Economia

Fiemg se posiciona sobre licenciamento da Tamisa

Flávio Roscoe esclareceu sobre impactos ambientais e defendeu a legalidade de empreendimento na Serra do Curral
Fiemg se posiciona sobre licenciamento da Tamisa
Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, explica sobre exploração na Serra do Curral | Crédito: Sebastião Jacinto Júnior

A aprovação do processo de licenciamento ambiental da Taquaril Mineração S.A (Tamisa) para desenvolver um projeto de exploração de minério de ferro na Serra do Curral, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, tem sido questionada na Justiça e causado comoção popular. Diante dos questionamentos, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) esclareceu pontos do processo de licenciamento e ressaltou que há organizações que querem provocar um tumulto ambiental no Estado e provocar a perda de investimentos importantes para a economia mineira.

O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, ressaltou que a exploração do minério de ferro no local trará poucos impactos ambientais, não modificará o visual da Serra do Curral, não impactará na oferta hídrica e nem na qualidade do ar.

Em reunião do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), o projeto da Tamisa foi aprovado durante a madrugada do último sábado (30), após cerca de 20 horas de sessão e mais de 100 pessoas ouvidas. O plano da Tamisa inclui a exploração da região da Fazenda Ana da Cruz, que fica em Nova Lima, na divisa com a Capital e próxima ao Pico Belo Horizonte, ponto mais alto da serra.

De acordo com o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, diante de informações incorretas divulgadas, é possível esclarecer de forma correta a população, pois, segundo ele, existem versões falsas com o intuito de enganar o cidadão comum de Belo Horizonte.

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Roscoe explicou que, no Estado, há uma estratégia desenvolvida por algumas organizações – que não foram citadas – que querem criar um tumulto ambiental. Ele ressaltou ainda que é preciso cuidado, já que estamos em ano eleitoral e algumas pessoas podem se aproveitar da situação para ganhar visibilidade política.

“Acabamos de passar isso no caso da Heineken. Em curto espaço de tempo e por versões falaciosas, fizeram com que Pedro Leopoldo perdesse a planta, deixando de gerar milhares de empregos na região e mais de R$ 200 milhões de impostos ao ano para o município. A gente vê a replicação da mesma coisa agora. Pega o ícone que é a Serra do Curral e fala que vai destruir. Tem abaixo assinado para tombar a serra, que já é tombada há anos, desde 1961 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A serra é intocável e será preservada. O empreendimento não altera a área protegida e visual da Serra do Curral. As imagens de que a serra vai acabar são maldosas”.

Ainda segundo Roscoe, o projeto aprovado não causará grandes impactos nos recursos hídricos e no abastecimento das cidades no entorno. Isso porque, segundo a Fiemg, “a interferência será mínima, sem rebaixamento do lençol freático e sem afetar a vazão das três nascentes localizadas no local do empreendimento. Não haverá impactos no sistema de captação de água do rio das Velhas, que abastece Belo Horizonte, uma vez que o empreendimento se encontra a jusante do rio”.

Outro ponto esclarecido se refere às barragens. O projeto, que permite apenas a operação da primeira fase e abrange 42 hectares, não terá barragem de rejeito e o tratamento do minério será a seco, diminuindo o risco de emissão de particulados (poluição). 

“Na realidade, não acredito que o projeto terá barragem em algum momento, porque não foi previsto isso. Há todo um método para beneficiar o minério sem barragens, então, não faz sentido. Se, eventualmente, por um cenário mais adverso possível, decidir construir uma barragem, será necessário desenvolver um novo projeto de licenciamento, começando do zero”, disse Roscoe.

Ainda segundo a Fiemg, a área onde os 42 hectares serão explorados faz parte de uma área total de 1,25 mil hectares. Com isso, a poeira, o ruído e a vibração ficarão restritos à área do projeto. Além disso, serão adotadas medidas mitigadoras, como cinturão verde, aspersão, controle de carga explosiva, além de serem implantados sistemas de monitoramento e controle ambiental para cada um desses impactos, inclusive instalados não só na área do empreendimento como também em seu entorno.

Para evitar o uso de vias públicas, foi firmado convênio entre o Estado e a Tamisa para a construção de uma nova rodovia pública que será utilizada para passagem de caminhões, retirando os veículos das vias urbanas de Nova Lima, Belo Horizonte e Sabará. A nova ligação viária promete contribuir para reduzir o trânsito de caminhões de minério na MG-030, que é uma das principais vias de acesso local.

O projeto minério da Tamisa

O projeto de exploração de minério de ferro da Tamisa na Serra do Curral, em Nova Lima, é considerado importante para Minas Gerais e pode ser uma alternativa para o abastecimento do parque guseiro estadual com a hematitinha. Nesta primeira fase aprovada do projeto, que permite a mineração em 42 hectares, serão cerca de 1 milhão de toneladas de minério de ferro por ano, o que corresponde a pouco menos de 0,5% da produção deste mineral no Estado. 

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, há um comprometimento dos empreendedores em direcionar a produção da hematitinha para o polo guseiro de Minas. O ganho, segundo ele, será muito maior do ponto de vista econômico, já que há escassez da hematitinha no Estado e o setor guseiro poderá contar com o fornecimento local.  

“O minério presente na área é muito utilizado no sistema de gusa e, hoje, grande parte do abastecimento de Minas Gerais é feita com o produto vindo de Goiás e do Mato Grosso, ou seja, com impacto ambiental razoável pelo frete. A presença desse minério no nosso entorno é muito relevante. Já temos escassez desse minério, a hematitinha. Então, esse projeto, do ponto de vista econômico, transcende a produção de 1 milhão de toneladas A hematitinha vai ser direcionada para o polo guseiro e, com isso, teremos uma arrecadação tributária maior. Como não será exportado, pagará ICMS. O Estado de Minas terá o recolhimento do ICMS da fatia que ficar aqui. Uma parte relevante do minério, senão todo, será industrializado em Minas, gerando um encadeamento produtivo muito relevante”, disse Roscoe.  

Serão gerados cerca de 2 mil novos postos de trabalho diretos e indiretos, sendo que 60% da mão de obra será da região. É esperada uma arrecadação de impostos de cerca de R$ 4 bilhões ao longo dos 10 anos de exploração. A segunda fase, que ainda não foi aprovada, prevê a mineração em mais 58 hectares. A área total da Tamisa soma 1,25 mil hectares.

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