Economia

Flexibilidade e segurança são desafios para a mulher na mineração

O levantamento reúne dados de 33 grandes empresas do setor relacionados à diversidade, equidade e inclusão (DEI)
Flexibilidade e segurança são desafios para a mulher na mineração
Patrícia Procópio: segurança física e psicológica requer avanço | Crédito: Alex Ayala

A organização Woman In Mining Brasil (WIM-Brasil) apresentou ontem, no Mining Hub, em Belo Horizonte, o 3º Relatório de Indicadores sobre o Avanço da Inclusão das Mulheres na Indústria de Mineração Brasileira. O levantamento reúne dados de 33 grandes empresas do setor relacionados à diversidade, equidade e inclusão (DEI) da mulher na atividade minerária. Flexibilidade e segurança do ambiente de trabalho foram apontados como alguns dos principais desafios para a retenção das profissionais nesse mercado.

Daniela Brites, da EY, disse que o relatório mostra que há uma preocupação das empresas minerárias nesse sentido, mas é preciso que as empresas garantam realmente a alocação e retenção das mulheres no setor.

“Têm ações sendo construídas pelas organizações de criação de vieses, de conscientização sobre a importância, mas, de fato, a alocação das mulheres na operação ainda vem acontecendo de forma tímida. Temos uma oportunidade para as organizações repensarem esse processo, terem um olhar para a competência para colocarem as mulheres onde elas devem estar”, comenta Brites.

A presidente da WIM-Brasil, Patrícia Procópio, aponta que o ambiente da mineração ainda não está adequado para reter a mulher no mercado. Mais mulheres são atraídas para a indústria, mas por questões como falta de segurança – física e psicológica – e flexibilidade, muitas deixam o setor de forma voluntária ou involuntária.

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“Essas são dois pontos que a gente tem reforçado. É essencial um ambiente seguro porque você tem que estar confortável. É nesse tema que vamos falar dos assédios. A gente ainda convive com esse tipo de ação e então como será trabalhado?”, reflete Procópio, que emenda: “A flexibilidade vem sendo uma questão para homens e mulheres do mundo corporativo, mas extremamente importante para a mulher, que acumula, no seu dia a dia, uma série de atividades profissionais e pessoais, e a flexibilidade é necessária para ela”, diz a executiva, que também é diretora Latam de Planejamento, Inovação & ESG da Hexagon.

Ela disse que, com a pandemia, muitas mulheres foram atraídas para o setor pela flexibilidade daquele momento. Mas, agora que as empresas têm voltado ao trabalho presencial, este pode ser um fator de desligamento das empregadas das empresas.

Economia do cuidado

Inclusive, essa situação da mulher no mercado de trabalho está no cerne dos estudos de Claudia Goldin, professora da Universidade de Harvard e Nobel de Economia deste ano. A economia do cuidado é o conceito para serviços não remunerados que atendem necessidades físicas e psicológicas de terceiros, em sua maioria, realizado por mulheres, principalmente com a maternidade. Esse serviço, invisível ao mercado, ocasiona o “gender gap”, a disparidade salarial e de oportunidades entre homens e mulheres na carreira profissional.

Para Aline Nunes, gerente de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), não há outro caminho para as empresas que não seja intensificar e estruturar ações voltadas para essas questões. “Falando especificamente das mulheres, as características delas na vida em sociedade, o nosso padrão cultural, elas precisam fazer parte da implementação desses programas. Isso deve estar enraizado dentro das empresas e ser a base para montagem dessas iniciativas”, disse.

A gerente do Ibram conta pelo tamanho da necessidade, as empresas precisam trilhar esse caminho para manterem seus negócios fortalecidos. “Essa iniciativa precisa ser mais estruturada e a gente precisa de estudos. Cada empresa, cada município, cada região tem um contexto. É ouvir, estudar, analisar o perfil das mulheres em cada empreendimento e adequar o programa de trabalho dentro de cada instituição”, finaliza.

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