Economia

Geração própria de energia solar supera 3 GW de potência em Minas

Estado já atraiu aportes de R$ 15,4 bi para a modalidade
Geração própria de energia solar supera 3 GW de potência em Minas
Telhados de residências, comércios, indústrias e prédios públicos podem receber placas fotovoltaicas | Crédito: Marcos Santos/Jornal da USP

A geração própria de energia solar em Minas Gerais superou 3 gigawatts (GW) de potência instalada. Com o resultado, que foi alcançado em meados do mês, a geração de energia em telhados de residências, comércios, indústrias, prédios públicos e pequenos terrenos cresceu 30,43% se comparado com os 2,3 GW registrados em janeiro. Os dados são da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Desde 2012, a geração própria de energia atraiu mais de R$ 15,4 bilhões em investimentos no Estado, sendo responsável pela criação de mais de 90 mil empregos e de uma arrecadação de mais de R$ 2,7 bilhões aos cofres públicos.

Segundo o mapeamento da Absolar, Minas Gerais ocupa a segunda posição entre os estados com maior potência instalada de energia solar em telhados e pequenos terrenos, perdendo apenas para São Paulo.

Hoje, o Estado responde por 13,5% da potência instalada de energia solar na modalidade no País. Ao todo, são mais de 249,6 mil conexões operacionais, distribuídas pelos 853 municípios. Em torno de 331,6 mil consumidores de energia elétrica que já contam com redução na conta de luz.

De acordo com a vice-presidente da Absolar, Bárbara Rubim, Minas Gerais se destaca no cenário nacional, como Estado referência para geração própria de energia.

“Minas Gerais, de maneira geral, tem um recurso solar muito bom, ou seja, uma irradiação solar que propícia para uma geração de energia a partir do sistema fotovoltaico e das placas solares acima da média nacional. Além disso, a tarifa de energia, infelizmente, é bastante elevada, o que acaba fazendo com que o consumidor decida gerar a própria energia e tenha um retorno mais célere desse investimento feito por ele”.

Outro fator que permite a expansão significativa da geração de energia é a política pública do governo estadual. Segundo Bárbara, o governo do Estado foi pioneiro e em 2013 estabeleceu uma política pública de incentivo fiscal para o consumidor que gera a própria energia.

“Essa política foi criada cedo, nasceu em 2013, foi renovada em 2017 e fez com que Minas fosse o primeiro estado do Brasil a conceder uma isenção de ICMS para o consumidor que gera a própria energia”.

Bárbara explica ainda que a isenção não é só para geração junto à carga, mas também remotas, como, por exemplo, nas fazendas solares, que é um modelo de negócio de energia por assinatura, no qual o Minas Gerais também é referência.

“A conjunção desses três fatores que existem no Estado já há bastante tempo fizeram com que, ao longo dos anos, Minas, de fato, se destacasse e despontasse no cenário nacional como um Estado-chave, um Estado referência para a geração de energia a partir do sol”, disse.

Em relação ao avanço da geração no restante de 2023 e em 2024, as expectativas são positivas. O setor acredita que, cada vez mais, os consumidores irão optar pela geração própria.

“A gente espera, de fato, que cada vez mais o consumidor continue optando por gerar a própria energia e que haja uma melhora no cenário da concessão de crédito, que é um fator relevante para essa tomada de decisão pelo consumidor, para estimular ainda mais esse crescimento”.

Quanto a Minas, apesar de ter condições de crescer significativamente, o ritmo pode desacelerar.

“A continuidade de Minas Gerais como uma referência para a energia solar no cenário nacional, contudo, vai depender de uma postura mais ativa do Estado. Infelizmente, há alguns meses, a gente tem visto uma postura muito forte da distribuidora de energia, que ocupa a maior parte da área de concessão do Estado de Minas, que é a Cemig, em negar a conexão de novas usinas de micro geração”, revelou.

Segundo Bárbara, a Cemig alega, a partir de uma análise muito superficial, que a rede de distribuição do Estado tem pouca capacidade de receber novos sistemas de energia solar. Neste sentido, a Absolar tem cobrado uma postura mais forte do governo de Minas Gerais para trazer mais transparência e a construir uma solução e uma análise mais refinada para esses casos.

“O consumidor mineiro continua apostando na geração própria como uma maneira de economizar na conta de luz e de liberar capital para investimento em outras áreas, que são medidas extremamente importantes e interessantes. Mas a continuidade da velocidade do crescimento da energia solar no Estado, agora, vai perpassar uma postura mais ativa, mais transparente e mais direta do Estado nessa questão junto à Cemig”, alertou.

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