Economia

Financiamentos de veículos em Minas Gerais avançaram 6,6% em outubro

Operações de crédito contemplaram mais de 60 mil unidades novas e usadas em outubro no Estado
Financiamentos de veículos em Minas Gerais avançaram 6,6% em outubro
Apesar dos juros elevados, o cenário econômico é considerado favorável para as vendas financiadas de veículos | Foto: Diário do Comércio / Arquivo / Alessandro Carvalho

O financiamento de veículos novos e usados em Minas Gerais registrou aumento de 6,6% em outubro na comparação com setembro, segundo dados do Sistema Nacional de Gravames (SNG) divulgados pela B3 na quarta-feira (19). Ao todo, mais de 60 mil veículos foram financiados no Estado, com destaque para veículos pesados, com alta de 12,3%; e para veículos leves usados, com 7,7%, o que equivale a mais de 35,5 mil automóveis novos apenas no mês.

Em relação ao mesmo período no ano anterior, o crescimento foi menos expressivo, mas ainda assim favorável, com alta de 3,2%. Nesse cenário, o destaque vai para o financiamento de motos, que aumentou 16,5% no período de 12 meses.

O crescimento do financiamento de automóveis ocorre em um cenário econômico mais favorável ao consumo, apesar da alta taxa Selic, que atualmente está em 15% ao ano. “A melhora gradual do mercado de trabalho, observada tanto no aumento da massa salarial real quanto na queda consistente do desemprego ao longo de 2025, tem reforçado a confiança das famílias. Em cenários assim, mesmo que o custo do crédito continue pressionado, os consumidores passam a reavaliar decisões adiadas durante períodos de incerteza, especialmente em setores que atendem a necessidades cotidianas, como transporte individual e mobilidade urbana”, afirma o economista e professor da UniBH, Fernando Sette Júnior.

Atualmente, os juros para a aquisição de automóveis variam de 9,02% a 28,59% ao ano, conforme a instituição bancária, mas, ainda assim, o setor financeiro vem mantendo oferta de crédito, calibrando prazos e condições de financiamento que sejam compatíveis com a renda das famílias.

A estabilização dos preços também impacta na sensação de insegurança econômica, dando mais expectativa de que os juros elevados possam ser revertidos em curto prazo. Sette Júnior alega que a antecipação de compras próxima a mudanças na política monetária é comum em economias com alta sensibilidade ao crédito e que “isso é particularmente verdadeiro no mercado automotivo, onde decisões são de médio e longo prazo e dependem fortemente do sentimento de confiança, não apenas das taxas vigentes”.

Outros pontos que também podem ter impactado neste crescimento do mercado em outubro são a troca de veículos, o que vinha sendo postergado, devido a melhores preços nos automóveis usados e seminovos; necessidade de mobilidade individual, o que tem reflexos no aumento da venda de motos; e renovação de frotas de pequenas empresas ou que tenham dependência de eficiência logística.

“O que se observa em Minas Gerais é uma combinação de melhora macroeconômica, expectativas positivas, necessidade real de consumo e condições mínimas de crédito que, juntas, explicam o avanço do financiamento de veículos e o alinhamento do Estado à tendência nacional”, explica o professor.

O mercado mineiro vem acompanhando o ritmo do Brasil, que registrou no último mês a maior quantidade de vendas financiadas dos últimos 18 anos, com 697 mil veículos, número 6,8% maior que em setembro deste ano; e 4% em relação a outubro de 2024. Em 2007, mais de 709 mil unidades foram financiadas.

Nos últimos 12 meses, aponta o levantamento, houve um aumento de 6,7% de vendas de veículos novos, principalmente motos, que tiveram crescimento de 19,5%.

Já no intervalo de janeiro a outubro de 2025, mais de 6 milhões de automóveis foram financiados no País, o melhor resultado desde 2011. As regiões Norte e Nordeste tiveram uma variação positiva frente ao mesmo período de 2024, com 9,9% e 11,6%, respectivamente. Já o Centro-Oeste, Sudeste e Sul tiveram quedas de até 2,9%.

Estabilidade

A desaceleração da inflação, mercado de trabalho aquecido e expectativa de redução de juros futuros devem fazer com que o setor tenha uma perspectiva de “estabilidade com viés de crescimento moderado”, aponta o professor Fernando Sette Júnior.

“O ritmo deve ser menos acelerado do que o observado em outubro, já que a política monetária segue restritiva e pode limitar expansões mais fortes; portanto, o cenário mais provável é de continuidade do crescimento, porém em velocidade menor, sem sinais claros de retração estrutural no horizonte imediato”, prevê.

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