Ibovespa tem leve queda com realização de lucros

São Paulo – O Ibovespa fechou com queda discreta na segunda-feira (7), reflexo de realização de lucros, após voltar superar os 114 mil pontos nesta sessão pela primeira vez desde fevereiro, na esteira de cinco semanas seguidas de valorização.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,14%, a 113.589,77 pontos, tendo tocado 114.531,04 pontos na máxima da sessão e 112.629,18 pontos no pior momento. O volume financeiro somou R$ 30 bilhões.
A queda teve como pano de fundo a fraqueza dos norte-americanos S&P 500 e Dow Jones, bem como o recuo dos preços do petróleo, e vem após o Ibovespa acumular elevação de 21% na maior série de ganhos semanais no ano.
Novos ruídos envolvendo o cenário fiscal brasileiro também foram citados por operadores como argumento para as vendas na bolsa brasileira, após sinais considerados mais positivos em relação às contas públicas na semana passada.
Antes do fechamento, porém, o Ministério da Economia publicou nota reiterando ser contra qualquer proposta que trate da flexibilização do teto de gastos, mesmo que temporária, o que ajudou a tirar o Ibovespa das mínimas.
Na visão de operador e líder de renda variável da BlueTrade, Patrick Johnston de Oliveira, expectativas atreladas a vacinas contra a Covid-19 e a uma recuperação mais rápida das economias têm apoiado bolsas no mundo.
No Brasil, acrescentou, apesar de o Ibovespa estar cada dia mais perto da máxima histórica registrada em janeiro, ainda está bastante distante do recorde em dólar.
“Isso pode ainda impulsionar o Ibovespa a fechar mais pregões em alta seguindo essa tendência até o final deste mês”, afirmou, ponderando que eventos atrelados ao Brexit e às relações EUA/China podem ter reflexos na bolsa brasileira.
Dólar – O dólar fechou estável contra o real na segunda-feira (7), conforme uma onda de compras perto do fim da sessão tirou a moeda da rota de mínimas em quase seis meses, com o mercado adotando postura mais defensiva em meio a receios de ordem fiscal.
A puxada do mercado no fim da tarde foi motivada por leituras de que o texto da PEC Emergencial, cujo relator é o senador Márcio Bittar (MDB-AC), permitiria que a despesa financiada com receita desvinculada fique fora do teto de gastos por um ano, conforme informado pela Broadcast, citando fontes. “É contabilidade criativa”, resumiu um profissional do mercado.
Além disso, o senador Márcio Bittar negou que seu relatório previsse que despesa financiada com receita desvinculada fique fora do teto de gastos por um ano.
Com isso, o dólar futuro, que havia resistido e se mantinha em queda de cerca de 0,5%, passou a cair em torno de 1%. Por volta de 17h41, o contrato cedia 0,68%, a R$ 5,1205, longe da mínima de pouco antes do fechamento (perto de R$ 5,08) e da menor taxa do dia (R$ 5,0575).
Apesar do recente otimismo com vacinas contra a Covid-19 e a recuperação global, analistas têm destacado que o ponto frágil do mercado brasileiro segue no campo fiscal.
O Société Générale, por exemplo, ainda aposta que o dólar baterá 6 reais, com pressão cambial advinda de expectativa de deterioração nos cenários fiscal e de dívida, além de projetada desaceleração no crescimento econômico brasileiro e de cenário de juros baixos.
O Société calcula que o dólar fechará o primeiro trimestre de 2021 em R$ 5,7. Ao fim dos trimestres seguintes, a moeda ficará em R$ 5,6, R$ 5,7 e R$ 5,8, respectivamente. (Reuters)
Inflação deve ficar acima do centro da meta
São Paulo – O mercado passou a ver a inflação para este ano acima do centro da meta do governo, ao mesmo tempo em que voltou a melhorar o cenário para a economia tanto em 2020 quanto em 2021, de acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central na segunda-feira (7).
O levantamento semanal apontou que a expectativa para a alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu agora a 4,21% este ano, de 3,54% na semana anterior. Para 2021, entretanto, a conta caiu a 3,34%, de 3,47%.
O centro da meta oficial de 2020 é de 4% e, de 2021, de 3,75%, ambos com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A revisão veio na esteira de forte aumento na alta esperada para os preços administrados este ano, calculada agora em 2,33%, ante 0,81% na pesquisa anterior. Para 2021 a expectativa de inflação dos preços administrados caiu a 4,27%, de 4,80%.
Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de contração em 2020 foi melhorada a 4,40%, de uma queda de 4,50% esperada antes, na quinta semana de melhora. Para 2021 os especialistas consultados preveem crescimento de 3,50%, contra 3,45% na semana anterior.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que a taxa básica de juros deve ser mantida na mínima histórica de 2% na reunião de política monetária desta semana do BC, a última do ano. Para 2021 permanece a expectativa de juros básicos a 3%.
O Top 5, grupo dos que mais acertam as previsões, também vê a Selic a 2,0% neste ano, mas aumentou a perspectiva para o fim de 2021 a 3,13% na mediana das projeções, de 2,50%. (Reuters)
Ouça a rádio de Minas