Economia

Fim do Aeroporto Carlos Prates pode ir para Justiça

Associação Voa Prates tentará evitar o encerramento das atividades do aeródromo
Fim do Aeroporto Carlos Prates pode ir para Justiça
O Aeroporto Carlos Prates abriga 22 hangares e 15 empresas do setor de aviação, com geração de 500 empregos | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo Diário do Comércio

A associação Voa Prates vai tentar mudar o destino do Aeroporto Carlos Prates, na região Noroeste de Belo Horizonte. A previsão é que hoje seja o último dia de funcionamento do espaço como aeródromo.“Estamos tentando reverter a situação, estamos nos mexendo. Vamos usar todas as ferramentas possíveis e viáveis.  Em último caso, se nada mudar, a saída é buscar a Justiça”, diz o presidente da associação, Estevan Velásquez. 

O Ministério de Portos e Aeroportos, por meio de nota, confirmou o encerramento das atividades no local. “A exclusão do Aeroporto Carlos Prates do cadastro de aeródromos públicos está confirmada para o próximo sábado (1º), conforme preconiza a Portaria nº 10.074/SIA da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), publicada em 16 de dezembro de 2022, ainda no governo passado”, afirma o comunicado.

A área do aeroporto, de 547 mil metros quadrados, abriga 22 hangares, 15 empresas do segmento de aviação e, segundo Velásquez, cerca de 500 pessoas vão perder seus empregos, além de provocar um “caos” na aviação na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e em regiões próximas.  

O presidente da entidade frisa que não é possível que toda a estrutura montada no local seja transferida para outra área. “Não tem num raio de 150 quilômetros de Belo Horizonte uma área com toda a infraestrutura adequada para receber uma fração do que acontece no Carlos Prates atualmente. A Pampulha, por exemplo, não tinha mais hangar vazio”, argumenta.

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Ele conta que 15 aviões do Carlos Prates pousaram no pátio do aeroporto da Pampulha, ocupando todo o espaço disponível. Apenas as aeronaves com hangar ou em situação de emergência conseguem pousar no local. De acordo com o presidente da associação, as empresas instaladas não tiveram tempo hábil para fazerem qualquer tipo de planejamento. E haviam até ontem 108 aeronaves no Aeroporto Carlos Prates.

De acordo com a entidade, o aeroporto Carlos Prates é reconhecido pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo como um dos mais seguros do País, sendo o segundo mais movimentado de Minas Gerais e o 23º do Brasil.

O presidente do Voa Prates afirma que a avaliação de que o Aeroporto Carlos Prates “seria inviável” e “deficitário” é falsa. De acordo com a associação, vários estudos de viabilidade comprovaram que o aeródromo é economicamente viável, inclusive estão em poder do governo do Estado. “A Voa Prates tem assinadas mais de 15 cartas de compromisso de empresas interessadas em fazer negócios no aeroporto, dispostas a estar naquele local tão logo sejam autorizadas para operar”, afirma.

Polêmica

A situação do aeroporto divide opiniões. No último dia 22, aconteceu um ato contra o encerramento das atividades do aeródromo, em frente ao Ministério Público Federal (MPF), em Belo Horizonte. O protesto, que contou com cerca de 70 pessoas, entre alunos, pilotos e colaboradores das cinco escolas de aviação instaladas no aeródromo. 

Na ocasião, eles afirmaram que o fim do aeroporto vai impactar no fim da formação de 1 mil jovens por ano que desejam atuar no setor de aeronáutica, além de desestruturar as instituições de ensino da área que são referências do setor no País. De acordo com informações da Voa Prates, desde a sua fundação, o aeroporto formou mais de 85 mil aviadores, posicionando-se no mercado aeroportuário como o segundo maior centro de instrução do Brasil.

O destino do local também recebeu diversas sugestões. A mais recente foi usar a área do aeroporto para viabilizar o Distrito de Inovação Prates Tech. A proposta é do Sindicato da Indústria de Software e da Tecnologia da Informação do Estado de Minas Gerais (Sindinfor).

Na última quarta-feira, representantes de associações de moradores do entorno do aeroporto se reuniram com o prefeito Fuad Noman, além de deputados e vereadores para discutir sobre projetos para a área após sua doação. A proposta da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é que o local seja utilizado para construção de moradias populares, área de lazer e convivência e equipamentos públicos como áreas de saúde e escolas. A estimativa é que o projeto custe cerca de R$ 500 milhões, que viriam de financiamentos. 

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