Economia

Frete por aplicativo cresce 70% em Minas

Segundo relatório da plataforma Fretebras, aumento de contratações ocorreu no 1º trimestre frente igual intervalo de 2021
Frete por aplicativo cresce 70% em Minas
Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O volume de fretes rodoviários no Brasil contratados através de aplicativos aumentou 36,8% no primeiro trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período de 2021, o que demonstra que o setor de transporte de cargas está cada vez mais digitalizado.

Ao todo, foram movimentados R$ 18 bilhões em fretes de janeiro a março de 2022 por meio da Fretebras, aponta a 7ª edição do “Relatório Transporte Rodoviário de Cargas”, editado pela plataforma.

Os fretes de Minas Gerais representaram 16,7% do total contratado através da plataforma no primeiro trimestre de 2022, um aumento de 70% em relação ao ano passado. A representatividade do Estado subiu 3 pontos percentuais no período, colocando-o em segundo lugar no volume de fretes, atrás apenas de São Paulo.

Minas Gerais se destaca na movimentação de insumos para a construção, respondendo por 52,8% dos fretes do setor. Eles representaram 43% dos fretes originados no Estado, um aumento de 113% em comparação com o mesmo período do ano passado.

O principal insumo transportado foi o cimento, que representou quase 80% dos fretes deste setor, originados no Estado nesse período. O crescimento foi de 164% em comparação com o mesmo período do ano passado. Outro destaque em Minas foram os fretes do agronegócio, que responderam por quase um quarto daqueles originados no Estado durante o primeiro trimestre deste ano. O produto mais transportado foram os fertilizantes, com 44 mil fretes originados no Estado – um crescimento de 79% em comparação com os primeiros três meses de 2021.

Digitalização

Os dados da Fretebras demonstram que as transportadoras estão cada vez mais recorrendo a aplicativos na busca por caminhoneiros autônomos para realizar os transportes. Da mesma forma, os caminhoneiros estão cada vez mais conectados, já que hoje existem mais de 695 mil cadastrados na plataforma da Fretebras.

“O forte movimento das empresas em buscar soluções digitais para contratar caminhoneiros para seus fretes continua impulsionando o crescimento de transações na plataforma e transformando o setor de Transportes e Logística como um todo. Dessa forma, o mercado conseguiu se preparar melhor para enfrentar as condições adversas enfrentadas no primeiro trimestre, como a guerra da Ucrânia, as constantes altas da inflação e dos juros e a recuperação pós-pandêmica”, destaca o diretor de Operações da Fretebras, Bruno Hacad.

“O grande fator que está por trás da digitalização das rotas é a pressão da inflação sobre os custos do transporte, puxada principalmente pela alta do diesel. O mercado tem notado que a contratação de autônomos usando aplicativos de frete, como o nosso, tem gerado economias de 20% a 30% quando comparado com frota própria. Por isso, grandes setores como agro, construção e indústria apostam neste tipo de solução. Naturalmente, Sul e Sudeste puxam o movimento por serem regiões onde a digitalização está mais presente”, reforça Hacad.

Segundo o executivo, os transportadores não estão conseguindo repassar a alta do custo para o frete. Por ser o principal insumo do transporte, a elevação do diesel impacta muito o desempenho das empresas. O combustível representa de 40% a 60% do custo e, somado à  mão de obra e manutenção, perfaz 90% dos custos operacionais e entre 60% e 80% do faturamento de uma transportadora, segundo a Associação Nacional de Transporte de Cargas e  Logística (NTC&Logística).

“Para contornar essa situação, percebemos cada vez mais as transportadoras optando pela busca de caminhoneiros autônomos através de plataformas digitais, como a Fretebras. A digitalização proporciona uma economia de 20% a 30%”, sustenta Hacad. Ele acredita que o projeto que limita em 17% a alíquota do ICMS sobre os combustíveis, caso aprovado, deverá surtir efeito, mas não a curto prazo, mesmo caso da nova Medida Provisória sobre a tabela do frete.

“As movimentações do governo são importantes, mas elas demoram para gerar um impacto real no transporte rodoviário de cargas. É necessária uma mudança na atitude dos transportadores para gerar um impacto mais positivo no curto prazo. É preciso que eles negociem mais e melhor, usando mais informações como referência para a sua negociação”, afirma Hacad. 

Agronegócio lidera movimentação pelo País

No agronegócio, a rota com mais movimentações de cargas por meio da plataforma da Fretebras no primeiro trimestre de 2022 é a que liga São Borja e Rio Grande, no Rio Grande do Sul, com 1.453 fretes. Já entre os produtos industrializados, a rota mais movimentada é entre Curitiba (PR) e São Paulo (SP), com 1.072 fretes. No setor de construção civil, a maioria dos fretes (2.514) foi feita entre Arcos(MG) e Piracicaba(SP). 

A região Centro-Oeste foi a que mais impulsionou o crescimento do número de fretes, puxado principalmente pelos produtos agropecuários. No primeiro trimestre deste ano, o aumento dos fretes na região foi de 65,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. O Sudeste e Sul, que sempre apareciam em maior destaque, tiveram crescimentos de 42,0% e 10,2%, respectivamente.

Os setores que movimentaram o Brasil no primeiro trimestre de 2022 foram o agronegócio, a indústria e a construção, que representam mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O agronegócio puxou a oferta de fretes no período, com 37,4% das cargas registradas na plataforma da Fretebras e cerca de R$ 6,7 bilhões em fretes distribuídos.

Em seguida estão os produtos industrializados, que originaram 27,7% dos fretes anunciados na Fretebras no primeiro trimestre de 2022 e movimentaram cerca de R$ 5 bilhões. Os itens mais transportados no período foram os alimentícios (19%), seguidos por máquinas e equipamentos (11,2%) e siderúrgicos (9,9%). Os estados de maior destaque no desempenho do segmento foram São Paulo (28,1%), Paraná (13,4%) e Minas Gerais (11,2%).

Já os fretes de insumos para construção representam 13,6% das cargas registradas na Fretebras no ano passado, movimentando R$ 2,4 bilhões. Os produtos mais transportados foram cimento (53,1%), telha (5,9%) e pisos (4,8%). Em relação ao primeiro trimestre de 2021, houve crescimento de 68,5% em 2022 no volume de fretes da categoria, e os estados que mais carregaram insumos no setor foram Minas Gerais (52,8%), São Paulo (10,7%) e Paraná (4,6%).

“O mercado de construção permaneceu aquecido apesar da escalada da taxa de juros, situação que deve mudar um pouco este ano. O setor está começando a sentir o impacto negativo da alta dos juros e da inflação nos insumos. Ainda há aumento das atividades, porém as expectativas são de desaceleração no crescimento”, aponta Bruno Hacad.

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