Economia

Fundo do Sebrae garantiu R$ 8 bilhões em empréstimos

Fundo do Sebrae garantiu R$ 8 bilhões em empréstimos
Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Em 2020, no início da pandemia, o empresário Fernando Braga, proprietário de duas lojas de móveis em Betim, se viu em apuros. Com o comércio fechado, ele até continuou vendendo on-line ou em meia porta, mas achou melhor pegar um empréstimo para honrar seus custos fixos e fazer estoque de produtos. O que o atraiu no financiamento que contraiu no BDMG foram as taxas de juros – “bem baixas” – e o prazo de carência confortável, de oito meses.

Mal sabe ele que o que viabilizou o financiamento foi a garantia do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), um instrumento do Sebrae que, nos anos de 2020 e 2021, apoiou mais de 130 mil micro e pequenas empresas na obtenção de R$ 8 bilhões em empréstimos – quase 30% de todo o volume de crédito garantido pelo fundo desde sua criação, em 1995, que foi de R$ 25,8 bilhões até o momento.

Em Minas, 30 mil pequenos negócios (MEI, ME e EPP) contrataram mais de R$ 1,5 bilhão em financiamentos garantidos pelo Fampe. “A maior dificuldade para a pequena empresa conseguir crédito, além da análise de risco, é oferecer garantias. O fundo de aval é uma forma do Sebrae fomentar o empreendedorismo, facilitando o acesso ao crédito e beneficiando diretamente este segmento”, explicou o analista de Desenvolvimento Econômico do Sebrae-MG, Igor Martins. 

O Fampe é um fundo garantidor gerido pelo Sebrae, que atua como avalista das operações de crédito para os pequenos negócios, desempenhando o papel de fornecer as garantias sobre o crédito que muitas vezes esses empreendedores não podem ou não conseguem fornecer às instituições financeiras. Pelas linhas de crédito garantidas pelo fundo, o MEI pode pegar no máximo R$12,5 mil; ME, R$ 75 mil e EPP, R$ 120 mil.

A expectativa do Sebrae em 2022 é manter a média dos anos anteriores e garantir entre 12 mil e 15 mil empréstimos em Minas, no valor de cerca de R$ 800 milhões. A inadimplência é controlada e, segundo Martins, 50% menor que a do sistema financeiro tradicional. A empresa paga uma comissão de aval (CCA), que gira em torno de 1% do valor contratado. 

 Os recursos vêm do Orçamento do Sebrae Nacional e garantem até 80% do financiamento. 

“O Fampe apoia linhas para Investimento fixo com capital de giro associado, capital de giro puro, desenvolvimento tecnológico e inovação e exportação; em Minas, porém, as instituições conveniadas operam apenas com as linhas de capital de giro, mas para uso livre”, esclareceu Martins.

O fundo honra a dívida do empreendedor, mas antes de acionar a “honra do Fampe”, o banco esgota todas as possibilidades de cobrança e negociação com a empresa. E, mesmo depois de honrado pelo Sebrae, o processo de cobrança pelo banco continua. É o banco também que define as condições da operação: avaliação de risco, taxa de juros, carência, além da conveniência do Fampe garantir ou não o financiamento.

“O Sebrae oferece crédito assistido, ou seja, a orientação para que ele seja utilizado de maneira consciente, sustentável e a empresa continue adimplente durante toda a vigência do contrato”, informou Igor Martins. O Sebrae oferece também orientações antes da operação. “Crédito é igual remédio: se for demais, pode ser prejudicial à saúde da empresa; se for de menos, pode não surtir o efeito desejado”, comparou o analista.

Hoje, as taxas de financiamento com garantia do Fampe variam de acordo com a instituição financeira, mas ainda são atrativas: estão entre 1,79% e 2,24% ao mês. A linha específica do Fampe na Caixa tem carência de 12 meses, um diferencial que atraiu Andrea Misk, sócia do tradicional Cristina Misk Buffet, há 24 anos atuando em eventos corporativos na capital mineira.  

“Nós ficamos praticamente dois anos sem trabalhar. Negociamos aluguel, suspendemos contratos de funcionários, mas mesmo assim vários custos fixos continuaram. Tivemos que lançar mão de empréstimos e, depois de pegarmos um Pronampe, a Caixa nos ofereceu este com a garantia do Sebrae. Eles inclusive entraram em contato e ofereceram uma assessoria depois que o dinheiro saiu”, conta Andrea.   

Andrea e a filha Cristina contrataram um empréstimo de R$120 mil em 36 parcelas, com 12 meses de carência. Ela já pagou três prestações e está animada. “Em dezembro foi muito bom o movimento; em janeiro eu até arrepiei com a Ômicron, mas em março melhorou e, em abril, já está normal”, comemorou.

Segundo Melles, durante a pandemia, crédito foi essencial | Crédito: Divulgação

Diminuição de risco

O processo de garantia pelo Sebrae é tão sutil que o beneficiário, às vezes, nem fica sabendo. “Mas certamente o Fampe atua para diminuir o risco do financiamento e, assim, incentivar a instituição financeira a emprestar, afinal quanto mais líquida a garantia, mais aceita ela é. O que também contribui para reduzir a taxa de juros”, apontou Igor Martins.

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, destacou que, durante a pandemia, o crédito foi fundamental para fornecer os recursos necessários à sobrevivência de todos os pequenos negócios, seja para reformular seus modelos de negócios, sobretudo no ambiente virtual, ou se adequar aos protocolos de segurança para o momento de reabertura.

Entretanto, segundo Melles, mesmo com o controle da pandemia, o cenário permanece difícil com a alta da inflação e o aumento das taxas de juros. “Entendemos que é um cenário desafiador para os pequenos negócios e para a economia do País como um todo, mas é o momento também de mais uma vez mostrarmos que os pequenos negócios têm potencial para serem os grandes protagonistas da retomada do desenvolvimento econômico e social do País”, frisou.

Energia mais barata favorece pequenos

Rio de Janeiro – A notícia de que a taxa extra aplicada às contas de luz ficará na cor verde até o fim do ano, sem cobrança adicional para os consumidores favorecerá os pequenos negócios, disse ontem a analista do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae Rio), Aline Barreto. A informação sobre a permanência da bandeira verde foi divulgada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na semana passada.

Segundo Aline, os pequenos negócios foram muito afetados pela pandemia de covid-19. “Com o aumento da energia elétrica, os empreendedores precisaram avaliar se valia a pena repassar o aumento para o consumidor. Essa medida trará alívio para quem empreende”, afirmou a analista do Sebrae..

Pesquisa feita pelo Sebrae nacional em dezembro do ano passado, com 6.883 empreendedores de todos os estados e do Distrito Federal, composta por 59% de microempreendedores individuais (MEI), 36% de microempresas (ME), 5% de empresas de pequeno porte (EPP), e focada no momento que os pequenos negócios atravessam, constatou que a grande maioria dos empreendedores nacionais tomou medidas para diminuição dos custos com energia elétrica.

Entre os responsáveis por pequenos negócios entrevistados na pesquisa, 24% evitam usar energia no horário de pico, 4% instalaram painéis solares, 9% trocaram equipamentos antigos por outros mais modernos, 9% inspecionaram a qualidade das instalações elétricas da empresa, 38% orientaram seus colaboradores sobre a importância de gastar menos energia e 31% não tomaram nenhuma medida.

No estado do Rio de Janeiro, onde se encontram 534 empreendedores do total de 6.883 consultados pelo Sebrae, 29% dos pequenos negócios evitaram usar energia no horário de pico nos últimos meses, 2% instalaram painéis solares, 8% trocaram equipamentos antigos por modelos mais modernos, 9% inspecionaram a qualidade das instalações elétricas da empresa, 36% orientaram seus colaboradores sobre a importância de gastar menos energia e 31% não tomaram nenhuma medida.

Normalidade  – De acordo com o levantamento do Sebrae nacional, os empreendedores acreditam que a economia só voltará ao normal em 16 meses, ou seja, em abril de 2023.

Conforme a pesquisa, o momento vivido pelos pequenos negócios é refletido nos seguintes percentuais: 31% estão funcionando como funcionavam antes da crise; 55% passaram por mudanças por causa da crise; 9% tiveram o funcionamento interrompido temporariamente e 5% fecharam de vez. (ABr)

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