Fretes rodoviários em Minas crescem 57,3%

Minas Gerais registrou a maior alta no volume de fretes contratados através da plataforma on-line de transporte de cargas Fretebras no primeiro semestre de 2022. A alta atingiu 57,3% na comparação com igual intervalo do ano passado. O Estado assumiu a segunda posição no País (17,8% das cargas transportadas), impulsionado pelo setor da construção.
São Paulo, que lidera o ranking (21,3%), teve, no mesmo período, um aumento de 35,8% na mesma base de comparação. Os dados são do relatório “O Transporte Rodoviário de Cargas”, editado pela plataforma.
Os produtos mais transportados em Minas foram insumos para construção, que tiveram uma alta de 75,5%, do agronegócio (63,8%) e produtos industrializados (36,3%), representando respectivamente 45%, 24,1% e 17,2% da carga contratada via Fretebras no País. Em Minas, foram registrados 55% dos fertilizantes transportados, uma alta de 63%; 10,3% da soja (alta de 162,5%) e 78,8% dos fretes de cimento, que tiveram um aumento de volume de 119,3% quando comparados aos do ano passado.
O preço do diesel preocupa as transportadoras, já que, em julho deste ano, o óleo passou a representar 37% dos custos – em julho de 2020, ele respondia por 27% do custo do transporte. “Sabemos que em alguns casos pode ser maior, ou seja, a participação do diesel está definitivamente aumentando, o que é um ponto de muita atenção”, observa o diretor de Operações da Fretebras, Bruno Hacad.
“Apesar das reduções recentes no diesel, ele ainda está 54,5% acima do ano passado, quando comparamos os meses até agosto. Em Minas, o diesel está 33,14% acima do ano passado, neste mesmo período. Ou seja, não vemos uma possibilidade de queda no preço do frete, já que o seu principal insumo ainda está alto”, acrescenta.
Em todo o Brasil, o aumento do volume de fretes no primeiro semestre de 2022 foi de 38%. As regiões Centro-Oeste e Sul (com altas de 67,4% e 19,4%, respectivamente) ajudaram a puxar esse crescimento, junto da região Sudeste, pela representatividade dos fretes nessas localidades. Ao todo foram movimentados, pela plataforma, 4,7 milhões de fretes no valor de R$ 49 bilhões, de janeiro a junho de 2022.
Mesmo com a alta inflação, crise dos preços dos combustíveis e incertezas econômicas em decorrência dos conflitos internacionais, o PIB do transporte cresceu 2,1% no 1° trimestre de 2022, mais que o PIB nacional (1%), quando comparado ao do mesmo período de 2021.
Os estados que mais se destacaram percentualmente foram: Distrito Federal (362%), Mato Grosso (95,2%) e Goiás (70,8%), cujo volume de fretes foi impulsionado, respectivamente, por obras públicas, soja e soja, fertilizantes e milho.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, os fretes do agro aumentaram 33,2%. Em Minas, eles tiveram um incremento de 64% no primeiro semestre e os produtos mais transportados foram fertilizantes, soja e milho.
“Produtos como o milho e o trigo tiveram ótima performance no primeiro semestre e ambos devem ter recordes de produção até o final do ano. Agora com a intensificação dos conflitos na Ucrânia, a demanda pelo trigo brasileiro pode aumentar mais ainda para o exterior. Além disso, o clima favorável para as culturas de 2ª safra traz boas perspectivas para o agronegócio do País nos próximos meses”, informa Hacad.
Setor industrial
A produção industrial brasileira acumulou queda de 2,2% em relação ao primeiro semestre de 2021, como reflexo de dificuldades que se mantém, como o aumento nos custos de produção e a falta de insumos. Mesmo assim, o transporte cresceu: o volume de fretes da indústria, registrados pela Fretebras, cresceu 37,6% neste período.
Eles representaram 27,7% das cargas e os produtos mais transportados foram alimentos, máquinas e equipamentos e siderúrgicos, reciclagem e celulose. Minas Gerais transportou 11,1% dos fretes da indústria, vindo atrás de São Paulo e do Paraná.
“Apenas 8 dos 26 segmentos da indústria analisados pelo IBGE já retomaram o nível de produção pré-pandemia de fevereiro de 2020. Para os próximos meses, as dificuldades com os custos e falta de insumos e as incertezas com a inflação elevada e o desemprego preocupam e limitam a expansão do consumo. Entretanto, de acordo com a CNI, a estimativa de projeção de crescimento da indústria passou de queda de 0,2% para alta de 0,2% em 2022”, aponta Bruno Hacad.
Construção
Os fretes de insumos para a construção representaram 14,8% dos fretes do 1° semestre de 2022, na plataforma Fretebras, um aumento de 58,9% na comparação com o mesmo período de 2021. Mais da metade – 55,2% – foram de cimento. Minas foi o estado que mais transportou produtos da construção civil, 54,4% do total. O segmento teve um aumento de 75,6% no volume transportado, quando comparado ao semestre passado e os principais produtos foram cimento, pedra e telha.
“A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) projeta um crescimento de 13,5% para este ano, uma estimativa bem maior que a do PIB do País. A explicação para o otimismo é que os negócios firmados há dois anos começaram a sair do papel. Neste cenário, está a retomada de grandes empreendimentos, obras e reformas particulares”, informa Hacad.
“Entretanto, há uma preocupação com os custos e a demanda por materiais de construção. Com a finalização dessas obras em andamento, decorrentes de um período pós-quarentena, não se sabe se a construção civil terá fôlego para crescer no segundo semestre”, alerta.
Ouça a rádio de Minas