Financiamento de veículos cresce mais de 10% em 2023, indica B3

Em 2023, Minas Gerais foi responsável pelo financiamento de 547,6 mil veículos, entre 152,5 mil novos e 395,1 mil usados, o que representa crescimento de 10,6% em relação a 2022. Nacionalmente, as vendas financiadas somaram quase 6 milhões de unidades, sendo 2 milhões de automóveis novos e 3,9 milhões de usados, uma elevação de 10,1%. Os dados são da B3.
Para o economista e colunista do DIÁRIO DO COMÉRCIO Guilherme Almeida, dois fatores motivaram a alta dos financiamentos de veículos no período. O primeiro deles, diz respeito à queda dos preços dos automóveis usados. Já o segundo, refere-se à redução do custo de capital.
Embora o especialista ressalte que os preços dos veículos no geral permaneçam em patamares elevados, ele destaca que o valor dos automóveis usados apresentou deflação no ano passado, estimulando a demanda. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o recuo médio foi de 4,2%, enquanto no Brasil, a baixa chegou a 4,8%.
Situação semelhante ocorre com a taxa básica de juros da economia (Selic), que, na avaliação de Almeida, segue alta, a 11,75% ao ano, porém teve um importante ciclo de redução iniciado em agosto último. Ele explica que todo o mercado incorpora essa flexibilização monetária do Banco Central, não na mesma velocidade, mas isso implica em uma contração das linhas de crédito.
Incentivo do governo ao setor automotivo e boom de aplicativos de transporte
Quanto às categorias, a B3 aponta que, no Estado, no ano passado, houve 405,9 mil financiamentos de automóveis leves, um acréscimo de 9% frente ao exercício anterior. No País, as vendas financiadas do segmento alcançaram 4,3 milhões de unidades, um incremento de 7,7%.
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Segundo o economista, os incentivos do governo ao setor automotivo, como a cessão de créditos tributários às montadoras em troca de descontos nos preços dos veículos, pode ter estimulado a alta dos financiamentos de automóveis leves. Ele recorda que as medidas para facilitar a renovação da frota contemplavam tanto as pessoas físicas quanto jurídicas, incluindo as locadoras.
Já as vendas financiadas de motos apresentaram o maior crescimento no ano de 2023. No Estado, foram 109,1 mil financiamentos, um aumento de 24,1% no confronto com igual intervalo anterior. No País, o volume ficou em praticamente 1,4 milhão de unidades, uma alta de 21%.
Por outro lado, os dados da B3 apontam que os financiamentos do segmento de veículos pesados tiveram uma queda no último ano ante 2022. Em Minas Gerais, o decréscimo chegou a 8%, com 30,9 mil automóveis financiados. Nacionalmente, o recuo foi de 0,2%, com 275,8 mil unidades.
Uma das possíveis explicações para esses resultados, segundo Almeida, pode ser o alto preço dos veículos pesados e o uso das motos como ferramenta de trabalho. Neste último caso, o economista destaca que há indícios de que os aplicativos de transporte elevam os aluguéis e as compras de automóveis. Sendo assim, ele realça o recente boom dos serviços de transporte por motocicletas no Brasil, o que sugere mais pessoas adquirindo-as para o exercício profissional.
Há espaço para que o financiamento de veículos aumente em 2024
Para este ano, o especialista diz que há vários fatores para serem acompanhados, como o preço dos combustíveis, os vetos de alguns municípios ao transporte de moto por aplicativo e a projeção do IBGE de recuos nas safras. Porém, ele afirma que o principal fator a ser observado é a Selic. A taxa, segundo ele, exerce a maior influência sob a decisão de compra e deve cair em 2024.
“De certa forma, existem as particularidades de cada segmento de automóveis, mas olhando para os parâmetros macroeconômicos, eu acredito que há um espaço para o financiamento subir, a depender dos juros. O juro tende a baratear. Pode ser que isso estimule as pessoas a adquirirem um automóvel ou uma empresa a renovar sua frota”, analisa Guilherme Almeida.

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