indicando aumento das vagas pelo segundo mês consecutivo. O indicador avançou 0,4 ponto em relação a janeiro (50,6 pontos) e se manteve estável ante o verificado em fevereiro de 2023.
“O número de empregados aumentou no mês e temos visto que o mercado de trabalho tem se mostrado muito resiliente, com um significativo avanço de vagas no emprego formal, tanto em Minas Gerais quanto no Brasil”, comparou.
O índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual marcou 42,6 pontos em fevereiro, abaixo dos 50 pontos, indicando que as empresas operaram com capacidade produtiva inferior ao habitual para o mês.
Estoques ficaram abaixo do planejado
Os estoques de produtos finais reduziram em fevereiro, conforme indicador de 48,2 pontos. Esse foi o menor índice registrado desde junho de 2022. Adicionalmente, pela primeira vez em seis meses, as empresas ficaram com estoques abaixo do nível planejado, de acordo com indicador de 49,5 pontos.
“É interessante salientar que nos cinco meses anteriores tivemos um acúmulo de estoques nas indústrias, com demanda abaixo do esperado. Mas em fevereiro a demanda foi superior ao que estava sendo esperada e, caso se mantenha nos próximos meses, sugere que o impacto poderá ser positivo na produção e no emprego. Em alguns casos até nos investimentos, pois sem estoques para vender ela precisa produzir mais e contratar para suprir a demanda”, avaliou Daniela.
Empresariado mantém perspectivas positivas
Segundo constatou a pesquisa, os empresários seguem otimistas com relação à demanda, à compra de matérias-primas e ao número de empregados nos próximos seis meses. Entretanto, as intenções de investimento recuaram na comparação mensal, mas ainda assim foram superiores às apuradas em 2023.
O índice de expectativa de demanda registrou 55 pontos em março. O resultado mostrou perspectiva de elevação da demanda nos próximos seis meses pelo 45º mês consecutivo, ao ficar acima dos 50 pontos. O indicador caiu 1,9 ponto ante fevereiro (56,9 pontos) e 1,5 ponto em relação a março de 2023 (56,5 pontos), sendo o menor para o mês em sete anos.
Por sua vez, o indicador de expectativa de compra de matérias-primas marcou 54,3 pontos em março, mostrando perspectiva de aumento das compras nos próximos seis meses. O índice recuou 1 ponto na comparação com fevereiro (55,3 pontos) e ficou relativamente estável ante março de 2023 (54,4 pontos).
O indicador de expectativa de número de empregados registrou 52,9 pontos em março, sinalizando perspectiva de aumento do emprego nos próximos seis meses. O índice ficou relativamente estável em relação a fevereiro (52,8 pontos), e apresentou pequeno decréscimo de 0,3 ponto ante o apurado em março de 2023 (53,2 pontos).
O indicador de intenção de investimento recuou 2,3 pontos em relação a fevereiro (62,8 pontos), e marcou 60,5 pontos em março. Por sua vez, na comparação com março de 2023 (56,6 pontos), o índice cresceu 3,9 pontos.
De acordo com a economista, as expectativas seguem positivas influenciadas pela melhora de indicadores econômicos, como é o caso da inflação, que vem desacelerando, o mercado de trabalho que está aquecido e o aumento real do salário mínimo.
“Em que pese ainda as condições monetárias que estão restritivas, com taxas de juros elevadas e acabam recaindo sobre o consumo e o investimento, mas já observamos um ciclo de afrouxamento monetário para o mercado de crédito, com sinais de maior concessão em algumas linhas e até redução de algumas taxas, o que tende a estimular o consumo. Mas a cautela ainda é recomendada, pois temos vários desafios pela frente”, ponderou Daniela Muniz.
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