Economia

Gestão da Sala Minas Gerais segue indefinida

Partes envolvidas no imbróglio foram ouvidas por parlamentares na ALMG
Gestão da Sala Minas Gerais segue indefinida
Intuito da reunião era debater sobre a cessão do local à iniciativa privada ou terceiro setor | Crédito: Bruna Brandão

Segue indefinido o imbróglio envolvendo a administração da Sala Minas Gerais e das demais áreas do Centro Cultural Itamar Franco, localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte. O tema foi alvo de uma reunião extraordinária na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (16). O intuito era debater sobre a cessão do espaço à iniciativa privada ou terceiro setor, encerrando o contrato de gestão do Instituto Cultural Filarmônica (ICF). 

Na audiência, o presidente da Comissão de Cultura, deputado professor Cleiton (PV), um dos requerentes, chegou a questionar o motivo de não transferirem o controle do local à Fundação Clóvis Salgado (FCS). O parlamentar argumentou que a instituição tem escopo para administrar esse tipo de patrimônio cultural e que poderia firmar contrato com o ICF, incluindo nas cláusulas obrigações de democratização da cultura e cessão do local, em datas predefinidas, com outras orquestras.

A ideia, no entanto, está descartada. O presidente da FCS, Sérgio Rodrigo Reis, afirmou que a Fundação não tem interesse em assumir mais um ativo e não tem capacidade operacional para absorver mais nada além do que já administra. Atualmente, a entidade é responsável pela gestão de equipamentos culturais, como o Palácio das Artes, Circuito Liberdade e a CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e corpos artísticos, como a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.

Perguntas sem respostas

Convidado para a reunião, o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), Thiago Toscano, enfatizou que algumas questões do imbróglio continuam sem respostas por parte da Filarmônica. Entre elas, a razão pela qual o instituto nunca respondeu ao ofício da estatal referente à intenção ou não de renovar o termo de permissão de uso (TPU) da área. O executivo ressaltou que segue sem receber manifestação formal sobre tal interesse. 

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Por outro lado, Toscano também admitiu, na audiência, que o ICF nunca se manifestou oficialmente sobre o desejo de devolução do Centro Cultural Itamar Franco. Ele, entretanto, voltou a questionar a Filarmônica, dizendo que, no início de janeiro, eles assinaram o aditivo do contrato por apenas seis meses e com uma nova cláusula que previa a possibilidade de antecipação de rompimento do acordo, por decisão da estatal, em caso de sucesso na tratativa com o setor privado.

Filarmônica explica custos da instituição

Já o diretor-presidente da Filarmônica, Diomar Silveira, aproveitou a ocasião para explicar os custos da instituição, outro ponto de debate entre os envolvidos, e para onde vai o lucro do instituto. Conforme ele, o ICF tem uma despesa anual de R$ 4,5 milhões com contratos de limpeza, segurança, IPTU e manutenção de elevadores, valor custeado pelo próprio instituto, através de patrocínios, captações, vendas de assinaturas e ingressos avulsos. 

“Todo o dinheiro arrecadado é investido na própria Filarmônica”, disse. “E como esse trabalho é realizado? Por um contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que paga os salários dos músicos e funcionários. Toda a programação artística mais os custos de manutenção da sala são cobertos por captações que fazemos no setor privado”, completou.

Grupo de trabalho entre os envolvidos e ofício para o tombamento da Sala Minas Gerais

Por meio de requerimento, os parlamentares vão solicitar à Secult a formação de um grupo de trabalho com representantes da sociedade civil, do Conselho Estadual de Política Cultural (Consec), da Comissão de Cultura da ALMG, do ICF e da Codemge. A ideia é analisar e elaborar um plano de sustentabilidade do uso da Sala Minas Gerais e do Centro Cultural Itamar Franco.

E a deputada Lohanna (PV) encaminhará um ofício para garantir que o Estado proceda com o tombamento da Sala Minas Gerais. Ela já formalizou dois projetos de leis (PLs) que tratam de tornar de relevante interesse cultural a Sala Minas Gerais e a Filarmônica.

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