IA contribui para consumidores superarem desconfiança na Black Friday

O comércio varejista aposta no uso da inteligência artificial (IA) para superar a desconfiança dos consumidores no período da Black Friday. A ferramenta pode contribuir para a aquisição de dados sobre os clientes e para o aumento das vendas mas, muitas pessoas ainda se sentem vulneráveis com o uso da tecnologia.
Uma pesquisa realizada pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de Minas Gerais (FCDL-MG) aponta que 97,9% dos consumidores mineiros utilizam algum tipo de ferramenta de IA no dia a dia. A maioria dos entrevistados (92,3%) afirma já ter interagido com algum sistema automatizado em lojas físicas ou on-line.
O economista da FCDL-MG Vinícius Carlos Silva relata que muitas empresas estão investindo em IA e reforçando todo o ecossistema de interação com o consumidor para impulsionar os resultados. “O lojista pode automatizar seu sistema para vender mais. A IA funciona 24 horas por dia, diferente do meio exclusivamente físico, que opera durante o horário comercial”, diz.
Ele destaca que a inteligência artificial não espera que o usuário escolha um determinado produto, ela já está fazendo sugestões com base em informações e sistemas integrados de dados. Tudo isso já está causando impactos positivos tanto para os comerciantes quanto para os consumidores.
Entre os respondentes do estudo, 60,3% afirmam já ter comprado algum produto ou serviço por influência dos mecanismos de IA. Quanto à questão envolvendo o atendimento ao cliente, 87,2% avaliam que esse tipo de ferramenta pode melhorar o serviço oferecido.
Para Silva, quem aposta na implementação da IA em suas operações sai na frente dos concorrentes. Ele ressalta que essa ferramenta pode colaborar por meio de processos preditivos, antecipando alguns comportamentos de compra dos clientes e suas preferências.
Uso da inteligência artificial na criação de campanhas

A economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG) Fernanda Gonçalves pontua que, além de prever comportamentos, a IA também pode ajudar na criação de campanhas mais eficientes e personalizadas para a jornada de consumo do cliente. Para potencializar essa ferramenta, é necessário alimentá-la com dados sobre o consumidor final.
“Estou falando de negócios que já estão mais desenvolvidos, com dados mais estruturados ao longo do tempo. Com tudo isso, aí sim é possível contar com a ajuda da IA para aumentar as vendas”, pontua.
Ela relata que os consumidores estão utilizando cada vez mais ferramentas on-line para pesquisar preços antes de datas como a Black Friday. As pessoas estão usando diversos meios para encontrar a melhor oferta, como sites de busca e funções de IA que ajudem a realizar uma boa compra.
Os sistemas de inteligência artificial também podem ser adotados na divulgação dos produtos via redes sociais, por exemplo, como o chatbox, além de outras ferramentas que podem tornar determinado produto mais atrativo para os consumidores.
“A inteligência artificial é um diferencial que pode ser usado nas redes sociais para divulgação e oferecer uma experiência mais profissional por meio de diversos recursos”, diz Fernanda Gonçalves.
A IA está cada vez mais acessível para os pequenos e médios comerciantes, podendo contribuir em áreas que vão além das vendas como na gestão da distribuição. O economista da FCDL-MG acrescenta que o uso desse mecanismo pode reduzir os custos e acelerar as vendas dos varejistas.
No entanto, o cenário atual tem exigido mais cautela por parte de muitos empresários quanto a adoção de novas tecnologias nas operações. De acordo com Silva, a alta dos juros, o encarecimento do crédito e a questão política do Brasil têm influenciado essa postura mais conservadora por parte dos comerciantes mineiros. “Essa cautela é potencializada na IA, já que tudo que é novo exige muito aprendizado”, acrescenta.
A maioria (71,8%) dos consumidores avalia de forma positiva a interação com a inteligência artificial no varejo. Outros 17,9% se mostraram indiferentes e 10,3% afirmam ser algo negativo. Além disso, 82,1% dos entrevistados preferem receber sugestões de produtos de humanos, contra 17,9% que optam pela IA.
Desafios para a implementação da IA no varejo

O cenário da Black Friday para 2025 é de otimismo, mas com alta exigência do consumidor. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) projeta que a data movimente cerca de R$ 13 bilhões. Porém, o crescimento ambicioso depende de um fator crítico: a credibilidade. O consumidor brasileiro está mais racional e menos tolerante à chamada “Black Fraude”.
Uma pesquisa feita pela Locaweb revela que 86% dos consumidores apontam a transparência sobre preços e condições como o fator mais relevante para a decisão de compra. A Black Friday deste ano não será apenas uma batalha de preços, mas também um teste de maturidade digital e transparência para o varejo brasileiro.
Vinícius Carlos Silva ressalta que essa interação com a inteligência artificial também pode gerar alguns riscos para o consumidor final. Ele relata que o número de vítimas de fraudes digitais aumentou em 2025. O levantamento da FCDL-MG mostra que 66,7% dos respondentes relatam se sentir vulneráveis quanto ao uso de IA, contra 33,3% que se sentem seguros.
No entanto, o economista pontua que a ferramenta também pode ser utilizada para a proteção dos consumidores, por meio da verificação da autenticidade do preço, do vendedor e do produto que está sendo comprado. “Felizmente, o sistema está muito seguro, mas a ação de algumas pessoas de má fé penalizam um pouco essa vulnerabilidade”, completa.
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