IBGE aponta crescimento de 1,6% no comércio de Minas em 2025
O comércio mineiro registrou alta de 1,6% de janeiro a outubro de 2025. Os resultados são ligeiramente melhores que a média nacional, que foi de 1,5% no mesmo período. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada na quinta-feira (11).
Se levar em conta apenas a variação entre os meses, o levantamento mostra que Minas Gerais teve crescimento de 0,1% em outubro, abaixo do brasileiro, que apresentou um avanço de 0,5% em comparação com o mesmo intervalo de 2024.
Entre os segmentos pesquisados pelo IBGE, o de hipermercados e supermercados é o que tem o maior peso no resultado e vem impedindo um crescimento maior do comércio em Minas Gerais. Em outubro, as vendas dos supermercados recuaram 1,5% na comparação com igual intervalo do ano passado. No acumulado dos dez primeiros meses deste ano, o segmento atingiu um incremento de apenas 0,7% em relação ao mesmo período de 2024.
A diminuição nas vendas do setor pode ter como grande influência a taxa básica de juros, que atualmente está em 15% ao ano, maior valor desde julho de 2006.
“Pode estar atrelado a questão das taxas de juros altos, que faz com que os consumidores fiquem com dificuldade de acessar o crédito, o que dificulta renegociar as dívidas. Muitos utilizam o cartão de crédito para realizar compras essenciais e acabam tendo um poder menor de compra devido a essa taxa de juros altos”, afirma a economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Fernanda Gonçalves.
A taxa Selic alta reduz o consumo e faz com que segmentos posterguem possíveis investimentos, buscando condições mais favoráveis. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão ligado ao Banco Central (BC), realizada nesta semana, foi definida a manutenção da taxa.
O cenário acaba podendo afetar as finanças de uma pessoa que tenha por hábito parcelar as compras em supermercados, exemplificou a economista, apontado que pode ser necessário pagar duas parcelas em um único mês, o que compromete o poder de acesso ao crédito e que também afeta o volume de vendas do setor.
Já o setor de móveis e eletrodomésticos, que tem um impacto considerável no levantamento, não vem com números positivos, nem no acumulado do ano, nem em comparação entre os meses deste ano e do último.
“Em Minas Gerais, performou menos 6,8% neste mês em relação ao (do ano) anterior, enquanto o nacional teve 1%. Quase 7 pontos percentuais de diferença”, aponta a economista.
Setores que cresceram
A venda de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos se destacou ao longo do ano, estimulados principalmente pelas datas comemorativas, pontuou Fernanda Gonçalves. A venda de perfumes e produtos de beleza, itens que costumam ser usados para presentear amigos e parentes, contribuiu para o bom desempenho do segmento.
O setor registrou crescimento de 6,2% no acumulado do ano, aponta o levantamento do IBGE. Já na comparação entre outubro deste ano e o mesmo mês de 2024, o resultado mostrou uma variação ainda mais acentuada, com 14%.
Artigos de uso pessoal e doméstico, que conta com uma enorme variedade de itens, como utensílios domésticos, decoração, até itens de segurança, hotelaria e itens de plástico, também registraram bons números, com crescimento de 5,5% no período.
“Essas datas comemorativas promovem esse aquecimento e acaba influenciando principalmente nesses setores. A perfumaria impacta porque tem a questão de dar presente, que acaba influenciando o comerciante a vender mais produtos, e faz uma espécie de item específico da data e movimenta o setor”, diz Fernanda Gonçalves.
Já o setor de tecidos, vestuário e calçados, apesar de ter tido uma queda de 4,1% em comparação entre os meses de outubro, vem, no acumulado do ano, tendo números positivos, com uma variação de 1,7%.
Apesar de menos impactante para o comércio mineiro, a venda de material de escritório e informática apresentou uma queda considerável em todos os cenários. No acumulado do ano, o setor teve queda de 42,3%, conforme apontam os dados do IBGE, o pior resultado em Minas. Em comparação entre outubro deste ano e o do ano passado, a queda nas vendas chegou a 32,1%.
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