Shoppings de MG registram queda no fluxo de pessoas no primeiro quadrimestre de 2025

O fluxo de pessoas nos shoppings de Minas Gerais registrou variação negativa de 0,8% no acumulado dos primeiros quatro meses de 2025 em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, o Estado apresentou alta de 3% no Índice de Fluxo de Pessoas (Iflux) de abril, na comparação com o mesmo mês de 2024
De acordo com o estudo, realizado pela Mais Fluxo, em parceria com o instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) e Tendências Consultoria Econômica, a queda apresentada pelos malls mineiros no acumulado do ano foi mais acentuada que as retrações registradas no indicador nacional (-0,45%) e na região Sudeste (-0,27%).
O superintendente da Associação dos Lojistas de Shopping Centers do Estado de Minas Gerais (Aloshopping/MG), Marcelo Silveira, disse que essa queda pode ser explicada por uma combinação de fatores econômicos, comportamentais e sazonais. Dentre eles está o efeito calendário, principalmente a Páscoa, que ocorreu em abril, ao contrário de 2024, quando caiu em março.
“Isso postergou o impulso sazonal tradicionalmente gerado pela data, concentrando as compras relacionadas ao feriado fora do primeiro trimestre”, relata.
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O feriado prolongado de Carnaval, segundo o dirigente, foi outro fator que impactou o setor, já que muitos consumidores costumam viajar nesse período do ano. Esse comportamento reduziu o fluxo em algumas cidades, significativamente, impactando diretamente a circulação de pessoas nos shoppings.
Já do ponto de vista econômico, Silveira avalia que os consumidores estão mais cautelosos, devido à inflação de serviços e a elevada taxa de juros. “O que compromete o poder de compra, sobretudo para itens não essenciais, predominantes no varejo de shopping centers”, completa.
A digitalização do consumo também pode ser considerado um fator determinante para o resultado apresentado pelos malls mineiros. O superintendente da Aloshopping/MG relata que a migração dos consumidores para as compras on-line e o comportamento mais seletivo dos clientes, priorizando experiências e deslocamentos mais planejados, têm afetado o tráfego espontâneo no setor.
“Esses fatores, somados, ajudam a compreender a ligeira retração registrada no fluxo de pessoas durante o início de 2025”, afirma.
Páscoa e cinema impulsionaram bom desempenho em abril

Quanto ao desempenho apresentado em abril, esse foi o é o primeiro resultado positivo de Minas após dois meses de queda no levantamento. Lembrando que o Estado iniciou o ano com crescimento de 1,1% no fluxo de pessoas em janeiro, mas, logo em seguida, registrou recuos de 0,1% e 7,2% nos dois meses seguintes, antes de voltar a crescer no quarto mês do ano.
Para Silveira, esse aumento do fluxo de consumidores nos shoppings centers está ligado a uma combinação de fatores conjunturais e sazonais, que impactaram diretamente o comportamento de consumo da população. Dentre eles, está o efeito calendário, com as vendas de Páscoa, que proporcionou um movimento mais concentrado de compras típicas do período.
“Esse deslocamento gerou um efeito estatístico positivo sobre as comparações interanuais, ampliando a base de consumo do mês”, esclarece.
De acordo com o especialista, o segmento de varejo alimentício especializado, que inclui chocolaterias e bombonieres, foi diretamente beneficiado pela movimentação típica do período de Páscoa.
“O comportamento do consumidor diante de datas comemorativas é conhecido por elevar as vendas de produtos sazonais, o que, naturalmente, impulsiona o fluxo nas lojas e também nas praças de alimentação, áreas de convivência e entretenimento dos shoppings”, explica.
O dirigente também destaca o papel do setor de entretenimento para o aumento do fluxo de pessoas em abril, com a estreia de “Um Filme Minecraft”, que alcançou a maior bilheteria de estreia do ano até o momento. “O cinema, por sua natureza, atrai consumidores que tendem a combinar o lazer com o consumo em outros estabelecimentos do shopping, o que potencializa o volume de visitas e de circulação interna”, diz.
O superintendente da Aloshopping/MG ressalta que é necessário compreender que esse crescimento não se deu por um único fator isolado, mas sim pela soma de dois eventos de grande apelo popular.
Segundo ele, esses dados ajudam a compreender como o calendário e as estratégias de ativação de eventos exercem papel fundamental na dinâmica de consumo no varejo físico. “Especialmente em centros comerciais que atuam como polos multifuncionais de compras, lazer e serviços”, completa.
Cenário nacional e desempenho dos shoppings do Sudeste

O indicador nacional registrou aumento de 1,9% em abril deste ano frente ao mesmo mês de 2024. Este resultado representa um cenário de recuperação, após uma queda de 4,7% no Iflux de março deste ano e retração de 1,4% no fluxo de pessoas nos shoppings em abril do ano passado. No entanto, o índice registrou uma variação negativa de 21,2% frente a abril de 2019, no período pré-pandemia.
Já a região Sudeste do País registrou alta de 1,4% frente ao mesmo mês do ano passado. Assim como o restante do Brasil, a região vem apresentando um movimento de recuperação após quedas no indicador de março (-5,2%) e de abril do ano passado (-0,5%).
Conforme o levantamento, os próximos resultados tendem a mostrar crescimento do fluxo de pessoas nos shoppings brasileiros, mesmo que ainda menos expressivos que em anos anteriores.
Isso porque, apesar da expectativa de desaceleração da atividade, alguns pontos positivos dos condicionantes da demanda, como o mercado de trabalho ainda aquecido e a chegada da nova modalidade do consignado privado, poderão sustentar o consumo no curto prazo.
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Porém, segundo o estudo realizado pela Mais Fluxo, em parceria com o Ipec e Tendências Consultoria Econômica, a elevação da inflação deverá pesar cada vez mais no bolso das famílias e seguir como um importante limitador do consumo neste ano.
Perspectivas para o varejo permanecem positivas
Para Silveira, as perspectivas para o desempenho do varejo nos próximos meses permanecem positivas, apesar de indicar um ritmo de crescimento moderado frente ao observado no mesmo período do ano anterior, considerando que parte da base comparativa anterior foi fortemente influenciada por eventos pontuais e um ciclo de recuperação mais acelerado.
“Essa tendência de desaceleração gradual da atividade econômica já era esperada e se alinha ao cenário macroeconômico nacional, marcado por uma política monetária ainda restritiva, incertezas fiscais e impactos do ambiente global”, pontua, lembrando dos condicionantes positivos como o mercado de trabalho aquecido e o lançamento de crédito consignado privado.
Segundo o especialista, a expectativa é positiva, principalmente, para os segmentos com apelo emocional, como moda, eletrônicos, lazer e alimentação. Ele ressalta que a realização de campanhas promocionais bem estruturadas e experiências personalizadas continuarão sendo fundamentais para a fidelização dos clientes e para o incremento do tíquete médio.
“Em resumo, o cenário para os próximos meses pode ser descrito como de crescimento com cautela, sustentado por fundamentos domésticos relativamente favoráveis. Mas exigindo atenção constante à evolução do crédito, da confiança do consumidor e das políticas públicas que possam afetar diretamente o consumo das famílias”, conclui.
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