Guedes defende a desoneração da mão de obra

Brasília – O ministro da Economia, Paulo Guedes, apontou ontem que o governo brasileiro precisa criar condições para que haja uma maior abertura de postos de trabalho na atividade econômica, e voltou a mencionar a desoneração da mão de obra como uma das possíveis soluções.
Guedes, que participou de Fórum da Cadeia de Abastecimento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), também afirmou que o governo precisa apoiar tanto o abastecimento, como também a compra pela pequena agricultura familiar, sob o lado da produção alimentícia.
“E, para isso, é preciso ter mão de obra barata. O Brasil tem uma arma de destruição em massa de empregos, que são os encargos sociais e trabalhistas, nós precisamos atacar isso”, afirmou o ministro em sua participação remota.
Ele também classificou o governo como uma “equipe muito unida”, que trabalha para tentar manter a cadeia produtiva funcionando.
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Desafios -Em sua participação em painel, Guedes ainda elegeu a rastreabilidade, sanidade e combate ao desperdício como os principais desafios que o país terá de enfrentar para tornar-se “celeiro do mundo”, sob o aspecto da produção e exportação de produtos alimentícios.
“Não pode o celeiro do mundo ser o país onde há fome. Do nosso lado, temos que fazer políticas sociais que permitam que os mais frágeis e vulneráveis sejam incorporados na cadeia produtiva ou amparados socialmente, mas de qualquer forma notamos desperdício no Brasil não só desde a produção, mas até chegar ao nosso supermercado e até chegar às nossas mesas.»
Guedes também afirmou que os marcos regulatórios que o governo quer modernizar, passando por ferrovias à cabotagem, serão responsáveis por permitirem ao país tornar-se “celeiro do mundo”. “Nós precisamos transportar todo esse excesso de produção, que teremos, para os países mais distantes.”
Programas sociais – Falando previamente no mesmo evento, o ministro da Cidadania, João Roma, também afirmou que o governo apresentará, “em um curto intervalo de tempo”, um fortalecimento de seus programas sociais, que têm contribuído no enfrentamento à pandemia da Covid-19 e no aquecimento da atividade econômica.
“Visamos, inclusive, nesse novo programa social fortalecer esse quesito da aquisição de alimentos, mas também na produção e efetiva distribuição de alimentos de forma capilar”, detalhou Roma.
Já Guedes, em suas falas, também pontuou que o País já possui a matriz energética “mais limpa do mundo”, mas, para mantê-la, faz-se necessária a rastreabilidade, garantindo a checagem da sanidade e a preservação do que classificou como “universo verde” sob o aspecto da produção.
“Eu adicionaria energia e infraestrutura como necessidades econômicas, também, para que seja possível aumentar essa produção e, ao mesmo tempo, aumentar o escoamento do campo para as cidades”, complementou.
O ministro também destacou que, em meio à pandemia da Covid-19, a agricultura “preservou os sinais vitais” da economia doméstica, ressaltando a exportação para países asiáticos, com crescimento de 40%, principalmente para a China.
“Você vê que nós precisamos, realmente, dessa infraestrutura e de toda essa capacidade logística de levar nossa produção para o resto do mundo. Sofremos um impacto relativamente pequeno dessa quebra de cadeias produtivas globais durante a pandemia porque a nossa vantagem comparativa estava na agricultura”, disse, destacando que o País estava pouco integrado industrialmente.
Bolsonaro faz apelo por manutenção de preços
Rio – O presidente Jair Bolsonaro fez um apelo ontem a empresários do setor de alimentos para que não aumentem preços em meio a um ambiente de inflação mais “agressiva”, um dia depois de mais uma elevação na taxa básica de juros pelo Banco Central.
No encontro que reuniu no Rio de Janeiro dezenas de empresários de diversos setores como supermercados, indústria, hotéis, comércio e outros, Bolsonaro manifestou preocupação com a alta de preços e os impactos sobre o orçamento dos mais pobres.
“Faço apelo aos senhores: a política nefasta do fique em casa estamos sentindo o reflexo agora, uma inflação que se fez mais agressiva junto aos que consomem produtos de primeira necessidade… a gente apela, fazemos um pedido, sei que alguns já fazem algo parecido, nos ajudem a conter o preço daquilo que é básico para os mais pobres para que possamos sobreviver a essa pandemia, que se Deus quiser está chegando ao seu fim de modo que não abale a economia”, disse o presidente sob aplausos em um almoço a portas fechadas em um hotel na zona oeste do Rio de Janeiro, segundo áudio do discurso ao qual a Reuters teve acesso.
Na quarta-feira (16), para tentar conter a inflação , o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevou a taxa Selic em 0,75 ponto percentual para 4,25%, e indicou uma nova elevação na próxima reunião.
A inflação medida pelo IPCA acumulada em 12 meses até junho foi de 8,06% e vai se distanciando do teto da meta de 5,25% para 2021.
Também participaram do evento organizado pelo movimento Rio Mais Produtivo políticos como os senadores Flávio Bolsonaro (Patriota) e Romário (PL), o governador Cláudio Castro (PL), o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, entre outros.
Sem dar maiores detalhes, Bolsonaro disse aos empresários que tem conversado com a ministra da agricultura, Teresa Cristina, sobre o impacto do milho, uma commodity global , sobre os derivados do produto no mercado interno.
“A inflação de alimentos ocorreu no mundo todo que passou a consumir mais durante a pandemia, mas temos que vencer essa etapa. Estamos tomando providências junto ao ministério da Teresa Cristina, da Agricultura, quando aumenta o preço do milho isso impacta na cadeia produtiva por exemplo de ovos e aves e não podemos tirar isso da mesa do povo“, disse.
Bolsonaro deixou o local sem falar com a imprensa. (Reuters)
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