Hotéis da Capital têm pior ocupação em 10 anos

As primeiras restrições de circulação e o cancelamento de eventos, que começaram a ocorrer no Brasil, em março de 2020, foram apenas a ponta do iceberg da crise que se instalaria na cadeia do turismo de todo o País. O setor hoteleiro do Estado, que já não vivia seus melhores momentos nos últimos anos, amargou perdas ainda maiores. Apenas em Belo Horizonte, onde as medidas de isolamento social foram mais duras, a taxa de ocupação ficou em 32,65%, o pior desempenho dos últimos dez anos.
E não para por aí. Com uma retração de 52% ou de 29 pontos percentuais em relação ao ano anterior, quando a ocupação média ficou em 62,27%, os hotéis não tiveram outra saída senão cortar gastos e demitir. Assim, cerca de 60% da mão de obra do setor foi dispensada ainda em 2020.
Quem conta é a diretora da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), Pollyana Mendes. “Fechamos esse balanço com muita tristeza. Chegamos a ter 40% da cadeia de hotéis fechada durante a pandemia em Minas Gerais. Agora vivemos outro momento de restrições e alguns hotéis certamente fecharão as portas de vez”, lamentou.
Pollyana Mendes se refere à chamada segunda onda que assola alguns países, inclusive o Brasil. Para a diretora, a situação agora é ainda pior, pois os incentivos do governo federal foram encerrados no fim do ano passado e nos âmbitos estadual e municipal não houve nenhuma ajuda.
“O setor está totalmente à margem. Em 2021 só dependemos da vacina e de um alívio na pandemia. Porque não teremos incentivos do governo. Nem mesmo o municipal como parcelamento do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) ou uma alíquota diferenciada. Nada. Precisávamos de um olhar mais focado do setor público”, alertou.
Em relação à Receita de Hospedagem por apartamentos disponíveis (REVPar), a média anual de 2020 também foi a pior da década, ficando em R$ 71,38. A queda foi de 56% frente ao ano anterior.
Conforme a Abih-MG, a rede hoteleira de Belo Horizonte possui 57.409 apartamentos disponíveis para reservas. Apenas nos dez primeiros dias de 2021, o índice de ocupação na cidade ficou em 32% – abaixo do esperado para o período. Mas o desempenho mensal deve ser ainda pior, pois com o novo fechamento da Capital a demanda de turistas deve despencar.
Segundo o presidente da entidade, Guilherme Sanson, apesar dos hotéis serem considerados serviços essenciais, a medida da prefeitura coíbe o turismo local e acarreta fortes reflexos negativos no setor.
Em 2020 nem metade dos apartamentos da cidade foram ocupados (19.762). Em dezembro, a taxa de ocupação dos hotéis ficou em 39,53%, seguido pelo baixo índice de novembro (41,17%). Além disso, os meses com o pior desempenho em relação à taxa de ocupação foram maio (taxa de ocupação em 14,73%), abril (16,51%) e junho (18,52%), período marcado pelo início da pandemia e fechamento da Capital.
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