Inflação da RMBH fica acima da média nacional em 2024; veja o que mais subiu

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) subiu 0,25% no mês de dezembro, em relação a novembro. Com o resultado, a inflação na RMBH fechou o ano de 2024 com alta de 5,96% em 12 meses, como mostram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (10).
O IPCA da RMBH foi inferior à inflação média do País, que registrou alta de 0,52%. Por outro lado, o desempenho mensurado nos últimos 12 meses, foi superior à inflação acumulada no Brasil, que foi da ordem de 4,83%. Neste caso, a variação positiva da região metropolitana foi a segunda maior entre as 16 áreas pesquisadas pelo instituto.
O grupo de Alimentação e Bebidas registrou a maior alta percentual no IPCA da RMBH em 2024. O aumento de 8,09% é representado, sobretudo, pela inflação registrada ao longo do ano nos itens que lideraram as maiores elevações de preços na RMBH entre todos os produtos pesquisados.
Saiba quais são eles:
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- laranja lima (91,03%),
- laranja pera (47,34%)
- e café moído (46,88%).
Óleo de soja (37,94%), costela (30,78%), músculo (29,37%) e acém (27,15%) vieram em seguida. Das 20 maiores elevações de preços registradas na RMBH em 2024, 16 são de subitens do grupo de alimentação e bebidas.
IBGE: outros impactos no IPCA na RMBH
O IBGE detectou elevações em todos os grupos que compõem o IPCA na RMBH. Depois do grupo dos Alimentos, as maiores variações em 2024 foram em Educação (6,94%) e Despesas Pessoais (6,76%).
Veja quais os outros conjuntos que ajudaram a elevar a inflação na RMBH no ano:
- Saúde e cuidados pessoais (6,31%)
- Habitação (5,74%)
- Transportes (4,97%)
- Comunicação (3,59%)
- Vestuário (3,15%)
- Artigos de residência (2,07%)
Em 2024, os preços da energia elétrica e aluguel residencial, do ônibus urbano e da gasolina na região metropolitana subiram bem acima do restante do País e contribuíram para a diferença do índice belo-horizontino em relação ao indicador nacional.
Inflação da RMBH deve convergir ao IPCA nacional
O coordenador do IPCA na RMBH do IBGE, Venâncio da Mata, aponta diferenças importantes entre a inflação de alguns serviços e produtos para que o custo de vida da região metropolitana destoasse da média brasileira. O custo da energia elétrica residencial em Belo Horizonte aumentou 6,2% em 2024, enquanto no País houve leve queda de 0,4%.
“É uma diferença considerável, que com certeza ajudou bastante a impactar para essa divergência”, avalia. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) reajustou as tarifas em maio do ano passado. A alta foi de 6,7%, em média, para os consumidores da concessionária.
O preço do ônibus urbano também obteve diferença expressiva em relação ao IPCA nacional. Enquanto o custo deste transporte aumentou 0,3% no País em 2024, na RMBH a alta foi de 15,9%. “Tivemos diferença interessante nas carnes, aluguel, energia elétrica, ônibus urbano – talvez o principal motivo – e gasolina, aumento quase 50% maior. Esse foram os principais destaques que provocaram essa diferença”, afirma Venâncio da Mata.
No ano passado, o custo da gasolina subiu 14,09% na RMBH. O aumento foi superior ao registrado em média no Brasil, de 9,7%. O aluguel residencial belo-horizontino, com alta de 6,4% em 2024, também subiu bem acima da média nacional, de 3,5%.
O economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Carlos Silva, aponta uma diferença na dinâmica da composição dos preços administrados na RMBH.
As tarifas de ônibus e energia elétrica, por exemplo, contam com reajustes em épocas diferentes do que em outras regiões do País. Já a cadeia produtiva dos combustíveis é mais onerosa no Estado, que não conta com exploração de petróleo. E o mercado de aluguel é impactado pela política de uso do solo, que limita o número de residências e diminui a oferta.
Ele explica que o IPCA da RMBH surpreendeu ao projetado no início de 2024, mas já ao longo do ano passado, pelo comportamento dos preços, era possível observar que a inflação da região metropolitana fecharia o ano acima da brasileira. A tendência é uma convergência para o indicador nacional nos próximos meses.
“Esse descasamento de preços estava muito associado aos combustíveis, energia elétrica e alimentos e bebidas. Começamos a observar uma convergência agora, o que estava impactando a região metropolitana impactou o Brasil, e o efeito aqui, que começou primeiro, acaba se dissipando e equaliza entre os índices de preços entre Minas e o Brasil”, analisa.
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