Financiamento de veículos recua 3,3% no primeiro semestre em Minas Gerais

Impactado pelas atuais condições econômicas do País, o financiamento de veículos novos e usados apresentou recuo de 3,3% no primeiro semestre em Minas Gerais. Ao todo, o Estado somou 303,7 mil registros de condições aprovadas, cerca de 10 mil a menos na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo levantamento da B3.
Em destaque negativo, o segmento de autos leves, apresentou queda de 4,1% nos seis primeiros meses deste ano. Também houve retração no número de motos financiadas (-0,5%) e veículos pesados (-6%).
De acordo com o economista e docente do Centro Universitário UniBH, Fernando Sette Jr, a retração no financiamento de veículos em Minas Gerais é consequência de um ambiente macroeconômico adverso, marcado por juros elevados, inflação persistente e menor poder de compra das famílias. “O custo do crédito continua muito alto, com financiamentos de automóveis atingindo taxas anuais próximas a 30%, o que encarece as parcelas e afasta potenciais compradores”, observa.
Somado a isso, o economista prevê que a inflação ainda pressiona o orçamento doméstico, obrigando os consumidores a priorizarem despesas essenciais e adiando a troca ou aquisição de veículos. No mercado, uma possível mudança no perfil da demanda pode estar afetando o estoque de veículos, especialmente seminovos e com isso elevando os preços.
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“Muitos consumidores migraram para carros usados ou motocicletas, que têm um valor médio menor, em busca de alternativas mais acessíveis. Contudo, a escassez de estoque, o aumento do preço dos seminovos e as mesmas restrições de crédito limitam esse movimento”, avalia o economista.
No segmento de veículos pesados, importante para a economia mineira devido à forte presença do agronegócio e da logística, a queda é ainda mais sentida. Para Sette Jr, a retração dos investimentos em transporte e o encarecimento das frotas contribuem para o desaquecimento regional.
Retomada será desafiadora e efeito negativo pode afetar outros setores
Para o segundo semestre, o cenário é marcado por incertezas e pode acarretar um efeito cascata sob outros setores. “Também afeta o comércio local e os empregos ligados à cadeia automotiva, como oficinas, seguradoras e financeiras”, estima Sette Jr.
O economista observa que esse cenário de retração só será contornado a partir de uma combinação de eventos no contexto econômico brasileiro. “Uma retomada só será possível com uma queda expressiva dos juros, melhora das condições fiscais e eventual implementação de políticas públicas específicas, como programas de renovação de frota e incentivos regionais”, conclui.
No Brasil, o financiamento de veículos totalizou 3,4 milhões de unidades no primeiro semestre de 2025, considerando unidades novas e usadas de autos leves, pesados e motos. Na comparação com o primeiro semestre do ano passado, o mercado apresentou uma redução de 0,7%: 24 mil unidades financiadas a menos.
Dentre os segmentos, a categoria de autos leves apresentou uma redução de 2,6% frente ao período entre janeiro e junho de 2024. Já o financiamento de veículos pesados e motos recuou de forma mais acentuada, com queda de 4,6% e 4,4% respectivamente.
“Os resultados mostram que, diante de um cenário macroeconômico mais adverso, o mercado de financiamento de veículos continua enfrentando dificuldades para retomar o ritmo de crescimento e alcançar os níveis observados no ano anterior, com destaque para a retração mais acentuada no segmento de automóveis e comerciais leves usados neste primeiro semestre”, avalia o superintendente de Produtos de Financiamento na B3, Daniel Takatohi.
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