Economia

Gasolina puxa alta do IPCA-15 na RMBH em julho, aponta IBGE

A inflação registrada na região foi o maior resultado mensal entre todas as áreas pesquisadas
Atualizado em 25 de julho de 2025 • 19:14
Gasolina puxa alta do IPCA-15 na RMBH em julho, aponta IBGE
Foto: Alessandro Carvalho/Diário do Comércio

A alta no preço da gasolina pesou e, mesmo com queda geral no preço dos alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) acelerou e apresentou avanço de 0,61% em julho frente ao mês anterior.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação registrada na região ficou bem acima da média nacional (0,33%) e foi o maior resultado mensal entre todas as 11 áreas pesquisadas.

Cinco dos nove grupos de produtos e serviços analisados apresentaram alta no indicador, com destaque para o grupo de Transportes, com variação positiva de 1,93% no período. Em seguida, vieram:

  • Habitação (1,45%)
  • Despesas pessoais (0,82%)
  • Comunicação (0,31%)
  • Saúde e Cuidados Pessoais (0,22%)

O grupo Alimentação e Bebidas, que tradicionalmente impulsiona o IPCA-15 para cima, apresentou queda de 0,35%. Outros três grupos apresentaram deflação no período. São eles:

  • Artigos de residência (-0,27%)
  • Vestuário (-0,18%)
  • Educação (-0,01%)

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No mês de julho, os preços da gasolina subiram 4,49% e provocaram o maior impacto individual positivo no índice, de 0,24 ponto percentual (p.p.). Além do combustível, o aumento de 29,57% no custo da passagem aérea e de 15,35% em transporte por aplicativo também impactaram o índice geral. A passagem aérea, inclusive, foi o item com a maior elevação dos preços na RMBH no período.

O custo da energia elétrica residencial subiu 3,89%, devido à manutenção da bandeira vermelha na conta de luz e do reajuste tarifário de 7,36%, aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no final de maio para a conta da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Assim, o impacto individual positivo foi de 0,16 p.p. no IPCA-15 e contribuiu para a inflação do grupo Habitação.

O grupo Alimentação e Bebidas, porém, registrou quedas nos custos de diversos produtos em julho, inclusive no café moído (-4,47%), que passa por uma histórica trajetória inflacionária há um bom tempo. Além do café, batata-inglesa (-16,55%), laranja-pera (-14,91%), melancia (-13,99%), cenoura (-13,38%), cebola (-12,75%) e arroz (-2,98%) também observaram retrações nos preços durante o mês.

Por outro lado, as altas nos preços do mamão (17,81%), tomate (6,66%), banana-prata (5,92%), no lanche (1,27%) e na refeição (0,68%) não deixaram o indicador do grupo alimentício cair ainda mais.

IPCA-15 da RMBH acima da média nacional em 2025

O IBGE também indicou que a RMBH apresentou variação positiva de 5,86% nos últimos 12 meses, a maior variação do IPCA-15 entre todas as áreas pesquisadas. O resultado também está acima da média do País, de 5,30% no período.

No acumulado do ano, o custo de vida na região metropolitana de Belo Horizonte obteve uma alta de 3,72% no indicador, considerado a prévia da inflação oficial. É o segundo maior resultado entre todas as áreas pesquisadas, atrás somente de Curitiba (3,73%). O IPCA-15 da RMBH, em 2025, também está acima da média do País, de 3,40%.

Queda no preços dos alimentos não é suficiente para compensar inflação da gasolina

O economista, consultor e conselheiro de política econômica Stefan D’Amato destaca que o que tem impulsionado o IPCA-15 na RMBH, de forma mais consistente, são os aumentos no grupo de transportes e habitação, mais representados por reajustes em itens essenciais de consumo urbano, como a gasolina e a conta de luz.

O que tem ajudado a conter uma alta ainda mais expressiva na inflação belo-horizontina, aponta, são as reduções observadas nos preços de diversos alimentos in natura, como a batata, laranja, cebola, arroz e café. No entanto, D’Amato ressalta que essas quedas se devem à sazonalidade e não indicam, necessariamente, uma tendência de alívio nos preços.

Ele pontua que a dinâmica dos preços dos alimentos continua sensível a questões climáticas, logísticas e à precificação no atacado. “A queda nos alimentos não tem sido suficiente para compensar o avanço da gasolina. O grupo transportes foi, de forma clara, o principal responsável pela aceleração do IPCA-15 em julho”, disse D’Amato.

O economista analisa ainda que, além da gasolina, também houve pressão inflacionária das passagens aéreas e do transporte por aplicativo, o que indica que a mobilidade urbana, tanto privada quanto coletiva, tem sido um dos eixos de inflação na RMBH no momento. “Esse comportamento impacta não apenas o consumo direto das famílias, mas também os custos operacionais de atividades produtivas e de serviços, o que tende a gerar efeitos em cadeia”.

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