Entidades propõem mudanças para reduzir o consumo de energia

Em meio à pior crise hídrica dos últimos 91 anos, um grupo de entidades, entre elas a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e Grandes Consumidores Livres de Energia (Abrasce), defendem junto ao governo federal uma série de medidas previstas no Programa Resposta por Demanda.
A ideia é evitar o agravamento da crise hídrica. Tal projeto teria como objetivo, garantir que não houvesse acúmulo de gasto de energia durante os horários de pico,17h e 20h.
A gerente de energia da Fiemg, Tânia Santos, explicou que a intensificação do uso de energia compreendida neste horário, em que boa parte da população usa o metrô, liga a televisão, toma banho pode afetar gravemente o crescimento econômico nacional.
Para Tânia, embora o governo negue a possibilidade de racionamento de energia, este risco não pode ser descartado. Com o racionamento, as indústrias teriam que diminuir a produção, o faturamento, reduzindo assim o número de funcionários e provocando o agravamento da crise econômica.
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Ainda conforme a gerente, conforme esse projeto, as indústrias interessadas em contribuir para amenizar a crise hídrica e evitar as consequências negativas que ela pode trazer para a economia, voluntariamente, evitariam trabalhar neste horário.
Como esse desligamento implicaria na redução de produção, e, consequentemente, de faturamento, as indústrias, voluntariamente, poderiam optar em mudar o horário de trabalho de seus funcionários, os alocando à noite, ou de madrugada.
A ideia é que, em troca, o governo repasse bonificações para as indústrias que, voluntariamente, aderirem ao programa. “Essas bonificações devem corresponder aos valores que as termelétricas irão economizar ao não gerar o aumento do consumo nesse horário de pico e serem proporcionais à economia gerada pela troca dos horários dos turnos”, afirmou.
Ainda conforme a gerente, tais bonificações também irão cobrir parte dos custos das indústrias que optarem pela troca do horário de turno de seus funcionários.
“Se os funcionários do turno da tarde passarem a trabalhar à noite ou de madrugada, as empresas terão que arcar com o pagamento, por exemplo, de adicionais noturnos. Além disso, terão despesas extras com o transporte de tais funcionários”, afirmou.
“Estamos oferecendo a possibilidade de diminuição do consumo nesse horário, o que pode evitar o agravamento da crise hídrica e a possibilidade de enfrentarmos o racionamento energético”, afirmou.
Embora a possibilidade de racionamento esteja sendo sistematicamente negada pelo governo federal, para a gerente de energia da Fiemg é preciso tomar medidas urgentes para evitar que isso aconteça.
Tânia lembrou que embora estejamos em uma situação muito mais confortável que a vivida em 2001, quando as termelétricas contavam com menos linhas de transmissão, os níveis hídricos nos reservatórios nunca estiveram tão baixos.
Convênios
Para incentivar os empresários dos mais diferentes segmentos da indústria mineira a colaborarem com a redução do consumo de energia, ainda conforme Tânia, a Fiemg celebrou convênios com a Cemig-Sim e com outras empresas que negociam energias sustentáveis, como a fotovoltaica, ou adquirindo a energia por geração distribuída.
“No primeiro caso, nos convênios de geração de energia solar adquiridos no mercado livre energético os preços podem ter quedas de mais de 25% em relação à energia elétrica normal. Já em relação à geração distribuída podem cair 22%”, afirmou.
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