Galípolo afirma que cenário é desconfortável para BC atingir meta de inflação

“Desconfortável”. Foi como o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, definiu o cenário atual para o Banco Central atingir a meta de inflação de 3%. A afirmação foi dada no segundo dia do 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito (Concred), realizado no Expominas, em Belo Horizonte.
Três dias após a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), apresentada na última terça-feira (6), ele voltou a reforçar que o BC não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado. E declarou que a projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,2% até o primeiro trimestre de 2026, é tratada claramente pelo Copom como acima da meta.
Os motivos apresentados pelo comitê, conforme Galípolo, é por entenderem que o cenário atual é desafiador, marcado por projeções mais elevadas e mais riscos para a alta da inflação. “Esse reconhecimento remete a uma discussão de várias avaliações de bancos e investidores que passaram a estabelecer análises de correlação entre a taxa de câmbio, a inflação e a função de reação da política monetária”, explicou.
O diretor do BC, esclareceu ainda que, se o câmbio chegar em um patamar ‘x’, a inflação vai ser projetada e então, seria necessário subir a taxa de juros a um determinado patamar. “É sabido e reconhecido o impacto que a taxa de câmbio tem na inflação corrente e nas expectativas de inflação. Porém, seria um equívoco estabelecer essa reação mecânica entre taxa de câmbio e política monetária. Primeiro porque a passagem dessa taxa de câmbio para a inflação é dependente de uma série de condicionantes, não se dá de maneira linear. Depois, porque existem diversos outros pontos que vêm sendo levantados como pontos de atenção e preocupação também por parte da autoridade monetária”, afirmou.
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Gabriel Galípolo também afirmou que acha curiosos os questionamentos de que diretores do Banco Central, indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não poderiam votar pela elevação da taxa de juros. “Acho legítima a dúvida, mas foi colocado inclusive na ata do Copom que todos os diretores estão dispostos a fazer o que for necessário para atingir a meta”, afirmou.
Mercado externo também é preocupação para Galípolo
O diretor de Política Monetária do BC também ressaltou os pontos trazidos pela ata do Copom sobre o cenário externo. Galípolo reforçou que a situação se mantém adversa, com incertezas sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária na economia norte-americana.
Ele também citou o cenário econômico do Japão. “Essa elevação da taxa de juros no Japão, depois de um longo período de armadilha de liquidez (cenário que demonstra uma situação de mercado na qual a taxa de juros está em 0% ou muito próxima disso) provocou uma série de movimentações recentes nas últimas semanas que fazem, a partir desta volatilidade, mostrar que as informações ficam velhas rapidamente”, ponderou. Ele explica que, em função deste cenário, o mercado fica numa posição mais defensiva e qualquer alteração de dados, faz balançar bastante os mercados de um modo geral.
Concred abre portas para a nova geração

Nesta quinta-feira (8), cerca de 1500 alunos do ensino médio e do ensino profissionalizante de 17 escolas públicas do Estado e do Sistema S tiveram oportunidade de participar da Feira de Negócios Cooperativistas que acontece concomitante ao Concred. Eles ouviram palestras e circularam pelos negócios em exposição.
Segundo a superintendente da Confebras, Telma Galleti, o maior propósito da integração da juventude é engaja-los no cooperativismo financeiro. “A gente entende que hoje o cooperativismo como um todo precisa dessa renovação, a gente precisa trazer os jovens para o nosso lado. Então, na Integração de Juventude, além de trazer palestras sobre educação financeira, sobre futuro, nós tentamos de uma maneira transversal mostrar o quanto é importante eles se conectarem no cooperativismo financeiro”, afirmou.
Para sexta-feira (9) também são esperados mais 1,5 mil alunos, totalizando a participação de 3 mil.
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