Economia

Grupo Stellantis vai rever metas e processos de descarbonização

Iniciativa é parte do plano global Dare Forward 2030
Grupo Stellantis vai rever metas e processos de descarbonização
Nos próximos oito anos, 20% dos veículos da Fiat deverão ser eletrificados | Crédito: Leo Lara/Studio Cerri

Faz parte da estratégia de eficiência energética do grupo Stellantis, que engloba a Fiat, com planta industrial em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a revisão de processos e metas de descarbonização junto aos fornecedores e linhas de montagem. Das mineradoras que extraem o minério que é utilizado na fabricação do aço utilizado nos veículos às empresas que fazem a logística de distribuição, todos terão metas a cumprir a partir de 2030, se quiserem se manter como parceiros da montadora.

A meta integra o plano estratégico Dare Forward 2030. O plano global do grupo, que além da Fiat, conta com outras 15 marcas, estabelece o compromisso de uma cobertura de 100% da frota elétrica na Europa e 50% nos Estados Unidos até esta data. Para o Brasil, a meta é menor: ter 20% da frota da companhia eletrificada nos próximos oito anos. Tudo isso em vistas de uma descarbonização completa de todo o ciclo até 2038, com uma redução de 50% já em 2030.

Dessa maneira, as exigências recairão também sobre o Cinturão de Fornecedores da planta mineira – a principal do Grupo no Brasil. De acordo com o diretor de Compliance de Produto da Stellantis para a América do Sul, João Irineu, do maior ao menor peso sobre as emissões, todos serão envolvidos no processo.

Segundo ele, as metas brasileiras são menores, devido às características de matriz energética renovável. Mas, de toda maneira, o processo precisa ser sustentável sob os pontos de vista ambiental, social e econômico. E não inclui apenas os veículos, mas toda a cadeia de valor envolvida no ciclo de produção. Começa no desenvolvimento de produtos mais eficientes em termos de gás carbônico e na cadeia de fornecedores, passa pela manufatura mais eficiente, pelo produto, pela rede de concessionários e pelo usuário. Além disso, ao fim do ciclo do produto, outro se abre, com a remanufatura, reúso e reciclagem.

“No que se refere à descarbonização do processo, 45% da redução está relacionada a ações e tecnologias no produto, enquanto 55% a ações na cadeia, seja na manufatura, supply chain, logística ou infraestrutura”, explica.

Por isso, os esforços em vistas de uma mobilidade sustentável da Stellantis incluem o desenvolvimento de soluções em produtos e serviços em eficiência energética, redução de emissões, eletrificação, direção autônoma, carros mais tecnológicos e conectados com plataformas de conteúdo e e-commerce.

“O carro tem aproximadamente 4 mil componentes. Cerca de 70% das emissões da etapa de montagem estão concentradas em aço, alumínio e alguns materiais plásticos. Daí a necessidade de trabalharmos em todas essas frentes. Trabalhamos para que o processo da mineração seja verde, para que o processo da confecção da matéria prima seja renovável e utilize materiais igualmente renováveis e refilados para que no desmonte do carro, o processo de reutilização e reciclagem seja possível. O plano teve início em 2021 e as primeiras metas estão estabelecidas até 2030”, reforça.

João Irineu: as metas brasileiras são menores, devido às características de matriz energética renovável | Crédito: Leo Lara/Studio Cerri

Stellantis trabalha com múltipla matriz energética

Mas os esforços não param por aí. A Stellantis trabalha com o conceito de múltipla matriz energética, aproveitando as vantagens competitivas regionais para tornar a propulsão mais limpa e eficiente. No Brasil, o etanol é um forte aliado na redução das emissões de gás carbônico. Sua combinação com a eletrificação pode ser uma alternativa competitiva de transição para a difusão da eletrificação a preços acessíveis, além da capacidade de a empresa atingir as metas de emissões.

Neste sentido, João Irineu detalha que, quando considerado o conceito well-to-wheel (que engloba a produção do campo à roda), o etanol é altamente eficiente quanto às emissões, porque a cana-de-açúcar em seu ciclo de desenvolvimento vegetal absorve de 70% a 80% do CO2 liberado na produção e queima do etanol combustível. “O etanol é uma vantagem estratégica do Brasil para uma propulsão mais limpa”, reforça.

Já o Gerente de e-Mobiçity & Cross Car na América do Sul, Wagner Andrade, lembra que a estratégia de eletrificação da Stellantis transforma o próprio modelo de negócio, bem como a cadeia de valor, com a introdução de novos componentes, como sistemas de propulsão elétricos, baterias e novas plataformas de veículos, que permitirão a multiplicação da tecnologia embarcada.

Assim, a montadora criou a unidade de negócios e-Mobility para iniciar o mapeamento e desenvolvimento de um ecossistema de parcerias, buscando um novo conceito de mobilidade sustentável, focado em simplificar a vida dos consumidores que escolherem usar veículos eletrificados nos seus deslocamentos. Esses parceiros estão sendo desenvolvidos em várias frentes para prover soluções e inovações. “Já temos 288 parceiros mapeados, 23 com projetos iniciados e oito parcerias concluídas”, detalha.

Mobilidade sustentável e tecnologia

A mobilidade sustentável é o objetivo final do planejamento e das operações da Stellantis que envolvem, antes de tudo, as mudanças do comportamento do consumidor. Neste movimento, a mobilidade se transforma, assim como se torna cada vez mais digital. É o que explica o Gerente de Inovação da Stellantis na América do Sul, Gustavo Delgado. “A digitalização está transformando a experiência do cliente. Os usuários estão altamente conectados e isso vai ditar as soluções do mercado. São pagamentos móveis, conteúdo digital, transporte e entrega de alimentos. É neste cenário que a Stellantis desenha a nova compreensão da mobilidade urbana”, afirma.

O CIO e líder de Transformação Digital da Stellantis na América do Sul, André Souza Ferreira, completa que a empresa trabalha na busca de instrumentos tecnológicos capazes de agregar valor aos produtos e aos clientes. E que o advento da Cloud potencializou ainda mais a digitalização. Tudo isso tem contribuído também para os esforços de descarbonização e eletrificação da companhia.

Ele ressalta que somente com uso de chips e softwares nos veículos cerca de 25 quilos de cabos são eliminados. “Todo esse processo de virtualização elimina o físico, o que obviamente contribui para a descarbonização”, resume.

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