Frete cai e transportadoras esperam queda no desempenho em 2025

As empresas de transporte rodoviário de cargas em Minas Gerais esperam uma queda de até 5% no faturamento deste ano, período marcado por uma demanda menor e pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As transportadoras já tinham revisado para baixo as expectativas de desempenho anteriormente para estabilidade ou queda. Agora, os empresários do setor estão mais certos de uma retração no faturamento em 2025.
A estimativa do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg) é que o desempenho do setor em 2025 recue entre 3% a 5% no Estado. No acumulado do ano, as transportadoras já apresentam uma queda entre 2,5% a 3%.
Vale lembrar que, no início do ano, o setor de transporte de cargas no Estado esperava um crescimento entre 5% a 10% em 2025, com aumento nas margens de lucro, expectativa que foi descartada pelas transportadoras já na metade do ano.
O vice-presidente do Setcemg, Adalcir Lopes, destaca que a oferta de caminhões em Minas Gerais está muito maior do que a demanda do transporte de cargas, o que tem forçado a queda no preço do frete pago aos transportadores de carga.
De acordo com dados da última análise do Índice de Frete Rodoviário da Edenred (IFR), com base em dados exclusivos da plataforma Repom, o preço médio do frete por quilômetro rodado em Minas Gerais no mês de setembro foi de R$7,32, o que representa uma queda de 2,14% em relação ao praticado em agosto. No País, o valor médio foi de R$ 7,25 em setembro, o que significa um recuo de 1,49%.
O IFR é um índice do preço médio do frete com uma composição baseada nos dados exclusivos das 8 milhões de transações anuais de frete e vale-pedágio administradas pela Edenred Repom.
Em um cenário de taxa básica de juros (Selic) historicamente elevada, a queda na demanda das empresas, especialmente nos setores industriais, mais o tarifaço de Trump, têm feito algumas empresas reverem os planos de investimentos em expansões da capacidade produtiva, o que preocupa o setor de transporte de cargas no Estado.
Considerado um “trevo nacional” no transporte rodoviário de cargas, Minas Gerais concentra as maiores transportadoras do País, o que faz o impacto ser maior no Estado do que no Brasil, aponta Lopes. “Todas as empresas estão protelando investimentos para tentar entender esse mercado mundial, o que afetou o cenário para este ano”, lamenta. “Hoje temos muito mais disponibilidade de caminhão e não tem demanda, então o frete vai cair mesmo”, completa.
As transportadoras mineiras agora depositam as esperanças que a conversa aventada entre o mandatário norte-americano e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) renda frutos positivos para o comércio bilateral entre os dois países. O setor espera a realização do encontro entre os dois presidentes – e suas consequências – para traçar novas perspectivas para os próximos meses e início de 2026. Fora isso, ressalta Lopes, “a incerteza é total”.
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