Gerdau acompanha de perto a situação de clientes afetados pelo ‘tarifaço’ dos EUA

A Gerdau segue acompanhando de perto a situação dos clientes brasileiros que foram afetados pelo tarifaço dos Estados Unidos (EUA), de acordo com o CEO da siderúrgica, Gustavo Werneck. Embora não seja impactada diretamente porque não exporta para o país, já que produz localmente, a empresa teme as consequências indiretas da medida tarifária, sobretudo relacionadas ao setor de máquinas e equipamentos.
O executivo afirma que é difícil mensurar os efeitos negativos das tarifas. No entanto, diz que a companhia está atuando de forma bastante próxima dos consumidores, buscando alternativas, não apenas por meio de negociações com empresas e com o governo norte-americano, como também com o objetivo de explorar novos mercados.
“Vale lembrar que alguns segmentos da indústria brasileira são muito competitivos e conseguem competir de igual para igual com qualquer outro produtor de máquinas e equipamentos no mundo”, ressalta Werneck.
“Esse processo demanda alguns meses. Mas estamos confiantes de que encontraremos caminhos, não apenas para os clientes voltarem a exportar para os Estados Unidos, mas também para desenvolver outros mercados onde eles possam mitigar os riscos presente e futuro e as dificuldades em um mundo que passa cada vez mais por uma desglobalização e um fechamento comercial de todos os países”, salienta.
Em agosto, durante apresentação do balanço trimestral da empresa, o CEO já havia exposto a preocupação da Gerdau com uma possível redução nas vendas para clientes brasileiros em razão dos problemas que eles podem enfrentar diante do tarifaço. À época, o executivo disse que a siderúrgica estava dialogando com os consumidores para entender o cenário.
Empresa quer mais celeridade do Mdic na aplicação de defesas comerciais
Ainda que as tarifas dos EUA preocupem, as importações de aço, especialmente da China, continuam como a principal aflição da Gerdau no momento. A siderúrgica, que já demitiu mais de 1.500 colaboradores nas operações brasileiras – os cortes não incluíram Minas Gerais – e anunciou que reduzirá o nível de investimentos no Brasil devido ao nível dos desembarques, quer mais agilidade do governo federal na aplicação de defesa comercial.
Conforme Werneck, a capacidade produtiva da empresa no Brasil está adequada à demanda, entretanto, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) tem que adotar medidas que garantam que o setor tenha condições justas de competição. Ele avalia que as ações adotadas até o momento não trouxeram a isonomia necessária.
De acordo com o CEO, não cabe às siderúrgicas encontrarem soluções para o problema, pois não são especialistas nisso. Para o executivo, o Mdic, que tem sido aberto ao diálogo com as siderúrgicas, dispõe de conhecimento técnico para tal e precisa ser mais célere, porque o tempo está passando e o aço chinês já representa aproximadamente 30% da demanda interna brasileira.
Werneck conversou com a imprensa, nesta terça-feira (23), durante o lançamento de um programa de capacitação profissional voltado à construção civil, patrocinado pela empresa.
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