Economia

Ibovespa fecha em alta com Vale e Petrobras apesar de inflação elevada nos EUA

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,72%, a 128.725,88 pontos
Ibovespa fecha em alta com Vale e Petrobras apesar de inflação elevada nos EUA
Painel de cotações na B3 em São Paulo | Foto: Amanda Perobelli/Reuters

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, orbitando os 129 mil pontos, em desempenho puxado pelo forte ganho das ações da Vale e endossado pelo avanço dos papéis da Petrobras, enquanto Braskem disparou em meio a expectativas envolvendo uma mudança no controle da petroquímica.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,72%, a 128.725,88 pontos, acumulando na semana, mais curta em razão do Carnaval, acréscimo de 0,55%. Na máxima do dia, chegou a 129.069,14 pontos. Na mínima, marcou 127.652,73 pontos.

O volume financeiro somou R$ 23,3 bilhões, em sessão ainda marcada pelo vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista.

O pregão brasileiro relevou os novos dados de inflação mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos, desta vez ao produtor, que sustentaram a alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano. O Treasury de 10 ano marcava 4,2851% no final da tarde, de 4,24% na véspera. Na máxima, chegou a 4,33%. O S&P 500, umas das referências do mercado acionário dos EUA, entretanto, caiu 0,48%.

“Na nossa avaliação, essa alta (do Ibovespa) pode ser em razão de uma exaustão do movimento de baixa dessas últimas semanas”, afirmou o analista Luis Novaes, da Terra Investimentos, acrescentando que as cotações caíram bem e a bolsa ainda se encontra em um patamar descontado.

“Apesar de a perspectiva de juros (nos EUA) não ser positiva como no final do ano, há espaço para compra”, disse Novaes, referindo-se às expectativas no último trimestre de 2023 de que o Federal Reserve poderia começar a cortar em março. Agora, após novos dados, as apostas apontam maio ou junho.

Até a véspera, o Ibovespa acumulava um declínio de quase 5% no ano, enquanto o S&P 500 somava uma alta de 5,5%.

Na visão do economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, os mercados se apressaram a precificar um cenário extremamente favorável, de desinflação com crescimento e ciclo agressivo de cortes de juros.

“O Federal Reserve manteve uma postura mais cautelosa; mas seus erros de comunicação dificultaram a transmissão dessa mensagem de cautela. Agora parece que, finalmente, os mercados estão convergindo a uma visão mais realista, na qual ainda não é possível declarar vitória sobre a inflação”, acrescentou.

Destaques

  • VALE ON subiu 3,31%, a R$ 67,68, tendo de pano de fundo noticiário sobre reunião do conselho de administração da mineradora envolvendo o controle da companhia, sem um desfecho. Fontes ouvidas pela Reuters afirmaram que os membros do colegiado estão divididos sobre renovar ou não o mandato de CEO de Eduardo Bartolomeo, após o governo ter demonstrado insatisfação com os rumos da mineradora e ter dado sinais de que buscaria influenciar na escolha de um novo executivo. Também no radar estão a retomada do mercado chinês na próxima semana, após feriado de vários dias naquele país, e a divulgação dos resultados da Vale na quinta-feira.
  • PETROBRAS PN avançou 0,92%, a R$ 42,69, renovando máximas históricas, encontrando apoio nos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou com elevação de 0,74%.
  • BRASKEM PNA disparou 10,32%, a R$ 19,25, em meio ao fluxo de notícias relacionados a uma esperada venda da participação da Novonor, antiga Odebrecht, na petroquímica. De acordo com reportagens na mídia, o CEO da Petrobras se reuniu com o CEO da Adnoc e a Braskem foi um dos temas abordados. Uma reportagem do Valor Econômico também relatou que os processos de “due diligence” que correm em paralelo na Braskem, um conduzido pela Adnoc e outro pela Petrobras, avançaram e devem ser concluídos em duas ou três semanas. Com isso, o processo de venda da Braskem pode ir para uma nova fase, segundo fontes do jornal.
  • COGNA ON avançou 2,11%, a R$ 2,42, em dia de alta de modo geral para o setor de educação na bolsa, após o governo federal lançar nesta sexta-feira o “Fies Social”, programa que busca garantir condições especiais de acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil por estudantes com renda familiar per capita de até meio salário-mínimo e inscritos no Cadastro Único. Para analistas do Citi, que veem um impulso mais ousado em direção a um “Novo Fies” como o principal risco de alta no curto prazo para as ações de ensino superior, a resolução “de hoje pode sugerir que novas mudanças podem estar nas cartas no curto prazo”.
  • TIM ON cedeu 3,81%, a R$ 17,40, no segundo pregão seguido de ajustes negativos, após um começo de mês mais positivo, tendo avançado 6% até o último dia 14, contra uma queda de 0,57% do Ibovespa no mesmo período. No setor, TELEFÔNICA BRASIL ON, que reporta resultados na próxima semana, perdeu 2,54%, a R$ 52,66, após valorizar-se 6,1% nos oito primeiros pregões do mês.
  • ITAÚ UNIBANCO PN fechou em queda de 0,12%, a R$ 34,54, e BRADESCO PN subiu 0,37%, a R$ 13,48, em dia misto para os bancos do Ibovespa. SANTANDER BRASIL UNIT foi destaque positivo, fechando em alta de 2,04%, apoiado por relatório de analistas do Bank of America elevando a recomendação dos papéis para “neutra” e o preço-alvo de R$ 29,00 para R$ 32,00. BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,84%, a R$ 57,87, e BTG PACTUAL UNIT caiu 0,82%, a R$ 36,42.
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