Previdência privada arrecada mais de R$ 51 bilhões no Brasil

De janeiro até outubro deste ano, os planos de previdência abertos arrecadaram R$ 51,2 bilhões, já descontando os resgates (captação líquida). O volume é 57,3% maior se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram arrecadados R$ 32,5 bilhões. Os dados são da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi).
Até os dez primeiros meses de 2024, foram R$ 162 bilhões captados no total (captação bruta), um crescimento de 16,9% frente ao mesmo intervalo de tempo do ano passado. Já os resgates, aumentaram 4,5% no período, totalizando R$ 111 bilhões este ano.
No décimo mês do ano, último mês analisado pela Fenaprevi, as pessoas possuíam aplicados em plano de previdência privada mais de R$ 1,5 trilhão no País. O valor, de acordo com a federação, é equivalente a 13,4% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e 14,3% maior que o volume, em termos de ativos, em comparação ao mesmo mês de 2023.
O professor e diretor da unidade Floresta do Centro Universitário Estácio, Alisson Batista, que também é conselheiro de um fundo de previdência privada, atribui o alto crescimento da receita às incertezas do cenário econômico, à crescente alta da inflação e ao descontrole do governo quanto às questões das próprias contas.
“As pessoas querem investir em algo que seja garantido. E quando você tem um investimento que tenha laço em previdência, ou algum tipo de investimento que tenha um risco menor, com um ganho que seja rentável, isso atrai bastante os investidores, sobretudo em cenários de incertezas”, comenta.
Ele pontua que a opção da previdência é mais garantida do que investir em negócios. “Os negócios podem ter altos e baixos. Na previdência, você tem isso mais controlado”, reflete.
Além disso, Batista atenta para o período pós-pandemia. “Depois da pandemia, as pessoas têm tido uma maior preocupação com a questão dos anos finais da vida. Elas passaram a ter interesse em ter um plano B para a época em que elas não estiverem mais tão produtivas quanto à sua juventude”.
A alta crescente do dólar também contribuiu com o aumento da procura pelo planejamento previdenciário. “O dólar está caro e isso afugenta investidores de negócios de maior risco”, diz.
O professor também lembra das alterações realizadas pela Reforma da Previdência, em 2019: “Hoje, quem trabalha com o regime de CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] sabe que quando se aposentar haverá um deságio na renda, mesmo esta pessoa contribuindo com o teto. A previdência é um plus de renda que ela garante para a parte final da vida”.
Ainda de acordo com o relatório produzido pela Fenaprevi, em outubro de 2024, 11,2 milhões de pessoas no País contavam com, pelo menos, um plano de previdência privada. Ou seja, cerca de 7% da população acima de 18 anos no Brasil conta com essa proteção financeira, segundo os dados. São mais de 14 milhões de planos de previdência privada aberta, dos quais 80% são da modalidade individual e 20% de forma coletiva. “A previdência privada não é algo distante. A partir de R$ 50 a pessoa já pode fazer aportes”, incentiva Batista.
O professor observa ainda que o aumento constante da expectativa de vida das pessoas somados ao rombo da Previdência que só aumenta, traça um cenário em que é necessário “as pessoas abrirem os olhos para não depender somente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no futuro”. Na visão dele, “quando a pessoa começa a ter um pouquinho de organização financeira, ela já começa a pensar nesses fatores”, conclui.
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