Economia

Geração de empregos depende de novos investimentos da indústria

Inovação e qualificação ganham protagonismo nas estratégias industriais para gerar empregos sustentáveis
Geração de empregos depende de novos investimentos da indústria
Crédito: Diário do Comércio / Arquivo / Alisson J. Silva

Diante de um cenário de desaceleração econômica e da recente alta na taxa de desemprego no Brasil – que atingiu 6,8% no primeiro trimestre de 2025 -, os estímulos ao setor industrial tornam-se ainda mais necessários como estratégia para transformar esse cenário. Estados com importantes polos de indústria, como Minas Gerais, tendem a ocupar uma posição central nesse debate, mas enfrentam obstáculos para atrair novos investimentos e ampliar a oferta de emprego.

No último trimestre do ano passado, a taxa de desemprego no Estado atingiu 4,3%, uma das menores do País. Apesar dos baixos índices, o economista e docente do Centro Universitário UniBH, Fernando Sette Jr, reforça que a indústria local está próximo do limite de capacidade produtiva e que tendência é de estabilização ou queda para os próximos meses. “É uma estabilização já esperada porque a capacidade produtiva não cresce no mesmo ritmo para ampliar a oferta de vagas”.

Os avanços em produtividade partem pela implementação de melhorias, que passam pela mudança de posturas internas – muitas vezes ainda tradicionais – além de investimentos em inovação e tecnologia. A adequação ao novo contexto produtivo, aliada ao investimento em capacitação, é encarada como fundamental para que a indústria avance em competitividade e amplie oportunidades de emprego, aumentando também renda média e poder de compra dos profissionais.

Entre outubro e dezembro do ano passado, o rendimento domiciliar per capita no Estado foi de R$ 2.001, abaixo da média nacional de R$ 2.069. O índice, apesar de próximo ao observado nacionalmente, aponta um contraste entre a baixa taxa de desemprego e o avanço no montante repassado ao trabalhador, indicando que uma parte considerável de empregos gerados são de menor remuneração.

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Segundo Sette, os aumentos mais expressivos em maioria estão concentrados em setores mais voltados para qualificação e produtividade das empresas. “Se a gente destrinchar, notamos que o aumento da renda são em maioria para profissões que demandam maior escolaridade e trabalhadores mais qualificados”, destaca.

“Investimento que forma, transforma”

A partir do atual cenário, o diretor de inovação e tecnologia da Fundação Dom Cabral (FDC), Hugo Tadeu, reforça a necessidade dos empresários em investirem na capacitação para além das competências mínimas exigidas no cargo. Em outros países, a tendência observada é para formações que abraçam múltiplas áreas, em especial, de temas que mais demandam por profissionais no mercado, como Analytics, Inteligência Artificial, Big Data, Inovação e ESG.

Ao analisar o atual cenário em Minas Gerais, o diretor pontua que esses temas ainda carecem de entrar na pauta dos tomadores de decisão, que muitas vezes priorizam emprego cuja contratação de mão de obra é majoritariamente barata em decorrência do custo de capital e desafio de qualificação. “É um momento de reflexão sobre o que as empresas têm priorizado e a necessidade de requalificação dos trabalhadores em relação ao mundo de trabalho atual”, destaca.

Para que mais empregos sejam fomentados no futuro, a expectativa é que o Estado fomente e incentive a adoção de tecnologias e que elas sejam compreendidas e implementadas por altas lideranças. “Temos que trabalhar para que nos próximos anos tenhamos uma agenda de equilíbrio entre formação de mão de obra, tecnologia e inovação e o quanto estamos produzindo para ter maior competitividade”, finaliza Hugo Tadeu.

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