Gasolina sobe 3,57% nos postos de combustíveis de Minas Gerais; veja os motivos

O preço médio do litro da gasolina subiu 3,57% nos postos de combustíveis de Minas Gerais na última semana. Isso corresponde a um aumento de R$ 0,21 por litro, e concretiza as previsões dos especialistas de que o combustível ultrapassaria os R$ 6, chegando ao preço médio de R$ 6,09.
A alta é reflexo do aumento do valor de venda do combustível para as distribuidoras, anunciado pela Petrobras no último dia 8 de julho.
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Os dados são do último levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), divulgado esta semana. A pesquisa considera a semana dos dias 7 a 13 de julho.
O etanol hidratado também teve um acréscimo de 3,45%, ou R$ 0,14 por litro, quando comparado ao valor registrado na semana anterior nos postos de Minas Gerais. Enquanto o litro do biocombustível era vendido a R$ 4,05 entre 30 de junho e 6 de julho, na semana passada a média foi de R$ 4,19.
Já a gasolina estava custando R$ 6,09 na última semana, enquanto na semana anterior, o preço médio era de R$ 5,88. Segundo a ANP, em Minas Gerais, o preço máximo do litro da gasolina encontrado nos postos chegou a R$ 6,69, batendo recordes históricos.
A capital mineira registra valores ainda mais altos. Na última semana, o etanol foi vendido a um preço médio de R$ 4,40 o litro, e a gasolina a R$ 6,17. O preço máximo encontrado em Belo Horizonte foi de R$ 4,59 para o etanol e R$ 6,69 o litro da gasolina.
Alta acompanha mercado internacional
O professor de Ciências Contábeis e diretor do Centro Universitário Estácio Floresta, Alisson Batista, explica que a alta da Petrobras foi necessária para acompanhar o mercado internacional. “A Petrobras estava segurando os recorrentes aumentos internacionais e, para corrigir face a este cenário, foi importante o reajuste”, explicou.
O economista da Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP), Denis Medina, ressalta também a inflação e a alta do dólar como principais motivos para os aumentos. “O dólar subiu, então, o combustível precisava acompanhar a cotação internacional. Além disso, foram quase nove meses sem aumento (desde outubro de 2023), e a inflação registrou alta, aumentando os custos de um modo geral”, avaliou.
Já sobre o acréscimo maior de Belo Horizonte e do estado de Minas Gerais em relação à média nacional, o professor da Estácio Floresta explica que os preços comercializados por aqui estavam defasados e sendo Minas o estado com a maior malha rodoviária do País, o preço fica mais suscetível às variações do mercado.
“Se a gente comparar o preço da região metropolitana com outras regiões e outras capitais, é possível observar que estávamos com valores mais baixos, mais competitivos. Além disso, Minas tendo a maior malha rodoviária do País, e o combustível sendo um componente importante no mercado, esse tipo de produto fica mais sensível às variações”, informou.
A especialista em Finanças na Escola de Negócios da PUC Rio, Graziela Fortunato, entende que a inflação é um ponto importante.
“O mercado mineiro reflete a pressão inflacionária do setor, e o preço da gasolina estava sendo ‘segurado’ há algum tempo até com redução de impostos para não prejudicar o consumidor. Agora foi o momento que eles entenderam para ajustar os valores”, analisa.
Etanol fica à mercê do mercado
A variação do preço do etanol, na avaliação dos especialistas, é uma questão mercadológica. Como ele não foi impactado pelo aumento da Petrobras, deveria ser um atenuante no preço final da gasolina, já que o combustível tem o biocombustível em sua composição.
“Entretanto, o etanol tem um componente muito forte que é da oferta e demanda”, diz o economista Denis Medina. “Se o mercado está valorizando mais o açúcar, as usinas modificam suas produções e reduzem a proporção para o álcool”, reflete.
O professor da Estácio, Alisson Batista, também pontua a questão da oferta e da procura. “Se a gasolina está cara, a tendência é que o consumidor procure a segunda opção. Aumentando a procura pelo etanol, aumentam-se os preços”, avaliou.
Tendência é de estabilização
Para os especialistas consultados pelo Diário do Comércio, a tendência dos preços é de estabilização. Tanto Medina quanto Batista avaliam um período de pouca variação a partir de agora. “Esperamos poucas mudanças, o reajuste foi um pouco acima da inflação e não devemos observar muitas oscilações daqui para frente”, diz Medina.
Para o professor de Ciências Contábeis Alisson Batista, o reajuste acabará sendo diluído na cadeia produtiva. “Em um primeiro momento, vem o impacto, mas a tendência é estabilizar. Algumas regiões devem continuar praticando preços mais altos, mas outras podem até cair”, conclui.
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