Embargo da China após confirmação de gripe aviária afeta exportações de US$ 140 milhões em MG

A suspensão por 60 dias das importações de proteína de frango brasileira por parte da China e da União Europeia – após a confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, impactará Minas Gerais. A China é o principal destino da produção estadual. Somente em 2024, as vendas de carne de frango para o país asiático alcançaram US$ 140 milhões, de uma receita total gerada com a venda do produto de US$ 488 milhões. O Brasil era o único entre os grandes produtores mundiais livre da doença em granjas comerciais.
Conforme nota do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a suspensão das compras por parte da China e da União Europeia aconteceu após a detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), conhecida como gripe aviária, em matrizeiro de aves comerciais ocorreu na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
A suspensão dos embarques em nível nacional acontece devido a uma cláusula contratual que prevê a suspensão automática das negociações de carne de frango quando identificado qualquer caso de gripe aviária junto a alguns parceiros. O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, destacou que esse é o primeiro caso de gripe aviária identificado em uma granja comercial brasileira.
“É importante dizer que esse vírus circula no mundo desde 2006. O Brasil foi o último país entre os grandes produtores de carne de frango do mundo a ter a contaminação em granjas comerciais. O nosso sistema é muito robusto, é muito eficiente. Há dois anos, em maio de 2023, nós tivemos o primeiro caso no Brasil em aves silvestres. E, ainda assim, conseguimos segurar dois anos sem entrar em granjas comerciais. Em nenhum lugar do mundo aconteceu isso”.
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Propriedade onde foi identificado caso de gripe aviária está isolada
Ainda conforme Fávaro, a unidade produtiva já está isolada e toda a região passa pelo processo de higienização sanitária. Além disso, os parceiros comerciais do País foram comunicados e a expectativa é resolver o problema rapidamente.
“Diante da confirmação, anunciamos para os nossos parceiros do mundo todo, decretamos estado de emergência zoosanitária por 60 dias e, com a robustez do sistema brasileiro, eu tenho certeza de que a gente rapidamente vai voltar ao status de normalidade”, explicou o ministro.
Principal destino da carne de frango mineira é a China
A suspensão dos embarques de carne de frango para a China e para a União Europeia irá afetar as exportações de Minas Gerais. Conforme os dados disponíveis no site da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em 2024, as exportações mineiras de carne de frango registraram um recorde de US$ 488 milhões, com a venda de 208 mil toneladas para 86 países. Desta forma, houve um incremento de 32,9% em faturamento e de 9,47% em volume embarcado.
O aumento resultou da demanda asiática crescente, com os embarques sendo predominantemente de produto in natura, representando quase a totalidade do volume exportado.
Os Emirados Árabes são o segundo maior comprador, com uma receita de US$ 90 milhões e a aquisição de 131 mil toneladas de carne de frango. O Kuwait ficou em terceiro lugar, com a aquisição de 5,6 mil toneladas e um faturamento de US$ 2,5 milhões.
Minas Gerais, alinhada à tendência nacional de aquecimento do mercado da carne de frango, obteve participação expressiva, respondendo por 8% do plantel nacional de galináceos e ocupando a quinta posição entre os estados com maior efetivo.
Mapa adota medidas para conter gripe aviária
Conforme o Mapa, assim que o caso de gripe aviária foi identificado, foram iniciadas as medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência e que visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população.
Na nota, o Mapa ressaltou que também está realizando a comunicação oficial aos entes das cadeias produtivas envolvidas, à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), aos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, bem como aos parceiros comerciais do Brasil. O Serviço Veterinário Brasileiro vem sendo treinado e equipado para o enfrentamento dessa doença desde a primeira década dos anos 2000.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em nota, explicou que a entidade e a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV) estão apoiando o Mapa e a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul no processo.
“Todas as medidas necessárias para o contingenciamento da situação foram rapidamente adotadas, e a situação está sob controle e monitoramento dos órgãos governamentais. Ao mesmo tempo, as entidades confiam na rapidez das tratativas que serão adotadas pelo Ministério e pela Secretaria em todos os níveis, de tal forma que qualquer efeito decorrente da situação seja solucionado no menor prazo possível”.
Não há risco de consumo
Por fim, a ABPA e a ASGAV lembram que a situação em questão – assim como qualquer outra ocorrência da enfermidade em aves – não representa qualquer risco ao consumidor final.
Por questões de alinhamento setorial, a Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig) e a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) não comentaram sobre o assunto, adotando o posicionamento somente a ABPA e o Mapa.
O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) foi procurado para falar sobre os protocolos aplicados em Minas Gerais para evitar casos da doença, porém até o fechamento da matéria, não respondeu.
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