Fiemg quer mudança em programas de transferência de renda do governo

A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) reivindica uma mudança no modelo dos programas de transferência de renda do governo federal, como o Bolsa Família, para que não se tornem um empecilho à contratação de mão de obra no mercado de trabalho.
O presidente da entidade, Flávio Roscoe, apontou que, no modelo atual, as pessoas são desligadas dos programas de transferência de renda caso sejam empregadas, o que acaba por desincentivar a procura por um emprego formal. Ele defendeu que, neste caso, seja feita apenas uma suspensão.
“O que estamos defendendo é que, quando a pessoa que está no programa entra no mercado de trabalho, ela seja suspensa do programa, não cortada. Ela para de receber os benefícios e se amanhã, por ventura, ela for demitida do emprego, é reinserida automaticamente no programa”, disse.
A mudança seria uma maneira dos programas de transferência de renda “dialogarem com o mercado de trabalho”, declarou o executivo, em coletiva de imprensa durante a apresentação do Balanço Anual da Economia 2024 e Perspectivas 2025, da Gerência de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg.
A entidade setorial aponta ainda um receio dos beneficiários de programas como o Bolsa Família com a perda definitiva do benefício caso não consigam voltar a receber o benefício, frente a uma insegurança com o mercado de trabalho.
Para Roscoe, os programas de transferência de renda têm deteriorado o mercado de trabalho, pois se tornaram um incentivo ao mercado informal e à precarização, já que as pessoas preferem os “bicos” como forma de renda e preservação do benefício social.
No caso da indústria, o presidente da Fiemg aponta que a escassez de mão de obra é mais grave que no comércio e no varejo, pela necessidade de um período de treinamento maior para os profissionais do setor.
“Como tem pouca oferta de pessoas disponíveis ao trabalho, isso tem aumentado o turnover (rotatividade), porque as empresas estão tirando uma das outras”, disse.
A rotatividade de trabalhadores, junto a um período de treinamento mais longo, causa uma perda de produtividade maior no setor industrial do que em outros setores, o que aumenta os custos e reduz a riqueza em toda a sociedade, apontou Roscoe.
A Fiemg propôs que o governo federal crie um banco de vagas com as pessoas inseridas nos programas de transferência de renda e que a permanência dos beneficiários no programa seja condicionada a um limite de três recusas, por parte dos beneficiários, em ofertas de emprego.
“Não é o objetivo da sociedade que a pessoa, aos 18 anos, entre em um programa de transferência de renda e, aos 65, vá se aposentar na Previdência com o programa de transferência de renda. A transferência de renda é algo emergencial, é uma coisa temporária”, ressaltou o presidente da Fiemg.
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