Lucro ajustado da Gerdau recua 48% no 1º tri com queda nas vendas de aço

Os altos volumes de aço importado da China impactaram o desempenho da Gerdau ao longo do primeiro trimestre de 2024. Apesar do lucro de R$ 1,2 bilhão, o resultado representa uma queda acentuada de 47,9% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a lucratividade da siderúrgica chegou a R$ 2,38 bilhões.
Além das importações elevadas no mercado brasileiro, o excesso de oferta de aço no mercado global resulta em um ambiente de preços internacionais desafiadores e que também impactam nos resultados. Apesar do lucro menor frente ao primeiro trimestre de 2023, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a siderúrgica registrou incremento de 70,1% no lucro.
De acordo com o diretor de Relações com Investidores da Gerdau, Rafael Japur, no Brasil, a forte entrada de aço importado, principalmente da China, provocou queda nas vendas e impactou no resultado do lucro.
“A queda do lucro frente ao primeiro trimestre de 2023 se explica, no Brasil, pela grande entrada de aço importado. Se a gente lembrar, a grande entrada de matéria importada no Brasil começou na segunda metade do ano. Então, isso derrubou de uma forma importante os volumes de vendas no mercado doméstico”.
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Vendas e receita da Gerdau também em queda
Conforme os dados da Gerdau, de janeiro a março, as vendas de aço somaram 2,7 milhões de toneladas, 8,6% a menos que em igual trimestre de 2023. Frente ao quarto trimestre do ano passado, houve uma alta de 2,6%.
Assim, mantendo o mesmo período, a receita líquida da Gerdau alcançou R$ 16,21 bilhões, uma queda de 14,1% em relação a igual trimestre do ano anterior, mas um aumento de 10,2% em comparação com os três meses anteriores.
Conforme os dados da Gerdau, o Ebitda, que representa o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização, totalizou R$ 3,48 bilhões, uma queda de 30,5% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. O Ebitda ajustado ficou em R$ 2,82 bilhões, marcando, assim, uma queda de 34,9%.
A empresa produziu 3,09 milhões de toneladas de aço bruto, um aumento de 3,4% em relação ao mesmo período do ano passado, e a taxa de utilização da capacidade aumentou para 74%, representando um aumento de dez pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.
Gerdau avalia taxação do aço importado como positiva
Diante dos resultados, o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, ressaltou que a medida do governo federal de aumentar o imposto de importação para 11 tipos de produtos de aço é essencial para o desempenho das empresas siderúrgicas que atuam no Brasil e para a manutenção dos empregos.
“A medida foi um avanço muito significativo e importante. A gente vê essa medida de defesa comercial implantada pelo governo federal como muito positiva. Esperamos por uma redução do ingresso de material importado no Brasil. Assim, a gente terá condição de produzir mais internamente. Os fechamentos de capacidade que tivemos, poderão ser revertidos à medida que a importação cair”.
Ainda segundo Werneck, a Gerdau vai acompanhar de perto os efeitos da taxação do aço importado. Caso o resultado não seja positivo para as siderúrgicas, novas ações serão cobradas.
“A gente acredita que se acontecerem novas importações, se houver crescimento da penetração de aço importado no Brasil ao longo dos próximos meses, pelo nosso relacionamento com o governo, novas medidas poderão ser adotadas”.
Mesmo esperando redução no ingresso de aço importado no mercado nacional, a Gerdau não pretende reajustar os preços.
“A gente não terá nenhum impacto de crescimento de preço nos 11 produtos que foram taxados ao longo dos próximos meses. O grande benefício que teremos, não só na Gerdau, mas no setor, é aumentar a nossa capacidade produtiva no Brasil, diminuir custo e manter empregos. A sociedade brasileira se beneficia com esses empregos, que estavam sendo trocados por empregos na China”.
Investimentos em curso
Com aportes previstos de R$ 6 bilhões em 2024, os investimentos ao longo do primeiro trimestre somaram aproximadamente R$ 858 milhões, sendo 49%
destinados à competitividade. Deste total, 63% foram para as operações no Brasil. Em Minas Gerais estão concentradas as maiores intervenções.
“Em Minas Gerais, estão os nossos principais projetos de investimentos. Um dos maiores é o investimento na nossa plataforma de mineração responsável, na unidade de Miguel Burnier. O projeto está em plena execução e deve ser completado até 2025. Boa parte dos equipamentos críticos foram recebidos e seguimos no processo de execução da obra”, explicou o diretor de Relações com Investidores da Gerdau, Rafael Japur.
Os investimentos na Usina de Ouro Branco também seguem, conforme a Gerdau. “Na usina de Ouro Branco, temos o investimento no nosso laminador de bobinas a quente, que vai aumentar em 250 mil toneladas a nossa capacidade de vendas, principalmente, para o produto de maior valor agregado no mercado doméstico. A expectativa é concluir no final desse ano agora, em 2024”.
Mesmo com os desafios de mercado, a Gerdau não suspenderá e nem adiará qualquer plano de investimento já anunciado.
“Reafirmo o nosso compromisso de continuar a investir no Brasil. Os investimentos, especialmente, nas nossas unidades de Minas Gerais – em mineração e na Usina de Ouro Branco – estão mantidos. Vamos produzir produtos de maior valor agregado para o mercado doméstico. São investimentos muito relevantes que temos feito em Minas Gerais e reafirmo que nenhum investimento será cancelado ou postergado no momento”, explicou o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck.
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