Fundação Renova estima realizar aportes de R$ 5,86 bi neste ano
Rio – A Fundação Renova, criada pelas mineradoras Vale e BHP para gerir e executar reparações e compensações pelo rompimento de barragem da Samarco, prevê aportar R$ 5,86 bilhões em ações em 2021, afirmou à Reuters o diretor-presidente, André de Freitas.
O total previsto para este ano representa um crescimento de 25% ante 2020, com impulso da adoção de um sistema que permitirá agilizar o pagamento de indenizações, disse a fundação.
Segundo Freitas, os pagamentos deverão somar R$ 17 bilhões até o final de 2021, considerando montantes desde que a fundação foi instituída após o desastre.
Para o ano, os recursos incluem cerca de R$ 2 bilhões em indenizações e auxílios financeiros – esse tipo de pagamento deverá totalizar, até fim de 2021, R$ 5 bilhões, considerando os valores realizados desde o início.
“O nosso trabalho de reparação não tem teto (de valores), este ano vamos para o nosso maior orçamento da história… A gente está aqui para cumprir… com foco na celeridade e eficiência e depois fechar a fundação, quando entregarmos a nossa missão”, afirmou Freitas, em entrevista por telefone.
O colapso de barragem da Samarco, em Mariana, em novembro de 2015, deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e atingiu o rio Doce, em todo o seu curso, até o mar do Espírito Santo, sendo considerado à época o maior desastre socioambiental do Brasil.
A Fundação Renova foi criada em agosto de 2016, fruto de um acordo entre a Samarco, Vale e a anglo-australiana BHP – donas da mineradora, com diversas autoridades federais e estaduais, de Minas Gerais e Espírito Santo.
O acerto entre as partes prevê que a Renova conclua suas tarefas até 2030, e o orçamento estimado da Renova, revisto com determinada frequência, prevê que sejam empenhados cerca de R$ 24 bilhões até a conclusão dos trabalhos.
Freitas ressaltou que as indenizações ganharam novo impulso nos últimos meses, com o Sistema Indenizatório Simplificado, implementado pela Fundação Renova a partir de uma decisão da 12ª Vara Federal em ações apresentadas por Comissões de Atingidos dos municípios impactados.
Ele tem possibilitado o pagamento de indenização a categorias com dificuldade de comprovação de danos, como por exemplo pessoas que tiravam seu sustento do rio Doce, como pescadores, segundo a entidade.
Desde o primeiro pagamento por meio do sistema, em setembro, até o fim de janeiro, mais de 5 mil danos foram pagos por essa ferramenta, ultrapassando R$ 435 milhões.
Conclusão – Dentre os trabalhos já finalizados, Freitas afirmou que a água do rio Doce já tem os padrões de turbidez verificados antes do desastre, podendo ser consumida após passar por tratamento convencional em sistemas municipais de abastecimento.
Ele disse, no entanto, que o rio recebe de esgoto não tratado cerca de três vezes o volume de rejeitos derramado pela Samarco, o que traz danos ao meio ambiente. Dentre as suas tarefas, a Renova prevê R$ 600 milhões para a área de saneamento, em 39 municípios. (Reuters)
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