Economia

Hidrogênio verde tem R$ 245 milhões em investimentos em Minas

Em Minas, dois projetos somam aportes de R$ 245 milhões, aponta levantamento da CNI
Hidrogênio verde tem R$ 245 milhões em investimentos em Minas
Foto: Reprodução Freepik

A aprovação da lei do marco legal do hidrogênio de baixo carbono (Lei 14.948) em nível federal e a Lei Estadual nº 24.940, que estabelece objetivos para a Política Estadual do Hidrogênio de Baixo Carbono e Hidrogênio Verde, se configuraram como um marco para a indústria mineira já que reforça o comprometimento do Estado e do País com a descarbonização da economia.

Em Minas, de acordo com o estudo Hidrogênio Sustentável: Perspectivas para o Desenvolvimento e Potencial para a Indústria Brasileira realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), há dois projetos anunciados de hidrogênio, que somam R$ 245 milhões de investimentos. Sendo eles: o Centro do Hidrogênio Verde – CH2V, em Itajubá, no Sul de Minas, com aporte de R$ 201 milhões e o da Companhia Siderúrgica Nacional, em Arcos, na região Centro-Oeste, com inversões de R$ 44 milhões. Em todo o Brasil, são mais de 20 projetos que totalizam R$ 188,7 bilhões.

“São projetos distribuídos, principalmente, na região Nordeste, voltados mais para a exportação. Todo o hidrogênio sustentável procura identificar e mapear as políticas públicas que vão promover a utilização desse combustível. Então, ele procura identificar esses potenciais para que a gente possa avançar como um dos grandes produtores de hidrogênio, seja para consumo interno, seja para exportação”, afirmou o superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo.

De acordo com ele, o hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis ou de fontes fósseis associadas à captura e estocagem do dióxido de carbono (CO2) tem sido visto como uma estratégia para a descarbonização de alguns segmentos e ressalta a importância da produção de hidrogênio de baixo carbono de forma descentralizada no País para que o desenvolvimento da indústria nacional também atenda a demanda interna.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


“Em Minas, setores que precisam trabalhar com o calor, com altas temperaturas como a indústria do aço, as mineradoras e as siderúrgicas são um exemplo de indústrias que podem ser atendidas pelo hidrogênio e participar da transição energética”, comentou. 

Entretanto, pontua alguns desafios ainda evidentes como a distribuição, o custo de produção, a dependência externa e a capacitação de profissionais para atuarem na área. De acordo com o superintendente, o Brasil tem vantagens competitivas: uma matriz energética e elétrica limpa, grande disponibilidade de energias renováveis como a eólica, solar, biomassa, é o segundo maior produtor de biocombustíveis do mundo e possui grande disponibilidade de água, mas precisa superar alguns entraves.

“Todos esses são insumos muito importantes para a produção do hidrogênio. Mas claro que a gente precisa trabalhar questões relacionadas ao custo do Brasil, como o marco regulatório, a redução da burocracia, regras mais claras, segurança jurídica para que a gente possa transformar as vantagens comparativas em competitividade para a indústria regional e nacional e colocar o Brasil num patamar mais elevado, quando se fala de hidrogênio de baixo carbono”, afirmou. Para ele, os desafios são os mesmos independente se o destino é a exportação ou o mercado interno.

Na mira da produção própria de fertilizantes

A amônia é o produto químico com maior demanda industrial de hidrogênio. Em 2021, a produção global dela alcançou 190 megatoneladas, consumindo cerca de 34 megatoneladas de hidrogênio, conforme dados da Agência Internacional de Energia (IEA).

No Brasil, a produção de amônia utiliza aproximadamente 145 mil toneladas de hidrogênio por ano. Esse composto é essencial para a agropecuária e para a segurança alimentar global, pois 70% da produção de amônia é destinada à fabricação de fertilizantes nitrogenados.

Como o Brasil ainda importa grandes quantidades de fertilizantes nitrogenados, desenvolver a produção interna de amônia, especialmente por meio do impulso ao mercado de hidrogênio de baixo carbono, pode representar uma oportunidade para o País equilibrar a balança comercial dessa commodity e alinhar-se com as metas do Plano Nacional de Fertilizantes 2050.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas