Gerdau paralisa usinas em virtude das altas importações de aço

A Gerdau paralisou parte de sua capacidade produtiva no Brasil em função do aumento substancial da importação de aço no País. De acordo com o CEO da siderúrgica gaúcha, Gustavo Werneck, a companhia tem operações paralisadas de “Norte a Sul” e 600 pessoas estão com contratos de trabalho suspensos temporariamente. Mesmo diante do cenário, as usinas da empresa em Minas Gerais, por enquanto, não foram afetadas e mantêm o ritmo de produção usual.
Werneck destacou estar muito preocupado com o layoff dos trabalhadores. Conforme o executivo, essas pessoas estão em casa e com um iminente risco de perder seus empregos caso o governo federal não tome uma medida drástica e urgente para combater a entrada de importados no País. O setor de aço, inclusive, solicitou que a tarifa de importação, atualmente em 9,6%, salvo algumas exceções, salte para 25%, percentual adotado por Estados Unidos, México e Europa.
“O contexto da paralisação de algumas de nossas plantas vem de toda essa entrada de produtos importados da China: aço direto, aço indireto, aço subsidiado, aço que não compete de maneira isonômica com o aço produzido aqui. Então essa inundação de aço chegando da China tem atrapalhado todo o setor de tal forma que tivemos que paralisar parte da nossa capacidade produtiva no Brasil nas unidades que temos do Ceará ao Rio Grande do Sul”, disse.
Ainda segundo o dirigente, nesse momento, Minas Gerais não tem nenhuma usina paralisada devido à relevância do Estado e sua capacidade em atender mercados estratégicos, como a América Latina. Logo, ele ressalta que a Gerdau segue com seu programa de investimentos nas operações mineiras e, em nenhuma hipótese, tem a pretensão de reduzi-lo ou cancelá-lo.
Em junho deste ano, a empresa anunciou que, entre este ano e 2026, vai aportar R$ 3,2 bilhões em uma plataforma de mineração sustentável no território mineiro. A estimativa é que a implementação do projeto crie mais de 5 mil empregos. Além disso, a companhia está estudando investir mais R$ 5 bilhões no Estado, valor que deverá ser utilizado na modernização e ampliação das unidades em Minas Gerais, no aumento do maciço florestal e na geração de energia limpa.
Prosperidade para o setor de aço a longo prazo
O CEO da Gerdau conversou com a reportagem do DIÁRIO DO COMÉRCIO durante o Congresso Aço Brasil 2023. O evento, que reuniu os principais stakeholders da indústria siderúrgica e especialistas e lideranças do cenário econômico e empresarial, foi realizado, em São Paulo, entre ontem (26) e hoje. Cerca de 500 pessoas participaram do encontro presencialmente e 200 on-line puderam acompanhar debates sobre, por exemplo, as tendências e desafios do setor.
Na ocasião, apesar de todos os problemas atuais, como a crescente importação de aço, Werneck salientou que a siderurgia talvez seja a mais próspera quando se olha a longo prazo, uma vez que a transição para a economia de baixo carbono e energética passam pelo setor. Olhando por essa perspectiva, o executivo frisou que a atividade siderúrgica é uma das mais relevantes para a humanidade e uma das mais capazes de atrair talentos e realizar o sonho das pessoas.
*o repórter viajou a São Paulo a convite do Instituto Aço Brasil
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