Economia

Declaração do G20 alerta sobre riscos para economia em cenário de elevada incerteza

Texto negociado pelo bloco também reitera compromisso com independência dos bancos centrais
Declaração do G20 alerta sobre riscos para economia em cenário de elevada incerteza
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Rio de Janeiro – Os países do G20 disseram ver “boas perspectivas” do chamado pouso suave para a economia global, mas alertaram sobre múltiplos desafios e riscos crescentes em meio a um cenário econômico de elevada incerteza.

Pouso suave é uma expressão usada para descrever uma situação de recuo da inflação com menor impacto possível na atividade econômica. O texto repete a linguagem acordada pelos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais em outubro, em Washington (EUA).

Desta vez, o texto não cita os motivos para o aumento dos riscos. No documento da trilha financeira, publicado no mês passado, havia menção a guerras e conflitos crescentes, fragmentação econômica, inflação mais persistente, impacto das mudanças climáticas, entre outros.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vem alertando para o ambiente externo desafiador. No último encontro, a autoridade monetária brasileira apontou como principal fator a incerteza nos Estados Unidos, logo após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais.

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“Observamos boas perspectivas de um pouso suave da economia global, embora múltiplos desafios permaneçam e alguns riscos negativos tenham aumentado em meio à elevada incerteza”, diz trecho de documento obtido pela reportagem.

Na versão a que a reportagem teve acesso, há uma indicação de que o parágrafo relativo à economia está fechado.

O texto repete que a atividade econômica se mostrou mais resiliente do que o esperado em muitas partes do mundo, mas que o crescimento tem sido “altamente desigual” entre os países, o que contribui para o risco de divergência econômica.

Os membros do G20 se dizem preocupados que as perspectivas de crescimento global a médio e longo prazo estejam abaixo das médias históricas. “Continuaremos a nos esforçar para reduzir as disparidades de crescimento entre os países por meio de reformas estruturais”, diz o texto.

A declaração fala ainda que os bancos centrais “permanecem fortemente comprometidos em alcançar a estabilidade de preços de acordo com seus respectivos mandatos.”

“Reiteramos nosso compromisso de promover ainda mais fluxos de capital sustentáveis e fomentar estruturas de políticas sólidas, notadamente a independência dos bancos centrais”, diz o documento, em trecho já usado pelos ministros de finanças.

No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a independência do Banco Central era “bobagem” e criticou reiteradas vezes o presidente da autoridade monetária brasileira, Roberto Campos Neto.

No comunicado, os países também reafirmam o compromisso de promover “um sistema financeiro aberto, resiliente, inclusivo e estável, que apoie o crescimento econômico e seja fundamentado na implementação completa, oportuna e consistente dos padrões internacionais acordados, apoiado pela coordenação contínua de políticas.”

Os documentos do G20 são importantes para apontar leituras e orientações comuns entre as maiores economias avançadas e emergentes do globo. O grupo representa cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. (Reportagem distribuída pela Folhapress)

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