Economia

Financiamentos imobiliários via poupança totalizam R$ 9 bilhões em Minas

Embora expressivo, caderneta apresenta queda de 18% na comparação com o mesmo período do ano passado
Financiamentos imobiliários via poupança totalizam R$ 9 bilhões em Minas
Foram financiados 26,4 mil imóveis em Minas Gerais entre janeiro e outubro | Foto: Reprodução Adobe Stock

O mercado imobiliário de Minas Gerais registrou desaceleração no volume de crédito concedido via poupança (SBPE) em 2025. Entre janeiro e outubro, os financiamentos totalizaram R$ 9 bilhões no Estado, com queda de 18% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

O resultado foi impactado pelo encarecimento do crédito em decorrência da elevada taxa de juros. No período, foram financiadas 26,4 mil unidades no Estado nas modalidades de aquisição e construção, um ritmo inferior ao de 2024, quanto totalizou 32 mil unidades.

De acordo com o diretor-executivo da Abecip, Filipe Pontual, a queda para 2025 já era esperada em decorrência do aumento dos juros para a linha de crédito da poupança. “É um reflexo do aumento dos juros no País. A demanda já vinha sendo antecipada e praticamente esgotada, com expectativa de um encolhimento próximo de 25%”, pontua.

Segundo ele, os bancos destinaram mais de 70% dos recursos da poupança ao financiamento imobiliário, um número acima dos 65% obrigatórios. “Com a alta dos juros, os bancos passaram a recorrer mais às LCIs para complementar os recursos da poupança. Como esses papéis seguem taxas de mercado, o custo do financiamento ficou bem mais alto”, explica.

Mesmo com menor participação, financiamentos com recursos da poupança seguem expressivos

Embora tenha perdido força na captação de recursos, o executivo frisa que a poupança segue com intensa utilização para financiamento imobiliário. Em outubro deste ano, o investimento correspondeu por 29% da fatia de financiamento, seguido pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) com 27%, e LCI (19%). Os outros aportes estão distribuídos nas demais modalidades.

Ao longo do tempo, a poupança tem uma participação menor, mas mesmo assim segue em crescimento. No recorte para o mês de outubro, o montante nesse investimento saltou de R$ 730 bilhões em 2023 para R$ 753 bilhões em 2025 no País.

Apesar do freio nos novos contratos, a associação destaca a pequena inadimplência na modalidade, que permanece em níveis historicamente baixos, na casa de 0,9%, indicando a qualidade do crédito concedido. Além de novos mecanismos, a substituição da hipoteca por alienação fiduciária do imóvel, a melhor seleção de clientes e a educação financeira por parte dos contratantes foram apontados como principais justificativas para a redução.

“O financiamento habitacional é a modalidade com menor inadimplência e, por isso, tem as taxas de juros mais baixas do mercado. É um padrão que se repete em diferentes países”, acrescenta Pontual.

Volume financiado chega a R$ 127,8 bilhões no Brasil

No Brasil, em outubro, os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas somaram R$ 14,8 bilhões. O volume é o terceiro maior para um mês de outubro na série histórica.

Frente a setembro de 2025, houve redução de 6%, enquanto em relação a outubro de 2024, o montante foi 17,7% menor. Com isso, nos primeiros dez meses de 2025, o volume financiado foi de R$ 127,8 bilhões, ficando 17,1% abaixo do montante verificado no mesmo período do ano passado.

Com relação às unidades, entre janeiro e outubro de 2025, o total de imóveis financiados com recursos da poupança chegou a 369,1 mil unidades. O número representa uma redução de 21,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Para 2026, a expectativa é de recuperação, se confirmado o controle da inflação e a redução na taxa de juros a partir de fevereiro. “2025 está sendo um ano muito bom, e a expectativa é que 2026 seja tão positivo quanto, ou até melhor, com a confirmação de um cenário de juros mais baixos”, conclui Pontual.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas