Greve dos Correios: sindicato em Minas adere à paralisação; entenda
A greve dos trabalhadores dos Correios já afeta Minas Gerais após aprovação unânime da paralisação por tempo indeterminado em assembleia realizada na terça-feira (16). A decisão foi tomada pela base do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e Telégrafos e Similares de Minas Gerais (Sintect-MG) e ocorre em meio ao impasse nas negociações salariais e de benefícios entre a categoria e a estatal.
Segundo o diretor do Sintect-MG, Leonan Flôres, existem dois outros sindicatos dos funcionários dos Correios em Minas Gerais que ainda não aderiram à paralisação: o Sintect-URA, dos trabalhadores da região de Uberlândia e Uberaba, e o Sintect-JFA, dos trabalhadores da região de Juiz de Fora. Portanto, a greve não abarca todo o Estado e ainda não é possível fazer um balanço de quantas unidades dos Correios estão fechadas.
O ato em Minas integra um movimento nacional que, até o momento, envolve 12 sindicatos em nove estados, entre eles São Paulo e Rio de Janeiro. Outros 24 sindicatos permanecem em estado de greve, com indicativo de ampliação da mobilização a partir do dia 23. Os Correios informaram que as agências seguem abertas e a adesão é parcial e localizada. A estatal também afirma ter adotado medidas contingenciais para manter os serviços essenciais.
Entenda os motivos para a greve
No caso de Minas Gerais, o Sintect-MG informou que a greve é motivada pela ausência de acordo coletivo desde 1º de agosto, pela falta de proposta de recomposição inflacionária e por tentativas de retirada de direitos. Entre os pontos citados pelo sindicato estão a possível exclusão do plano de saúde, a negação de reajuste salarial e do pagamento retroativo do vale-alimentação, além da falta de propostas concretas apresentadas pela empresa durante as mediações no Tribunal Superior do Trabalho (TST).
O impasse levou os Correios a acionarem o TST na última quinta-feira (11), em meio a dificuldades financeiras e à tentativa de flexibilizar cláusulas do acordo coletivo que garantem benefícios acima do previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Embora sejam empregados públicos, os trabalhadores da estatal são regidos pela CLT. Atualmente, o acordo coletivo prevê, entre outros pontos, gratificação ampliada nas férias e pagamento de hora extra tripla aos fins de semana e feriados.
Na quarta-feira (17), o vice-presidente do TST, ministro Caputo Bastos, informou que uma proposta foi construída em audiência com a empresa e as entidades sindicais. O despacho determina que a íntegra do texto seja divulgada por federações e sindicatos em até 24 horas e submetida à votação em assembleias-gerais extraordinárias. Caso aprovada, a assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho está prevista para 26 de dezembro deste ano, em Brasília.
Entre os principais pontos da proposta estão a renovação de 79 cláusulas do acordo coletivo, reajuste salarial de 5,13% a partir de janeiro de 2026, com pagamento retroativo a abril, aplicação integral do INPC a partir de agosto de 2026 e vigência do acordo por dois anos. Também há previsão de mudanças graduais em regras sobre ponto por exceção e horas extras.
Para o secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), Emerson Marinho, a greve reflete a insatisfação com a forma como a administração da estatal tem conduzido o enfrentamento da crise financeira. Segundo ele, parte dos sindicatos decidiu antecipar a paralisação para sinalizar o descontentamento ao governo federal.
Em nota específica sobre Minas Gerais, o Sintect-MG atribui a responsabilidade pela greve à direção da empresa e afirma que a mobilização busca defender o acordo coletivo, os direitos da categoria e a manutenção do serviço postal público.
* Com informações da Folhapress
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