Indústria de produtos de cimento deve fechar ano sem crescimento

O cenário de instabilidades econômicas e políticas, tanto internas quanto externas, estão desfavorecendo o crescimento da indústria de produtos de cimento em Minas Gerais. A expectativa é que o setor feche 2024 estável, sem apontar crescimento ou queda nas vendas. A projeção é do Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento do Estado de Minas Gerais (Siprocimg).
Segundo o presidente da entidade, Lúcio Silva, as inconstâncias dos cenários político e econômico têm freado a economia. Ele cita a alta dos juros e o aumento do dólar como importantes desafios. “O pessoal fica inseguro em investir. A gente precisava de um cenário mais estável. Tem empresário que investiu fazendo compras no exterior, está pagando em dólar e agora está apavorado”, afirma.
Para Silva, há um excesso de mudanças e de informações, sobretudo no mercado interno, que desgastam o setor produtivo. Só neste ano, entre as centenas de pautas no Senado Federal foram votadas a taxação das blusinhas, a criminalização do porte de drogas ilegais em qualquer quantidade, o Marco Legal do Hidrogênio de baixa emissão de carbono e o seguro obrigatório para a proteção de vítimas de acidentes de trânsito.
Ainda entraram para a pauta de discussão a regulamentação da reforma tributária, a redução da jornada de trabalho; a regulamentação da legislação das apostas entre outros temas dos mais variados setores. “Você está na discussão tributária, daí a pouco tem as discussões da jornada de trabalho, o empresário fica sem rumo. Esta gama de informação e temas traz instabilidade”, comenta Silva.
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Na opinião do presidente do Siprocimg, há um excesso de mudanças sem consistências. “Você não enxerga benefícios. A gente precisa de algo que traga desenvolvimento”, avalia.
Perspectivas – Para o ano de 2025, Lúcio Silva espera uma melhoria nas políticas públicas. Ele acredita que sejam necessárias mais obras e financiamentos menos burocráticos.
“A indústria de produtos de cimentos não constrói, a gente vende o produto para as construtoras e o que a gente vê é uma dificuldade grande para o desenrolar das negociações. Quando você freia as construtoras, freia a gente também. Tem clientes nossos que estão sofrendo por atrasos de obras ou até da falta delas como as de infraestrutura”, destaca.
Sindicato completa 90 anos e anuncia showroom do setor
Constituído em 1934, o sindicato conta com aproximadamente 1.900 empresas filiadas. Nos 90 anos de existência, comemorados neste ano, foram diversas as ações relevantes para o setor, como as investidas em mudanças de paradigmas e o desenvolvimento massivo da qualidade dos produtos.
Para lembrar algumas dessas evoluções, Lúcio Silva, que está há 13 anos à frente da instituição, cita mudanças de hábitos, como o uso de piso intertravado em estacionamentos de prédios e unidades comerciais em substituição ao asfalto. “Na Europa e nos Estados Unidos é muito comum. Aqui, supermercados e postos de gasolina já utilizam. Precisamos ampliar ainda mais o uso. É um produto espetacular com fácil manutenção e aplicação”, afirma.
Outra mudança relevante, na opinião do gestor, foram os avanços da alvenaria estrutural. “Estamos conseguindo desenvolver blocos de concreto cada vez mais leves e mais resistentes”, diz. Ele defende que a indústria é dinâmica e precisa ser assim. “Você precisa estar acompanhando e melhorando sempre”, assinala.
O presidente da entidade também cita a Praça de Concreto, um espaço montado durante o maior evento da construção civil do Estado, o Minascon, para a apresentação, valorização e debate sobre os produtos e serviços fornecidos pelo setor.
A praça foi a grande inspiração para o showroom que será inaugurado no início do ano que vem, no Senai Paulo de Tarso (Via Expressa, 3.220, Belo Horizonte). Nesse espaço, 13 empresas apresentarão de forma permanente seus produtos e serviços. A estrutura é coberta e possui cerca de 140 metros quadrados.
“O espaço foi pensado para ser moderno e projetado para sediar uma ampla variedade de produtos do nosso setor, com exposições, lançamentos e até eventos sociais. Queremos apresentar e valorizar nossos produtos e serviços, apresentando-os para a sociedade, para os alunos e interessados em geral”, diz Silva.
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